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Yêdda Pinheiro Borzacov

Euro Tourinho, o intérprete do nosso jornalismo


Euro Tourinho, tendo à esquerda sua nora, a professora doutora, Berenice Tourinho e à direita, eu, Yêdda, no dia 29 de junho de 2019 – Comemoração dos meus 80 anos. - Gente de Opinião
Euro Tourinho, tendo à esquerda sua nora, a professora doutora, Berenice Tourinho e à direita, eu, Yêdda, no dia 29 de junho de 2019 – Comemoração dos meus 80 anos.

O perfil de um homem vai se cinzelando no decorrer dos anos e a poeira do tempo, como procede inexoravelmente, a história, vai laminando as reputações. Assim surge e emerge, sem os antagonismos que o homem tem em vida, o seu retrato definitivo. Escrevo sobre o jornalista Euro Tourinho, que partiu para o Mundo Maior dia 25 de novembro, homem de extraordinária personalidade, de onde transbordava a esperança, a alegria e a boa vontade. Acentuo considerar importante, na vida de um homem, a sua capacidade de evolução, a não permanência em quadros fechados, a necessidade de acompanhar a transformação do pensamento do mundo. Essa evolução mostrava a juventude espiritual de Euro que se conservava jovem também, porque também aprendeu aquilo que melhor significa na vida: o dom de cativar amigos.

O privilégio de tantos anos de amizade com Euro Tourinho, me dá razões de todas as ordens que mais que justificam, tornar-se imperativa essa crônica – em homenagem ao seu trabalho no jornalismo de Rondônia.

Foi incontestável sua enorme contribuição na conquista da liberdade de imprensa e ao desenvolvimento cultural do nosso estado. Lembro-me que, em 1981, um grupo de servidores públicos idealista e cheio de esperança, constituído pela geógrafa Alda Marrocos, a advogada e pedagoga Hilda Saraiva, a minha eficiente e fiel secretária, à época, Francisca Souza Reis e eu, iniciou uma campanha comunitária objetivando a criação de um Centro de Documentação e Pesquisa. E foi o jornal o “Alto Madeira”, leia-se Euro Tourinho, o patrocinador do belo cartaz e de toda a divulgação. A campanha obteve êxito tão grande que extrapolou a comunidade rondoniense, chegando a outras Unidades da Federação. Nasceu, assim, o Centro de Documentação e Pesquisa, com o objetivo de guardar a memória de Rondônia e que se encontra atualmente no antigo prédio do palácio Presidente Vargas.

A despeito de se expressar com precisão – jornalismo bom e sadio –, sabia explorar os encantos do idioma. Em suas construções literárias ressaltavam a espontaneidade, a concisão, as sínteses, as antíteses, as interrogações, em meio à disciplina das ideias e ao tom irônico de seus libelos. Era dos que prezava a boa linguagem.

Tudo nele era dele, forma e pensamento.

Dominava a matéria que versava os temas que agitavam e não se perdia nas exposições. Era claro, objetivo, metódico, sistematizador. Tinha a seriedade – virtude, entre nós – de não se deixar desviar do assunto. Enfrentava-o e o estudava densamente. Não decepcionava o leitor.

Euro Tourinho integra com os saudosos Ary de Macedo, Enos Eduardo Lins, Carlos Augusto Mendonça, Ordelo Beleza Serpa, Teobaldo Viana, Clidenor Moreira Jorge, Robeto Uchoa, Petrônio Gonçalves que também se encontram no “Mundo Maior”, Paulo Queiroz, Nelson Castro, João Tavares, Aluísio Pimenta e alguns outros, o grupo de intérpretes luminares do jornalismo de Rondônia, analistas da caminhada rondoniense em segmentos diversos.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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