Quarta-feira, 16 de março de 2011 - 06h02
EMMANOEL GOMES
emmanoelmardulce@hotmail.com
A educação brasileira precisa passar por uma revolução, essa afirmação é bastante conhecida de todas as pessoas que tratam deste tema, é repetida por teóricos das mais variadas áreas, se concordamos com essa premissa e acredito que a maioria das pessoas envolvidas com a educação, principalmente as pessoas que atuam dentro das salas de aula acreditam. A idéia de se promover uma revolução na educação é cada dia mais urgente, porém precisamos refletir melhor o que vem a ser uma revolução.
Num sentido clássico, podemos definir essa palavra como “a transformação radical dos conceitos culturais ou científicos dominantes de uma sociedade” ou ainda, “transformação radical e violenta de uma determinada estrutura social, política e econômica”.
Quando falamos em revolução, me parece que a idéia mais comum e concreta para esse fenômeno se encontra na experiência de 1789 quando foi derrubada a monarquia absoluta na França, esse evento foi profundamente marcante para toda a história da humanidade e suas conseqüências ecoam e ecoarão pela eternidade.
Revolução é coisa séria, profunda, sem meio termo. Muitos pensadores, políticos e principalmente historiadores, utilizam mal este termo quando o utilizam em qualquer movimento social, revolução de 30, revolução de 64, ou ainda o “programa fome zero está promovendo uma revolução em nosso país”. Em absoluto, como historiador não vejo nada nestes mais de quinhentos anos de história do Brasil que possamos chamar de revolução.
Se concordarmos que a educação brasileira precisa passar por uma revolução, teremos que concordar com a idéia de que a mesma precisa passar por uma transformação radical e profunda, precisamos concordar com a idéia de que muitas coisas precisam ser modificadas do ensino básico ao ensino superior em nosso país.
Particularmente, acredito que o atual modelo educacional brasileiro seja ruim e responsável pela existência do terrível quadro social que temos. Não tenho dúvidas de que o modelo educacional existente em nosso país é o principal instrumento de manutenção da profunda desigualdade social como dos demais problemas vividos na sociedade brasileira, desde o alto nível de corrupção de governantes e governados a concentração de renda, geradoras de miséria e violência que atinge a maioria da população brasileira.
Ignorância, baixo nível educacional e cultural, analfabetismo e repetência são sintomas de um modelo educacional desconectado de uma ampla democrática e transparente política desenvolvimentista nacional.
O quadro, caótico existente, contribui perfeitamente com todos os modelos de atraso, miséria, fome e violência reinantes em nossa sociedade ao longo da história.
Ao refletir de forma realista a educação pública no Brasil, não será difícil constatar a falência do nosso modelo.
Desde os primeiros modelos utilizados pelos jesuítas no período colonial, até o modelo educacional adotado na atualidade, e ainda, a LDB, que foi elaborada durante o regime militar no ano de 1976-1977 não se coadunam com o idealismo de educação laica, libertadora, formadora de pessoas politizadas e capazes.
A atual lei de bases da educação, oferecida e elaborada pelo pensador Darci Ribeiro é até avançada, porém sua aplicabilidade é impedida por uma tradição nefasta que vê a educação brasileira como uma política de Estado qualquer, e não como algo fundamental para o crescimento, geração de riquezas e eliminação das desigualdades sociais.
A política educacional brasileira possui perspectivas e objetivos completamente desvinculados dos interesses do povo e dos trabalhadores em educação no Brasil, não atende as expectativas de crescimento cultural e econômico deste país, tanto, que existe um grande coro nacional afirmando a necessidade de uma revolução na educação em nosso país.
Pra justificarmos esta necessidade, se é que há dúvidas, podemos fazer a analise de alguns pontos que são fundamentais para compreendermos o abismo existente entre o modelo de educação que queremos e sonhamos, e o modelo de educação que concretamente temos.
O primeiro ponto que gostaria de enfocar e ao mesmo tempo acredito ser o mais importante, que nunca é refletido de forma clara e objetiva diz respeito ao fato de as disciplinas e conteúdos ensinados em nossas escolas em todos os níveis, dentro das chamadas grades curriculares estarem desconectadas de nossa realidade histórica, social, humana e política.
A maior parte dos conteúdos ensinados entre o primeiro ano escolar e o último ano do curso regular não estão relacionados com a realidade objetiva e concreta da sociedade brasileira e nem com as necessidades do nosso país, gostaria de exemplificar, citando a disciplina de história, poderia citar qualquer outra disciplina.
Em onze anos de estudos, aquilo que chamávamos de ensino primário (quatro anos), ensino ginasial (quatro anos) e ensino médio (três anos), dentro do conteúdo ministrado na disciplina de história, um percentual de mais ou menos oitenta e cinco por cento das informações repassadas aos alunos, dizem respeito ao mundo externo, ou seja, Europa, Estados Unidos da América e em menor importância África e Ásia.
Aprofundamos-nos em Crescente Fértil, mundo Grego, Romano, Idade Média Européia e Asiática, as reformas da Idade Moderna, como a Revolução Industrial, Reforma Protestante, Revolução Francesa, depois vem a História Contemporânea com o Neo-Colonialismo, Primeira e Segunda Guerra Mundial, questões ligadas ao Oriente Médio, etc.
Todos nós sabemos que estes temas são relevantes, porém acredito que o seu aprofundamento tal como ocorre em nossas escolas permite termos um aluno desconhecedor de sua própria história, literatura, geografia enfim, sua cultura nacional e regional.
Acredito que as informações estrangeiras deveriam ser ensinadas de forma mais genérica e que houvesse um aprofundamento das questões nacionais e regionais, ou seja, o inverso do atual modelo.
É interessante saber que nas escolas Européias e nos Estados Unidos existe essa inversão, onde as questões nacionais são priorizadas, nos cursos iniciais, enquanto oitenta e cinco por cento do que se ensina no Brasil diz respeito aos outros e somente vinte e cinco por cento se relaciona com sua realidade nacional, lá, nos países ricos, é exatamente o contrário, oitenta e cinco por cento do que se ensina se relaciona com sua realidade nacional enquanto os outros vinte e cinco por cento se relacionam com as realidades externas. Quem está praticando um modelo educacional mais interessante para seu povo, eles ou nós?
É incrível como nosso alunado desconhece a história de seu país, suas raízes culturais, não conhecem sua musicalidade, sua literatura, geografia, língua, biologia, mitos, lendas, contos e causos e principalmente a história de sua região.
Faça um teste com seu filho ou jovem acima dos quatorze anos, pergunte a ele em que governo as mulheres brasileiras conquistaram o direito de votar, pergunte ainda, qual a importância de personagens como: João Cândido “O Almirante Negro”, Irineu Evangelista de Souza, Lamarca, Raposo Tavares, Henrique Dias, Chiquinha Gonzaga, Raquel de Queiroz, Maria Lenque, Rui Barbosa, Olga Benário, Luiz Carlos Prestes, Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, Joaquim Silvério dos Reis, Bento Gonçalves, Castro Alves etc. Provavelmente receberemos como respostas um grande “já ouvi falar”.
Sobre nossa geografia, fauna, flora e reino mineral a coisa fica ainda pior.
Poderia citar uma série interminável de informações básicas sobre nosso país e nossa cultura que não teriam respostas.
Algumas observações precisam ser destacadas, nossos alunos não são culpados por não saberem, são na verdade vítimas de um sistema educacional que elegeu outras coisas como mais importantes, nossos alunos estão mais preocupados em aprender o inglês que o português, disciplinas como física, química e matemática aterrorizam a grande maioria dos alunos, pois não fazem parte do seu cotidiano, nada contra os professores destas áreas eles, aliás, são grandes vítimas do sistema errado de educação, que defende a tese de que todos devam aprender tudo, devemos conhecer genericamente um pouco do todo e nos especializarmos em algo, é assim nos países de primeiro mundo.
A biodiversidade Amazônica e demais características da rica e exuberante fauna e flora brasileira é completamente desconhecida por nossa juventude.
Perguntem para crianças que freqüentam as escolas primárias em Rondônia quais os animais que elas mais gostam, a resposta será algo como: elefante, leão e girafa ...
Na geografia, alunos têm que responder questões ligadas aos relevos do Oriente Médio, Ásia, África, fundo dos oceanos etc. Alunos em Rondôniavejam o absurdo, precisam saber sobre fusos horários esdrúxulos, clima de várias localidades do planeta, a altura do Monte Everest etc.
Nos países desenvolvidos, as disciplinas e seus conteúdos são oferecidos de acordo com as aptidões de cada aluno, e não empurrados de forma obrigatória como em nosso modelo de ensino onde todos devem saber tudo. Como escreveu um grande filósofo, “quem quer saber tudo, acaba por não saber nada”.
Nossa juventude, triste, desorientada e vazia, vive depressiva, parte dela, acaba por alimentar a violência e o trafico de drogas, talvez, um dos elementos que alimentam esse triste quadro seja o fato dessa juventude desconfiar que não sabe nada sobre seu mudo e suas coisas, se deslocando de sua própria realidade.
Gostaria de me ater a estes exemplos, porém poderia citar uma infinidade de bobagens que estão ensinando aos nossos filhos nas escolas brasileiras. É triste saber que não se ensina ética, moral, civismo, bons modos, aliás, passaram para nossas escolas, professores diretores donos de escolas, entre outros, que essas coisas são obrigações da família e não da escola. Ética política religião e até filosofia éembromação, não ajudam a passar no vestibular.
Nas escolas de hoje quando o aluno cola, mente, engana e desrespeita alguém, acaba sendo premiado passando de ano sem que aja qualquer punição em função das condutas reprováveis.
Outro drama é o modelo de sala de aula que temos, onde cadeira dura, lado a lado, uma na frente da outra, salas com quarenta, cinqüenta, sessenta, setenta e até oitenta alunos se espremendo. Quem dá conta de evitar as colas, fenômeno tão comum em nosso atual mundo escolar. Como é possível aprender ou ensinar em um ambiente com as características citadas.
Sabemos que os maus hábitos, quando não combatidos, tornam-se comuns. As práticas se perpetuam na vida adulta. Este quadro ajuda a responder o fato de termos uma sociedade com tantos problemas de ordem moral, ético e altos níveis de corrupção.
O aluno de hoje, em geral, não estuda fora da escola ou tão poucolê. Os professores de gramática, literatura, história e línguas, em geral são tristes testemunhas desta realidade, se as pessoas não lêem, não podem decifrar o mundo que as rodeiam.
Quando conversamos com as pessoas de gerações anteriores as nossas, sentimos uma terrível sensação de deslocamento, elas nos revelam, sempre que podem, o quanto o mundo era mais tranqüilo, seguro, ético, respeitoso, agradável, sábio e humano.
Os problemas na educação Brasileira estão em todos os níveis, apesar de ter citado uma determinada faixa etária, não tenho dúvidas de que se expandem para os demais níveis. Faculdades e Universidades também estão no caminho errado e há muito tempo. Primeiro que, há muito, deixaram de serem Universidades e Faculdades e se transformaram em escolas técnicas, as pessoas vão para as escolas superiores no Brasil para adquirirem um emprego melhor, seja na educação, saúde, setores de serviços ou para atuarem como profissionais liberais, não para se tornarem mais cultas e poderem refletir o mundo de forma livre independente construindo saberes capazes de mover a mola da ciência e do conhecimento, tão necessário, para sociedade.
Infelizmente, as Universidades e Faculdades públicas e privadas em nosso país buscam servir a uma sociedade completamente atrofiada em seus valores, sem se darem conta de que seus papéis estão equivocados, o ensino superior não tem que servir ou sustentar a sociedade, o ensino superior deveria ser capaz de se relacionar com a sociedade, pesando, politizando, produzindo um diálogo revelador de idéias novas, dissecando conceitos, revelando suas multiplicidades culturais, deveria no mínimo buscar soluções para seus problemas estruturais e sociais, que se tornaram históricos e aparentemente eternos.
Em relação ao nível superior e suas mazelas, podemos entre tantos cursos citar o mais popular deles, o curso de direito, que se proliferou violentamente sem se preocupar com a qualidade, hoje mais de oitenta por cento dos alunos aprovados nas faculdades não conseguem passar na prova da OAB.
Os problemas serão eternos enquanto não compreendermos que podemos mudá-los. Absolutamente tudo que nos rodeia pode e deve ser mudado.
Pra transformarmos as coisas, precisamos conhecê-las profundamente, a escola é o ambiente ideal para construção do conhecimento, do saber, é através da escola que construímos e aperfeiçoamos a nossa capacidade de mudar, dissecar, revelar, dialogar com as multiplicidades culturais a nossa volta.
Uma educação libertadora, como pregava Paulo Freire, seria capaz de tornar as pessoas mais humanas, menos egoístas. Mais solidárias, menos individualistas. Mais fraternas, menos invejosas. Mais honestas, menos corruptas. As pessoas odiariam menos e amariam mais.
Nossas escolas são pobres em sonhos e devaneios. Como jovens com altas cargas de energia, tornaram-se incapazes de criar? Onde está a arte nas escolas? Teatro, música, dança, poesia, cinema, aquarelas? Infelizmente não pertencem ao mundo escolar brasileiro, salvo, raríssimas exceções.
As palavras que combinam com nossas salas de aula são: depressão, angústia, vazio e medo, em substituição à palavra esperança.
Seria bom escrever coisas maravilhosas sobre a educação brasileira, é claro que aqui ou ali, aparecem coisas interessantes, mas são exceções às regras. Louvamos os heróis que contra tudo e todos fazem a diferença, inclusive, esses poucos heróis, na maioria das vezes, são os que conseguem um ou outro índice positivo nas estatísticas que medem qualidade no ensino. É uma pena que o sistema na maioria das vezes os enxergam, mas não os promovem.
Gostaria de buscar outro foco para dar continuidade às reflexões sobre o grave problema educacional brasileiro.
Queria refletir o financiamento público das escolas no Brasil. Acredito que os investimentos na educação são feitos sem se levar em questão algo fundamental, qualquer investimento, deveria ser planejado anteriormente com a comunidade afim, os trabalhadores da educação, pais e alunos.
É incrível como pessoas que não conhecem a realidade educacional brasileira decidem sobre os investimentos e projetos educacionais no nosso país. Importantes cargos em instituições públicas são ocupados por pessoas que tem como currículo o fato de ter ajudado a eleger o seu chefe.
Coisas absurdas ocorrem cotidianamente. Escolas recebem computadores sem que tenham uma biblioteca. Saiu uma matéria num jornal desses, informando, que uma escola no interior do nordeste recebeu computadores, descobriram, que na localidade não existia energia elétrica nem profissional na área de informática, resultado, alguns anos depois, tudo se perdeu.
Algumas escolas foram construídas em Rondônia e tiveram de ser fechadas. Constataram que, naquela área rural, não habitavam um número suficiente de alunos.
Escolas que no projeto eram de cimento e tijolos, foram construídas de madeira.
Alguns anos passados ocorreram denúncias de que o governo do Estado de Rondônia distribuiu milhares de apostilas de história regional, história de Rondônia com informações erradas.
Sabemos que em qualificação profissional não se investe quase nada.
Todos nós conhecemos histórias de como o dinheiro do povo é mau tratado pelos organismos públicos em nosso país. Esta prática possui uma relação íntima com todas as desgraças que tanto atinge nossa sociedade.
Rondônia, segundo uma pesquisa nacional divulgada pelas empresas vendedoras de livros, é o Estado onde menos se lê, possui menos livrarias e bibliotecas. É o Estado que menos compra livros no Brasil.
Alguns governantes adoram divulgar idéias contra a importância da formação escolar, de se freqüentar a escola, até por que boa parte deles não se preocupou em estudar.
Um dia, uma importante figura política, afirmou que ficou rico e que conhecia muitas pessoas que enriqueceram sem que precisassem ir à escola.
A relação entre educação e riqueza material é míope, pobre e negativa para o desenvolvimento cultural brasileiro, riqueza deve se relacionar com trabalho, educação com acúmulo de cultura e saber.
Governantes do Brasil, normalmente demonstram serem inimigas da arte e da cultura, em grande parte, acham que escola é tijolo, massa, pedra, madeira. Acreditam, estranhamente, que investimento cultural é reforma de praça, construção de prédio para escola de música. Para muitos, fazer cultura é colocar nome de pessoas que governaram no passado nas ruas praças e avenidas do presente.
Não investem no que é mais importante quem faz cultura é o ser humano, estranhamente, não investem nas pessoas que produzem e fazem cultura, são músicos, dançarinos, escritores, atores, artistas plásticos, cineastas, etc.
No Brasil e países com cultura semelhante artistas e um grande número de professores e produtores culturais vivem as portas da pobreza.
Em qualquer escola séria e país sério, arte se relaciona com educação. Em nosso, pobre, país de bananas, quando um estudante demonstra um talento artístico, qualquer, é intimidado. É discriminado, e esse valor, acaba se perdendo. O seu devaneio não tem a menor chance de vingar.
As escolas, no geral, não são preparadas para aproveitarem os alunos excepcionais. Aqueles que demonstram possuir grandes aptidões acabam se frustrando, por não receberem o devido incentivo.
Exemplos de corrupção, desvios e investimentos inadequados estão por todos os lados, se queremos promover uma revolução na educação, devemos investir pesadamente em uma escola nova, investir na melhor formação do trabalhador em educação, investir em um salário digno, investir em bibliotecas e aparelhamento adequado, definitivamente, investir no ser humano a peça fundamental na escola de qualidade que sonhamos e queremos.
Gostaria de mostrar que o problema da educação brasileira, não é de hoje, vem se arrastando por toda a nossa história.
No período colonial, nosso modelo educacional nasceu deformado. Foi implantado por jesuítas e outras ordens religiosas, ligadas a Igreja Católica, para destruir as culturas tradicionais locais e difundir o seu modelo particular cristão, patriarcal, secular. Foi assim até 1934.
Com Getúlio Vargas em 1934, foi instituído o ensino público primário gratuito, ainda era muito atrelado aos interesses católicos e só atendia parte das zonas urbanas. Devemos lembrar que oitenta e cinco por cento da população vivia no campo. Tempos depois, surgiram o Ginásio e o chamado ensino médio.
Todos os modelos educacionais, aplicados no Brasil, tiveram o componente de serem oferecidos a partir dos interesses externos.
Não temos, até o presente momento, um modelo educacional que seja: reflexo das indagações e angústias de nossa sociedade, nossos teóricos, professores e alunos.
Paulo Freire denunciou em seus escritos que o modelo de educação brasileiro era altamente alienante, servia e serve para manter a elite dominante nas hóstias sagradas do poder, como nos carece uma educação libertadora, politizadora e libertária.
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