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Economia - Nacional

Brasil não tem condições de crescer 5% ao ano, diz Ipea


Agência O Globo BRASÍLIA - De acordo com o estudo "Uma agenda para o crescimento econômico e a redução da pobreza", divulgado nesta segunda-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Brasil não tem condições de crescer 5% nos próximos anos, como prevê o governo, devido a problemas no setor elétrico e à baixa taxa de investimento. Segundo o Instituto, vinculado ao Ministério do Planejamento, a situação do setor elétrico já limitaria o crescimento a 4% e o investimento baixo do governo impediria crescimento de mais de 3,5%. Ainda de acordo com o levantamento do Ipea, "a tarefa do próximo governo será a de criar as condições para que, na década de 2011-2020, o país possa ter um crescimento da ordem de 4,5% a 5% ao ano". Mas, para isso, a dívida pública e os juros teriam que cair, o governo precisaria investir mais, diminuir impostos e cortar despesas. O instituto também sugere zerar o déficit nominal, ou seja, fazer com que as receitas do governo se igualem à soma das despesas, incluindo o pagamento de juros. O texto do Ipea surge na véspera da apresentação ao presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva de um pacote com medidas fiscais e tributárias preparado pela equipe econômica. O objetivo das medidas é justamente garantir crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 5% a partir de 2007. O estudo do Ipea traça cenários macroeconômicos para o Brasil de 2007 a 2018. Pelas projeções, apenas em 2017 o país cresceria 5%, desde que fizesse uma ampla lição de casa, que inclui as reformas trabalhista, previdenciária e judiciária, além de políticas de comércio exterior. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, rebateu o estudo do Ipea e disse que o Brasil tem, sim, condições de crescer 5% nos próximos anos. Com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, Mantega discutiu propostas para conter gastos e fazer a economia crescer 5% já no ano que vem. "Eles estão partindo da suposição de que não vai mudar nada. Nós estamos trabalhando, vamos fazer mudanças, vamos fazer ajustes, vamos fazer propostas de medidas que serão evidentemente aprovadas pelo presidente, algumas terão que passar pelo Congresso e a partir daí teremos condições diferentes'', disse Paulo Bernardo. INFLAÇÃO - O Ipea também propõe o aperfeiçoamento do regime de metas de inflação. "Após dois anos respeitando a meta (de inflação) de 4,5% em 2007 e 2008, o próximo governo deveria avançar gradualmente no caminho da desinflação e operar com metas ligeiramente menores em 2009 e 2010. Indo mais além, propõe-se definir como objetivo de longo prazo da política monetária uma inflação da ordem de 3% ao ano'', sugerem os economistas do Ipea. No campo fiscal, as principais premissas do Ipea são preservação da meta de superávit primário consolidado em 4,25% do PIB de 2007 a 2009, com redução suave a partir de 2010, até chegar a pouco mais de 2,0% do PIB em 2018. O Ipea também sugere a queda gradual da taxa real de juros incidente sobre a dívida pública, de 8,5% no ano que vem para 4,5% no final do período englobado na análise. O instituto indica ainda, entre outras coisas, necessidade de ajuste das despesas correntes em 0,1 ponto percentual do PIB, conforme previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2007. Se as sugestões forem adotadas, pelos cálculos do Ipea, a dívida líquida do setor público cairia de 50% do PIB em 2006 para 43% do PIB no final do próximo governo (2010) e apenas 20% do PIB no final da projeção. O Ipea defende ainda a prorrogação da Contribuição Provisória por Movimentação Financeira (CPMF), que expira no final de 2007, mas com alíquotas declinantes até um limite inferior de 0,01%, apenas com fins de fiscalização.

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