Sexta-feira, 1 de junho de 2018 - 19h13
Claudia Violante, Reuters - O dólar terminou nesta sexta-feira o maior nível de fechamento desde março de 2016, com a demissão de Pedro Parente da presidência da Petrobras impondo desconfiança aos investidores sobre a condução da economia brasileira.
O dólar avançou 0,8 por cento, a 3,7667 reais na venda, maior nível desde os 3,7937 reais de 7 de março de 2016. Na semana, a moeda subiu 2,68 por cento. O dólar futuro DOLc1 avançava 1,04 por cento.
Na máxima da sessão, a moeda foi a 3,7711 reais, justamente quando saiu a notícia de Pedro Parente deixar a gestão da principal estatal do país.
"A demissão gera dúvidas sobre a continuidade das políticas ortodoxas do governo", afirmou o economista-sênior do Banco Haitong, Flávio Serrano.
Parente decidiu deixar o cargo em meio a discussões sobre a política de preços da petroleira. Por causa da greve dos caminhoneiros, a estatal havia concordado em reduzir a frequência dos reajustes do diesel por um determinado período contanto que a União pagasse pelas perdas causadas à empresa.
Parente trouxe credibilidade à estatal, bastante arranhada após o rombo decorrente da Lava-Jato, com a implementação de política de reajustes quase que diários dos combustíveis, acompanhando os preços internacionais do petróleo.
Na abertura, a moeda subia ante o real, depois que dados mais fortes do mercado de trabalho norte-americano endossaram a força da economia do país e reforçaram as apostas de mais juros nos EUA neste ano.
Foram criadas 223 mil nos EUA vagas em maio, a taxa de desemprego ficou em 3,8 por cento e houve avanço de 0,3 por cento na renda média por hora. As expectativas em pesquisa da Reuters eram de abertura de 188 mil postos de trabalho, 3,9 por cento de taxa de desemprego e 0,2 por cento de avanço na renda.
Os operadores seguem confiantes sobre os aumentos da taxa básica em junho e setembro e vêem cerca de 36 por cento de chance de um aumento nos juros em dezembro, ante 32 por cento antes do relatório. O Fed elevou a taxa uma vez este ano até o momento, em março. Os operadores também aumentaram as apostas de novos aumentos em 2019.
Além disso, havia alguma tensão com o recrudescimento de uma guerra comercial após os Estados Unidos anunciarem tarifas de importação sobre alumínio e aço do Canadá, México e União Europeia.
"Investir em risco no atual momento não parece ser a melhor decisão, afinal os cenários externo e interno não contribuem para essa ousadia, ainda mais em uma sexta-feira de emenda de feriado, o que reduz a liquidez dos mercados no Brasil", comentou mais cedo a Advanced Corretora em relatório.
No exterior, o dólar subia ante a cesta de moedas, e operava misto ante as moedas emergentes.
Internamente, o Banco Central manteve atuação no mercado de câmbio, vendendo 15 mil novos contratos de swap cambial tradicional —equivalente à venda futura de dólares—, totalizando 750 milhões de dólares. Em maio, o BC vendeu 7,250 bilhões de dólares em novos contratos.
Também vendeu integralmente a oferta de até 8.800 contratos de swap cambial tradicional, rolando 440 milhões de dólares do total de 8,762 bilhões de dólares que vence em julho.
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