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Carta Aberta em favor de uma efetiva política de saúde de combate ao novo coronavírus


Carta Aberta em favor de uma efetiva política de saúde de combate ao novo coronavírus  - Gente de Opinião

Neste momento de pandemia que o Rondônia e o Brasil sofrem, com todas as dificuldades que a população, as empresas e os trabalhadores sofrem, na cidade e no campo, a Associação Comercial de Rondônia-ACR não pode deixar, diante do quadro epidemiológico estadual que se agrava, depois de um ano de repetição de medidas que se mostram infrutíferas, num contexto em que salta aos olhos a tomada de medidas preventivas, de acompanhamento da verdadeira dimensão e evolução da Covid-19, não podemos deixar de alertar a população e pedir que outros tipos de medidas sejam, efetivamente, tomadas para que possamos superar este período complicado de nossa história.

É preciso considerar que a falta de uma gestão competente do combate à pandemia se expressa, de forma cristalina, no superdimensionamento das notificações, na medida em que até parece que nem existem mais doenças transmissíveis como dengue, zika, chikungunya, malária, sarampo e influenza, nem doenças crônicas (diabetes, hipertensão, neoplasias etc.) ou causas externas – principais causas de morbimortalidade no Brasil e que a única forma de combater a pandemia está reduzida a um número maior de UTIs, quando se sabe que, quando ali se chega, as possibilidades de recuperação tem se mostrado muito diminutas. Duas coisas, a partir disto, ficam claras. Primeiro que qualquer morte é notificada como se fosse covid-19, e há casos que chegam até a ser escabrosos com queixas públicas de parentes de que a morte teve outras causas; segundo, que a insistência não buscar formas de tratar o vírus antes que as pessoas piorem e necessitem de hospital chega a ser até mesmo uma estratégia criminosa.

Acrescente-se que reiteradas vezes o atual secretário de saúde, quando o quadro epidemiológico fica mais grave, não pensa em rever as diretrizes de sua ação e sim, promovendo de forma irresponsável uma falsa dicotomia entre economia e saúde, insiste em responsabilizar as atividades econômicas, e o comércio em especial, como fonte do aumento das transmissões do vírus. Embora existam pesquisas que comprovem que a transmissão acaba sendo duas vezes maior nos lares que no comércio, bem como que são os encontros, as festas, inclusive as confraternizações familiares, sabidamente, os maiores disseminadores do covid-19. O que se vê é que, a partir da aplicação de uma política danosa para a saúde, também se castiga duramente o setor econômico aumentando ainda mais os graves efeitos sociais da pandemia.

Para se ter uma ideia dos efeitos nefastos da política de lockdown basta verificar que uma pesquisa recente (5ª feira, 1 de abril) mostrou que 36% dos brasileiros disseram ter passado fome ou comido menos durante a pandemia do novo coronavírus. Esta é a soma do percentual dos que dizem ter deixado de fazer refeições (7%) com o dos que passaram a comer menos do que o de costume (29%) nesse período. Os que dizem não ter passado fome ou comido menos são 61% (soma dos 17% que afirmam comer mais durante a pandemia, com os 44% que dizem ter “comido como sempre”). A pesquisa nacional PoderData foi realizada de 29 a 31 de março, com 3.500 pessoas, nas 27 unidades da Federação e mostra também que é na região Norte onde se tem o maior contingente de pessoas que passaram fome (25%).

Os efeitos sobre a renda e o emprego em Rondônia são, apesar de dados oficiais otimistas, arrasadores. Cerca de 40% dos bares e restaurantes de Porto Velho já fecharam as suas portas. Estima-se que o Produto Interno Bruto-PIB de Rondônia, a soma de todos os bens e serviços que se produz durante o ano, tenha teve, em 2020, uma queda de 4%, ou seja, os prejuízos com o fechamento, no total incluindo este ano, já ultrapassaram os R$ 2, 4 bilhões. Dados da Junta Comercial de Rondônia-JUCER apontam que, numa comparação do mesmo período em 2020 (março, abril e maio), com a pandemia, a mortalidade das empresas subiu de 1,5 para 34%. Nem todos os setores, porém, foram afetados do mesmo jeito. Por exemplo, o comércio atacadista de combustíveis teve uma queda de -56% e que  foi de 16% o fechamento de total das empresas de Porto Velho, algo como, mais de 8 mil empresas, o que representa quase 17 mil empregos a menos.

Devido aos problemas operacionais, aos custos e outros tipos de impedimentos, inclusive à falta de transparência das informações, assistimos atônitos a subida do número de casos de falências e desemprego na mesma medida que de casos e óbitos, diante do colapso da política aplicada pelo atual secretário de saúde, que só vê como solução para os problemas de saúde penalizar nossa economia.

Não temos dúvida de que as mortes causadas pelo novo coronavírus são um grande problema, porém, somente pode ser resolvido pela vacinação e uma efetiva política de acompanhamento, prevenção e isolamento dos infectados e não pelo fechamento indiscriminado que só pode ser aceito como uma confissão dolorosa de incompetência. Em razão disto, é que, por meio desta carta aberta, pedimos que o secretário de saúde seja demitido, pois, é inadmissível que, passado um ano, não reveja sua forma de atuação, bem como se adote medidas que possam, de fato, combater a disseminação do vírus e não um confinamento geral que tem apenas como efeito colateral falências de empresas, diminuição da renda, desemprego e aumento da fome da pobreza

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