Segunda-feira, 13 de setembro de 2021 - 19h55
Não há desenvolvimento econômico
sem empresas saudáveis e competitivas. Não existem empresas saudáveis e
competitivas sem o apoio dos governos, mesmo que seja em manter posição
distante do ambiente de negócios. Em economias extremamente reguladas como a
nossa, isso não é possível. Mas, espera-se que, quando intervir, os governos o
façam de maneira produtiva e estimuladora, cujo resultado seja a melhoria das
normas burocráticas e de fomento a quem queira empreender.
A criação de Distritos
Industriais nos estados e municípios é uma iniciativa do poder público, com o
objetivo de promover o desenvolvimento econômico, a partir da atração de
empresas para determinado território, em geral dotado de infraestrutura,
acompanhado de estímulos tributários e fiscais. Esta combinação, mais a oferta
de crédito são elementos suficientes para a atração de dezenas de empresas para
o local – trazendo consigo centenas ou milhares de empregos.
As eventuais renúncias fiscais,
das quais os governos abrem mão, são compensadas pela elevação do dinamismo
econômico, da geração de empregos, do aumento do consumo e, logo, do aumento de
arrecadação de impostos. Portanto, não há que se falar em “perda de receita”
para os cofres públicos.
Com esse propósito o Distrito
Industrial de Porto Velho foi criado pelo governo do estado de Rondônia.
Promover o desenvolvimento econômico, gerar empregos e oferecer espaços para
quem quisesse empreender pudesse fazê-lo com vantagens comparativas em relação
às empresas do mercado, eram as expectativas governamental.
Criado em 1991, o Distrito
Industrial de Porto Velho, é composto por 175 lotes destinados a plantas
empresariais. Destes, apenas 19 foram ocupados até o momento. Localizado na
margem direita da BR 364, a cerca de 17 quilômetros da Capital, o número de
lotes ocupados dá a dimensão do pouco que o projeto avançou nos seus objetivos
iniciais. E isto tem explicação.
Além da falta de
fiscalização das áreas cedidas a pseudo
empresários, que nunca investiram no lote e, pasmem!, ainda disputam a posse na
justiça, um dos erros mais relevantes na implantação do Distrito foi o prazo de
concessão das áreas. As empresa têm apenas 10 anos para operar no local e cuja
renovação depende de nova autorização governamental. Ora, 10 anos é pouco tempo
para uma empresa se consolidar, recuperar o capital investido e se programar
para o futuro. Além disso, nesse período mais de um governo já teria se passado
e as empresas têm que lidar com as vicissitudes e os humores do governo de
plantão. É risco elevado demais para quem pensa no futuro.
Neste caso, a solução seria
ampliar para 20 anos, sendo 10 anos iniciais, renovados por mais 10 anos,
condicionados apenas à empresa estar em atividade, sem dívidas junto ao Estado
e gerando os empregos que se propôs quando da sua instalação.
Não há desenvolvimento econômico
sem crédito, sem apoio financeiro. A ausência de linhas de créditos para quem
quer empreender no Distrito Industrial de Porto Velho ainda persiste e é uma
barreira para a sua expansão. As garantias exigidas pelos bancos ultrapassam em
muito aquelas que as empresas podem oferecer – e estas não podem dispor do
terreno para oferecer em garantia, uma vez que não têm a propriedade do mesmo.
Este limite necessita ser superado. A criação de linha de crédito específica –
o Programa de Desenvolvimento do Estado de Rondônia – PRODER parece ser uma
solução possível.
O redimensionamento dos
incentivos fiscais é outra necessidade urgente para que o Distrito avance. A
ideia de que incentivos fiscais para novas plantas empresariais é perda de
receita aos cofres públicos é um equívoco. As empresas não existem no
território, logo não há imposto a cobrar. Melhor trazê-las e começar a receber,
mesmo que em parte, do que nada ter que recolher – e, pior, nem empregos a serem gerados.
Além desses gargalos de natureza
estrutural, o distrito padece de falta de asfalto, de energia elétrica adequada
às atividades ali desenvolvidas, da ausência de linha de ônibus regular, de
zeladoria e de um mínimo de segurança às unidades empresariais lá instaladas.
Tornar o espaço um lugar
referência em desenvolvimento, em geração de empregos e de organização
produtiva tem sido a luta que a Associação do Polo Empresarial de Porto Velho –
APEP tem travado desde a sua fundação, no ano de 2016. A mudança do nome de “Distrito” para “Polo”, tem o objetivo de
atrair empreendedores dos mais variados segmentos, incluindo startup´s
tecnológicas, incubadoras de empresas, trade de logística e empresas de inovação
e de serviços.
Às margens da BR 364, o Polo
Empresarial de Porto Velho tem localização privilegiada – e 19 destemidos
empresários que, reunidos na APEP, acreditam que o desenvolvimento de Rondônia
passa por aqui.
(*) Estênio Júnior, empresário e presidente da Associação
do Polo Empresarial de Porto Velho – APEP
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