Sexta-feira, 22 de janeiro de 2021 - 10h27
Apesar das dificuldades
enfrentadas nos últimos meses pelos donos de pequenos negócios, o ano de 2020
foi marcado pela expansão do crédito bancário para as micro e pequenas empresas
brasileiras. É o que mostra a 8ª edição da Pesquisa “Financiamento dos Pequenos
Negócios no Brasil”, produzida pelo Sebrae, entre os dias 14 de setembro e 11
de novembro do ano passado. O levantamento anual, feito desde 2013, identificou
também que no segundo trimestre de 2020, período mais difícil da pandemia,
aumentou em 35% o volume de crédito concedido pelos bancos, comparado ao II
trimestre de 2019. O volume de crédito concedido passou de R$ 65 bilhões no
segundo trimestre de 2019 para R$ 87 bilhões, no mesmo período de 2020.
No entanto, esse
aumento no total de crédito concedido não foi acompanhado pelo crescimento do
número de pequenos negócios tomadores de crédito, que se manteve praticamente
estável quando se compara os dois períodos mencionados. “Observamos que
não houve um aumento no número total de pequenos negócios tomadores de crédito,
mas houve um crescimento considerável no volume de crédito e um recorde de 79%
na proporção de empréstimos tomados como Pessoa Jurídica. Sob influência da
pandemia houve, por um lado, uma mobilização do governo para oferecer programas
de crédito emergenciais e, por outro, a necessidade de crédito por parte dos
empresários diante de crise profunda”, explicou o presidente do Sebrae, Carlos
Melles.
O estudo feito pelo
Sebrae, pelo oitavo ano consecutivo, colheu informações de 1.201 empresários de
todos os 26 estados e do DF, sendo 661 donos de microempresas; 234, de empresas
de pequenos e 306 microempreendedores individuais (MEI). A pesquisa também foi
complementada por análises feitas a partir de dados fornecidos pelo Banco
Central.
Dessa forma, o Sebrae
identificou também que, entre os ramos dos pequenos negócios, a expansão do
volume do crédito foi concentrada nas Empresas de Pequeno Porte (EPP), que
ficaram com 83% das novas concessões, contra 12% das microempresas e 5% no caso
dos microempreendedores individuais (MEI). Já o número total de Pequenos
Negócios tomadores de empréstimo bancário cresceu apenas 1%, no mesmo período
de comparação. “Os dados indicam que, neste contexto, as empresas que
conseguiram crédito já possuíam um relacionamento bancário e foram favorecidas
por uma boa organização financeira”, destacou Melles.
Dificuldades
diminuíram, mas continuam elevadas
O levantamento anual do
Sebrae apontou ainda que, apesar dos obstáculos históricos para o acesso ao
financiamento dos negócios, o ano de 2020 apresentou uma queda no nível de
dificuldade na obtenção de empréstimos bancários, segundo avaliação dos
próprios empresários. Em 2019, 69% dos Pequenos Negócios encontrou dificuldade,
em 2020, 63% encontrou dificuldade. Outro dado revelado pelo Sebrae foi que,
nos últimos seis meses, mais que dobrou a demanda por empréstimo novo em bancos
por parte de donos de empreendimentos de pequeno porte. Enquanto em 2019, 18%
dos empresários tentou obter um crédito, em 2020, esse percentual foi de 38%,
sendo que os recursos foram utilizados principalmente para capital de
giro. Entre os novos empréstimos ou financiamentos tomados, 55% foram
feitos por meio do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de
Pequeno Porte (Pronampe), lançado pelo Governo Federal para responder aos
fortes impactos da crise sobre os pequenos negócios.
Os relatos de
dificuldades dos empresários junto aos bancos também caíram expressivamente,
principalmente sobre as taxas de juros (de 44% para 18%) e exigência de
garantias (de 20% para 11%). De acordo com o estudo, essa queda é sobretudo
reflexo do Pronampe e da disponibilização de novas linhas de crédito com
garantias do Sebrae, via Fampe (Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas),
entre outros fundos garantidores. Mesmo com uma melhora no cenário de crédito
bancário em 2020, o estudo do Sebrae também mostra que um dos principais
desafios para 2021 ainda é a redução da burocracia, considerada um fator
importante para facilitar a aquisição de empréstimo.
O trabalho mostra ainda
que as demais formas de financiamento, não bancários, “comuns” entre os
Pequenos Negócios, como negociar prazo com fornecedores, passar cheque
pré-datado e usar recursos de amigos e parentes, também foram bem menos
utilizados em 2020, se comparado a todos os demais anos em que a pesquisa foi
realizada.
A pesquisa também
mostrou que muitos empresários ainda desconhecem algumas alternativas
existentes para ajudar na manutenção dos negócios. É o caso da Empresa Simples
de Crédito (ESC), que é desconhecida pela grande maioria dos empresários (91%),
bem como a possibilidade de empréstimos em instituições financeiras por meio de
canais digitais. Neste caso, apenas 12% dos empresários afirmaram que já
solicitaram empréstimo por meio da Internet, seja pelo site do banco ou
aplicativo. Por outro lado, 57% disseram que sabiam da existência da
possibilidade de empréstimo via maquininha de cartão, mas apenas 2% já
solicitou essa modalidade de crédito.
Confira abaixo outros
números apresentados pela pesquisa:
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