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Retomada da economia eleva taxa de desemprego

Na última semana de junho, segundo o IBGE, mais 675 mil ficaram desempregados. Em relação ao início de maio isto representa uma alta de 26% de desocupados


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A politização do novo coronavírus no Brasil foi um desastre. Qualquer especialista em saúde e economia, que se preze, sabe muito bem que não se deve tratar um problema com uma visão unilateral e redutora. Foi o que fizeram nossos políticos ao colocar a questão sob a dualidade entre saúde e economia, como se houvesse formas de salvar vidas sem conseguir manter a sobrevivência das pessoas. O resultado estamos colhendo, agora, com o fechamento de mais de 1,4 milhão de postos de trabalho na última semana de junho e a maior procura por um emprego por quem foi demitido, que fizeram a taxa desemprego voltar a subir depois de três semanas de estabilidade. Os dados da Pnad Covid indicam que 12,4 milhões de brasileiros procuraram uma vaga no fim de junho, com a taxa de desemprego semanal subindo de 12,3% para 13,1%, no maior patamar desde maio, início da pesquisa. O número de desempregados não vinha subindo, como seria de se esperar pelo tamanho da crise do coronavírus, pela impossibilidade de se procurar trabalho.  Na metodologia do IBGE, é considerado desempregado apenas quem efetivamente procura emprego e não encontra. Quem desiste ou suspende a busca no período da pesquisa, não entra na estatística. É previsível que a alta do desemprego tenda a subir nas próximas semanas. Afinal é o comportamento esperado dos indicadores, pois como a taxa de isolamento está caindo  passam a se elevar os dados de mobilidade urbana. Portanto, mais pessoas tendem a procurar emprego sem sucesso, dado o baixo dinamismo da economia. Com isto, o mercado de trabalho ficará mais pressionado.


TAXA DE DESOCUPAÇÃO TENDE A SUBIR NOS PRÓXIMOS MESES

Considerando a 1ª semana de maio, o número de desempregados no país aumentou em cerca de 2,6 milhões de pessoas. E o número de brasileiros afastados que estão retornando às ocupações ou sendo demitidos cresce. Somente na última semana de junho, mais de 800 mil brasileiros voltaram a trabalhar ou foram dispensados. A taxa de desocupação tende a subir ainda mais tendo em vista que mais pessoas estão saindo mais para procurar emprego.  Outros fatores aceleram esta tendência, como por exemplo a diminuição do medo de contágio e o fim do auxílio emergencial e do seguro-desemprego. Com o aumento da necessidade de recursos é natural que  mais pessoas saiam de casa procurando por uma vaga. Como os auxílios são temporários, na hora em que começam a acabar, as pessoas voltam a procurar novas fontes de renda. Com a retomada da economia pessoas que não se davam ao trabalho de procura, de vez que ninguém estava contratando com a crise, voltam ao mercado de trabalho e voltam a deixar  o currículo em diversos lugares. O IBGE informou que ainda há 17,8 milhões de pessoas fora da força de trabalho que gostariam de estar no mercado, mas não procuraram emprego por causa da pandemia ou por falta de trabalho. Se incluídos entre os desocupados, pelo método desenvolvido por pesquisadores do Centro de Estudos da Metrópole (CEM), da USP,  a taxa de  “desemprego oculto pelo distanciamento social” seria de 26,8%. Segundo  Maria Lucia Viera, coordenadora da pesquisa do IBGE, a pandemia vem, cada vez mais, deixando de ser o principal motivo que as pessoas alegam para não ter procurado trabalho porque, neste momento, não veem muitas oportunidades boas. Há uma estimativas, do próprio IBGE, que mais 700 mil pequenas empresas fecharam na pandemia, o que representa uma perda de cerca de  40% dos empregos formais do país. Com menos vagas de qualidade na retomada, a saída será a informalidade, cujos rendimentos e proteção sociais são menores. Uma redução desta taxa somente será possível com a melhora da economia, porém,  se estima por uma queda do Produto Interno Bruto, soma de tudo que se produz de bens e serviços na economia em um ano, de mais de 9% em 2020. Com isto, a probabilidade é de menos  empregos e não mais nos próximos meses.


OLIGOPOLIZAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO TRAVA O CRÉDITO PARA AS EMPRESAS

Em termos de desemprego, muitos economistas acreditam, que o pior ainda está por vir, pois, o fundo do poço do desemprego ainda não chegou. Porém, o governo federal tem tido um papel relevante na manutenção de empregos. Além de ter repassado vultosos recursos para os estados e municípios também alcançou muito sucesso na manutenção deles com os recursos destinados às empresas para manter seus colaboradores e com o auxílio emergencial. No entanto, não tem conseguido tanto sucesso na questão do crédito. Mesmo tendo usado o fundo garantidor para tornar mais atrativo os empréstimos para as micros e pequenas tem encontrado na oligopolização do setor bancário uma serie restrição para o acesso facilitado ao crédito pelas empresas. Até mesmo com o governo garantindo 85% dos empréstimos o que se observa é que a concessão de crédito e a implantação dos programas com juros mais baixos é morosa ou inexistente. E criam muitos empecilhos que passam pela situação de inadimplência das empresas e até mesmo pela criação de exigências burocráticas difíceis de serem cumpridas na pandemia.

O fato é que os grandes bancos privados, com raras exceções, não tem demonstrado nenhum interesse em emprestar recursos a juros mais baixos, o que, sem dúvida, está trazendo sérios problemas de caixa e aumentando o número de falências das empresas. A alegação, que em parte é verdadeira, do aumento dos riscos, no entanto, esconde o conforto que o sistema possui de atender aos mais privilegiados e a uma política que leva em consideração, principalmente, a manutenção de elevados ganhos que o sistema vem tendo através dos tempos, mesmo nas piores crises.

 

Fonte: Usina de Ideias/ Agência Brasil

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