Quinta-feira, 23 de dezembro de 2021 - 12h27
A Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel) concluiu os primeiros estudos de engenharia reversa
em TV boxes não homologados pela Agência. Os estudos conduzidos pela Anatel,
que contaram com a colaboração de técnicos da Agência Nacional de Cinema
(Ancine) e da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA),
constataram a presença, nesses aparelhos, de malware – um software malicioso –
capaz de permitir que criminosos assumam o controle do TV box para a captura de
dados e informações dos usuários, como registros financeiros ou arquivos e
fotos que estejam armazenados em dispositivos que compartilhem a mesma rede.
Técnicos da Agência também
verificaram nos testes que durante a operação normal do TV box era realizada a
atualização do malware via botnet e que um
servidor de comando poderia operar remotamente os aplicativos instalados e
realizar ataques de negação de serviço – DoS, do inglês Denial of Service –
contra outro sistema em rede. Havendo infraestrutura que permitisse o controle
simultâneo de várias TV boxes, seria possível viabilizar ataques de negação de
serviço distribuído (DDoS – Distributed
Denial of Service), com potencial para causar prejuízos a
instituições públicas e privadas que utilizam redes de telecomunicações.
Nos testes realizados, a Anatel
utilizou equipamentos de TV box disponíveis em centros de comércio popular e
em marketplaces,
de modo a garantir que os dispositivos analisados estivessem nas mesmas
condições experimentadas pelo usuário quando adquire um equipamento desse tipo.
Os testes tiveram suporte de peritos forenses e foram realizados por técnicos
da Agência utilizando infraestrutura residencial nas mesmas condições que o
consumidor final. Esses testes ainda continuarão a ser realizados, abrangendo
outros modelos de TV box.
Equipamentos de telecomunicações
precisam de homologação da Anatel para serem comercializados e utilizados no
Brasil. O processo de avaliação da conformidade e homologação busca garantir
padrões mínimos de qualidade e segurança. Aparelhos não homologados destinados
à recepção de sinais de TV a cabo ou de vídeo sob demanda podem acessar conteúdos
protegidos por direitos autorais, o que é crime. Tanto a comercialização quanto
a utilização de produtos para telecomunicações irregulares são passíveis de
sanções administrativas que podem ir de advertência a multa.
No âmbito do Plano de Ação de
Combate à Pirataria (PACP) – criado em 2018 com o objetivo de fortalecer a
fiscalização da Agência no combate à comercialização e à utilização de
equipamentos para telecomunicações sem homologação – têm sido desenvolvidas
ações com outros órgãos da Administração Pública, como os ministérios da
Justiça e da Economia, a Receita Federal e as polícias Federal e Rodoviária
Federal. Apenas nos últimos dois anos, foram retirados do mercado mais de 3,8
milhões de produtos não homologados, com valor estimado de R$ 468,6 milhões;
desse total de aparelhos, 1,1 milhão eram TV boxes.
Acesse o Relatório
Técnico dos Estudos de engenharia reversa em TV Boxes.
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