Quarta-feira, 2 de outubro de 2013 - 11h08
Por: Altair Santos (Tatá)
Bom Dia Porto Velho, urbe amada nossa! No interstício entre sol e chuva, em meio ao calor da hora e sem nos importar com intempérie qualquer, hoje resolvemos desafiar o relógio e acordar bem cedo pra sair às ruas e te olhar, te ver, te conhecer mais, te entender, te sentir e viver-te, na juventude que margeia bem de perto o teu primeiro centenário.
Aos nossos olhos, ainda debutas como cidade e, mesmo assim, tão menina e tão moça, não és mais aquela provinciana acanhada que nos enlaçou nos idos de 60 pra 70, quando aqui aportamos, vindo lá de Calama no baixo-madeira. Hoje, veloz, rumas pro moderno igual a outras, colecionando avanços, às voltas com entraves.
A tua história escrita em tez de morenice cabocla e na fala da tua miscigenada composição étnica, detém os mais polidos versos que vão do rio ao trem, ganham os morros, sobem e descem ladeiras indo aos teus longes, nas regiões norte, sul, leste, oeste. Ah Porto Velho, eras tão pequena e calorosa! Agora, agigantada, sob a forja do indomável monstro do progresso, estás tão calorenta que nos faz “suar mais do que pano de cuscuz” (dito popular).
De uma esquina te olhamos com os muitos jeitos e hábitos, que tens e aprendeste. Do teu canto, testemunhas o passar apressado de urbanos de toda ordem, de toda raça e de todo credo, muitos dos quais habitam teus bairros, trafegam engarrafando tuas ruas e, alheios à tua história, poluem o teu ar e te sufoca, jogando contra teu peito tratos pejorativos, te ignorando como fosse a cobiçada diva da última noite, a bruxa do amanhecer!
Uns tantos te fazem tão mal que parecem somente querer-te praquele dia, praquela hora, praquele instante. És descartável e desprezível aos olhos cerrados e corações petrificados desses muitos a quem chamamos de insensíveis urbanos.
Esses nômades até de si mesmos, aventureiros das tuas minas, serras e machados das tuas matas, represas e secas dos teus rios, predadores das tuas aves e peixes, ao peso “da grana que ergue e destrói coisas belas” (trecho da música Sampa de Caetano Veloso), até te terão um dia, sem, porém, jamais alcançar-te, ver-te os olhos, conhecer-te!
Não sabem os apátridas do amor algum por ti, que se nos deste em pureza e nos permitiste banhar nas águas do igarapé bate estacas, cantar e dançar as serestas do Imperial, as manhãs de sol do Bancrévea Clube, as noites do Joá Pálace e os frenesis do Danúbio Azul.
Outrora, no carnaval, Sambamos com a Diplomatas e com o Bola Sete, com a Caiari e Dona Marize Castiel, com a Castanheira e o Capilé! Inovamos com blocos da chuva e do sol, hoje mais de trinta cordões nos levam aos milhares pro festejo de momo. Somos uma liberdade chamada Vai Quem Quer, uma banda inteira que é praticamente uma cidade toda!
Bem mais pra cá, fomos tanto ao bangalô, à roda viva! Refrigerante no saquinho é uma marca nossa, inventada aqui! São muitos os teus poetas e poetizas, são tantos os teus cantores e as tuas cantoras e, não são poucos os teus notáveis escribas.
Sob a luz do lampião, nos aceitaste e te fomos deleitados boêmios enquanto nos deste o frescor romântico do sereno sob os nossos panamás e o véu estrelado do céu como teto quando, transeuntes, pisávamos o chão orvalhado nas perfumadas redondezas da Maria Eunice, Tambaqui de Ouro e Madame Elvira, a Tartaruga.
Muitos não vibraram no Aluizão com os craques Bacú e Nazaré, dois refinados virtuoses do nosso futebol que, com os pés, faziam da bola verdadeiros poemas arredondados e que os olhos dos centros avançados do Brasil continente, infelizmente não viram.
Da varanda do Porto Velho Hotel a vimos crescer festiva, hospitaleira, promissora. De mãos dadas passeamos dando voltas, na Praça General Rondon, ao calor de namoricos e ao saboreio de rala rala com saltenha, compra e troca de revistas, matinê e cinema nos Cines Reskye e Brasil, brigas de rua com os engraxates, jogos de bola na baixa da união.
Havemos de perguntar-te: aonde vais apressada cabocla que não mais nos acompanha numa tapioca matinal no mercado e nem atendes o badalar do sino na Catedral? De certo as máquinas do avanço, que constroem muros e paredes te afogam os sentimentos e roubam o precioso tempo dum cafezinho e um dedo prosa, assim como tanto fizemos, lá no Café Santos. Entretanto a ti, do nosso recôndito de sentimento maior, tentamos fazer emergir umverso, que nos possa dizer e fazer sentir o quanto somos e temos uns pelos outros.
No teu colo mãe, fomos agraciados em poder até aqui ter vindo e rememorar os idos que registramos para, imantados em tão bela trajetória, nos enfronhar com igual sentimento e carinho na tua história atual e futura. Por estas, sem a exegese da identidade, somos uma pluralidade cidadã que se multiplica. Como sempre, ainda cabe uma cerveja ou trago na Velha Taba do Cacique e, na mesma Pinheiro Machado, quarteirões atrás, é inevitável um tour em tua noite brilhante.
No mais te queremos assim Porto Velho:porto - para ancoradouro das nossas sempre ostensivas, juvenis e renovadas esperanças e, velho - para as nossas sábias reflexões e mergulhos interiores, donde buscaremos os tradutórios que nos possam rejuvenescer nos sonhos que temos e embalamos pra nossa tão amada urbe de 99 anos. Como dito, há algum tempo, se nos fosse dado nominar esse nosso coração, muito apaixonadamente ele se chamaria Porto Velho!
tatadeportovelho@gmail.com
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