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História

A história esquecida do nascimento da TV em Porto Velho


A história esquecida do nascimento da TV em Porto Velho - Gente de Opinião
Peça histórica
Foi com um aparelho para video-tapes U-Matic semelhante a este que começou a TV Educativa de Rondônia. Canal 11, a primeira emissora da história da televisão rondoniense.
Por Nelson Townes
Porto Velho, domingo, 23 de setembro de 2007 - A TV Educativa de Rondônia, canal 11, é um capítulo fundamental da história da imprensa do Estado, mas é sempre esquecido. Quando se comemora a chegada da Era da Televisão a Rondônia fazem festa só para a TV Rondônia, como se tivesse tudo começado com ela. Na verdade, tudo começou bem antes.
A TV Rondônia é a segunda, e não a primeira emissora de TV da história rondoniense. A primeira, a pioneiríssima, foi a TV Educativa de Rondônia, canal 11, que tinha transmissor e um estúdio improvisado no salão nobre do Palácio Presidente Vargas.
Foi fundada em junho de 1974 para transmitir exclusivamente – e com um dia de atraso – vídeo-tapes da Copa do Mundo na Alemanha. Aquela Copa em que a Tri Campeã Seleção Brasileira, considerada invencível, foi inacreditavelmente trucidada.
Não pela incompetência de gorduchos como o RRRRonaldinho do Galvão Bueno e a falta de patriotirsmo dos bêbados e farrristas do Parreira, mas pela velocidade do “carrossel holandês” do técnico Rinus Mitchell e pelo gênio do lendário craque alemão Franz Beckembaeur - que superaram a Seleção Brasileira, cuja tática e estratégia se baseava num “futebol arte” antiquado e ineficaz.
A emissora de TV enviada para Porto Velho tinha autorização, portanto, para entrar no ar apenas durante os 90 minutos do jogo - e somente para exibir os vídeo-tapes do jogo, nada mais. Era uma forma de o governo federal possibilitar aos torcedores brasileiros assistir pela televisão todos os jogos da Copa do Mundo em todas as Capitais, mesmo onde não havia emissoras – como Porto Velho.
Quando um caixote contendo o transmissor – do tamanho de uma mesa comum de escritório - e a máquina de reprodução de video-tapes U-Matic (um aparelho quase do tamanho da escrivaninha, monstruoso e pesado avô dos vídeo-cassetes VHS, bisavô dos DVDs, tataravô dos pen drive) – chegou, foi levado para o saláo nobre do palácio, onde seria montada a mini e temporária emissora.
Eu, na qualidade de assessor de imprensa do governador, acompanhei o desencaixotamento daquelas máquinas, vi que havia sido enviado junto, por engano, um telecine. Que maravilha!
Vi no pequeno telecine a semente da televisão de verdade, permanente, em Porto Velho, e envolvi os outros membros da assessoria - principalmente o chefe Dilson Fernandes - e depois o próprio governador do Território na época, o coronel João Carlos Marques Henriques, numa das maiores, espetaculares, criativas e importantes iniciativas da história da imprensa de Rondônia.
O telecine, do tamanho de uma pequena câmera moderna de TV, era usado antigamente nos estúdios de TV apenas para exibição de filmes – que eram projetados diretamente sobre suas lentes. Hoje os estúdios usam computadores, os filmes são digitalizados para a transmissão.
Mas, como eu sou também fotógrafo, com algumas noções de cinema, eu sabia que o telecine poderia ser usado como uma câmera normal de TV, fazendo um simples ajuste na distância focal em suas lentes, para permitir focalizar objetos como uma máquina fotográfica, dos mais próximos ao infinito.
Só não tinha visor, mas isso foi resolvido ligando-se o telecine ao monitor de TV (que acompanhava o transmissor) e colocando-o ao seu lado. Difícil era enquadrar a imagem apontando o telecine para um lado e ajustar o enquadramento e o foco olhando para o monitor do outro lado, mas logo no primeiro dia um jovem funcionário administrativo do palácio, Argemiro dos Santos, aprendeu a manobra.
Argemiro é irmão de um então garotinho chamado Adaíldes dos Santos, o Dadá (esse mesmo, que foi chefe da assessoria de imprensa da Assembléia Legislativa) se tornou o primeiro camera-man da história da TV em Rondônia. Ele aprendeu intuitivamente coisas como “close up”, “primeiro plano”, “plano médio”, “plano universal” - e as demais técnicas de cinema que usa em TV.
Tínhamos, portanto, uma câmera e um um transmissor de mil quilowatts, capaz de irradiar som e imagem para toda a cidade (até a então Vila de Candeias). Portanto, a televisão havia chegado a Porto Velho e não iríamos nos limitar aos 90 minutos da Copa do Mundo.
Não iríamos perder a oportunidade de por no ar nossa própria cidade, nossa gente e todos os tipos de talentos que pudéssemos encontrar nas ruas, nas escolas, onde fosse. Só transmitir os VTs da Copa do Mundo? Jamé!
Então eu, Dimas Queiroz de Oliveira e Dílson Machado Fernandes, todos os que trabalhávamos na assessoria de imprensa do governo conversamos com o governador Marques Henriques, pedindo-lhe autorização para, desobedecendo a limitação imposta por Brasília para o funcionamento da emissora, nos deixar usar o telecine para transmitir programação local.
Marques Henriques, homem inteligente, culto, com grande apreço pela comunicação social, concordou. E entrou para a história da imprensa em Rondônia como o inaugurador da televisão em Rondônia.
Tudo era improvisado. O “estúdio” e um estreito balcão de madeira para sonoplastia (o controle de som do transmissor) ficavam na parte do salão nobre, contigua à ante-sala do gabinete do governador.
Eu usava um “eletrofone” Phillips, um toca-discos a pilha que havia dado pra minha noiva como um presente de aniversário, e que retomei para usar na TV. Usava o toca-discos para tocar os discos com as vinhetas, temas musicais dos programas e música incidental do tele-teatro que logo criaríamos.
O cenário do “estúdio” era feito com lençóis que afixávamos nas paredes. Cada programa tinha seu próprio lençol previamente desenhado. No outro lado do salão ficavam o transmissor e o enorme video-tape U-matic.
Era junho de 1974. A primeira imagem de rua de TV feita em Porto Velho, para experimentar o telecine convertido em câmera, foi uma tomada do edifício Rio Madeira, então em construção na época, feita da varanda do palácio. A imagem não foi irradiada, mas serviu para mostrar que nossa câmera improvisada funcionava.
A “câmera”, como doravante será chamada, estava fincada na coluna de um enorme ventilador de pé do saláo nobre, que nós, os malucos da assessoria de imprensa, serramos ao meio. Era a única coisa com rodinhas que achamos no salão nobre para encaixar a câmera e poder deslocá-la com estabilidade e firmeza de um lado para o outro. E encaixou direitinho. O resto do ventilador ficou jogado num canto.
O primeiro programa local de TV de Porto Velho ocorreria na madrugada do dia seguinte, tendo como apresentadores eu, Dimas e Dilson. Era uma suave noite de Porto Velho, como dizia o célebre locutor da rádio Caiari Luís Rivoiro, no acalanto com que encerrava a programação da rádio por volta da meia noite.
Só que não seria exatamente suave aquela inesquecível madrugada de início de junho. Fazíamos serão no palácio acabando de montar a então por nós denominada TV Educativa de Rondônia, que teria que ser sintonizada no canal 11. Para poder ir pro ar tinha que ter o nome de Educativa - já que, de qualquer forma, era uma estação de TV do governo.
O fato é que Porto Velho dormia em paz, com as janelas abertas, como de costume, pois não havia nenhum perigo nas ruas naqueles tempos. Mas, dali a pouco parte da cidade estaria acordada, de olho na TV, que entrara no ar inesperadamente, causando enorme surpresa. E que surpresa!.
Parte da cidade iria perder o sono de tanto rir, e outra de tanta raiva. O governador, por exemplo, foi um dos que (diria depois seu perplexo mordomo) vociferava como um marinheiro desbocado diante do televisor.
Para mim, nunca ficou claro se o governador estava mesmo com raiva ou se também se divertia com o primeiríssimo e mais sensacional programa ao vivo da TV rondoniense, jamais igualado. Feito por mim, pelo Dimas e pelo Dilson.
Deveriam ser perto de 1 hora da manhã. O transmissor já estava pronto para a operação de fato, o estúdio tinha sido montado – era um sofá diante de um cenário feito com lençóis da minha casa, da casa da minha noiva e da casa da Jussara Gotlieb, também membro da assessoria do governador, esticados sobre a parede, com desenhos de ruas, casas, cenas campestres etc. (feitos pela Jussara.)
O técnico mandou que fossem acesos os refletores sobre o estúdio e pediu a mim, ao Dimas e ao Dílson que nos sentássemos no sofá e conversássemos qualquer coisa, só para testar imagem e som.
Ainda perguntamos - insistentemente - ao técnico se náo havia risco de a imagem e o som serem transmitidos para fora do palácio, para a cidade. O técnico negou.
Ele mostrou uma lâmpada acesa na ponta de um bastão de ferro, junto a uma janela da sacada do prédio – a antena de transmissão – e disse que todo o sinal da TV estava circunscrito naquela lâmpada e que nada seria transmitido do palácio.
O homem garantiu que que era uma transmissão em circuito fechado, um teste interno, de estúdio. Não haveria o risco de ninguém captá-la. Mas, tínhamos receio de que algum som ou imagem vazassem, pois sempre havia alguém acordado na cidade diante de um televisor ligado, e mudando a toda hora de canal, pelo simples prazer de ver a tela chiando e “chuviscando.”
Porto Velho, naquele tempo, mesmo sem ter estação de TV, tinha telespectadores. Gente que comprava televisores a baixo preço na Zona Franca de Manaus e trazia para cá para enfeitar a sala de visitas.
O mais importamte era colocar antena externa de TV no telhado. Era símbolo de “status”. O bairro do Caiari, onde morava a elite, tinha antenas externas de TV em quase todos os nobres telhados.
A casa do governador tinha antea externa, a do comandante do 5º BEC. Ao lado, também. Assim como a maioria das casas da Vila Militar na avenida Farqhuar. E pela cidade a fora,
Eram pessoas que costumavam ligar o aparelho à noite para tentar sintonizar emissoras da Bolívia, do Peru, da Colombia. Alguns juravam que durante a noite haviam sintonizado alguma estação estrangeira e até descreviam o programa assistido. Imaginavam ver imagens no “chuvisco” da tela sem imagens.
Portanto, nós sabíamos que, apesar da hora avançada, sempre haveria alguém “navegando” em busca de sinal de TV. E não queríamos corrrer o risco de nenhum vexame, nenhuma gafe. durante o teste de transmissão. Até aquele momento, sequer sabíamos o que falar diante da câmera.
“Conversem qualquer coisa”, insistiu o técnico, ligando o transmissor e enquadrando-nos na câmera. “Ninguém verá ou ouvirá nada”. Acreditamos. E, subitamente, sem nenhuma combinação prévia, resolvemos fazer o primeiro “talk show” da história da televisão de Rondônia.
Nos três, sentados naquele sofá, começamos a falar mal de todo mundo que fosse importante, tivesse alguma fama ou de qualquer forma fosse ilustre e bem conceituado em Porto Velho. Era uma coluna social às avessas.
Escolhíamos as pessoas mais respeitáveis para dizer horrores contra elas. Falávamos das moças mais finas da sociedade – especialmente das filhinhas de papai – revelando romances secretos, paixões ocultas.
Xingávamos os políticos, as figuras do alto escalão oficial etc. Contávamos verdades e formulávamos hipóteses sobre certas riquezas. Era como se estivéssemos num campeonato de indiscrições e fofocas sobre todas as pessoas da melhor sociedade de Porto Velho.
Nunca se falou tanto sobre a vida alheia em Porto Velho como naquela madrugada. Até o governador nos criticamos. E era tempo de ditadura militar!
Falamos durante uns 20 minutos. Só paramos de falar quando o técnico, que era o camera-man percebeu que todos os telefones do gabinete do governador – ao lado do estúdio onde o tresloucado programa ocorria – estavam tocando desesperadamente.
Um deles era o próprio governador Marques Henriques telefonando. Ele estava apoplético, parecia na iminência de um infarto misturado a um ataque de fúria homicida.
“Vocês enlouqueceram? Eu estou vendo e ouvindo vocês! Eu ouvi o que vocês dissseram de mim! Quero pegar vocês um por um! Não fujam! Estou indo para aí”- berrava o governador ao telefone.
Só então percebemos que as besteiras e xingamentos que havíamos dito a cidade inteira tinha ouvido. Quem não tinha televisor correu para a casa do vizinho para ver o inacreditável programa de estréia da TV rondoniense.
Foi uma pena não termos tido a idéia (nem condições técnicas) de colocar o telefonema do governador no ar. Seria um arremate genial para o programa. Pena que naquela época não havia Prëmio Sinjor de Jornalismo.
O fato é que os telespectadores de plantão na madrugada, a procura de transmissões de TV do Exterior, e que por acaso sintonizavam o canal 11 de Porto Velho, descobriam que a emissora estava no ar falando mal de todo mundo. E os moradores - principalmente a elite do bairro do Caiari, nosso público alvo - foram acordando uns aos outros, chamando os vizinhos, telefonando.
Quando soubemos, tiramos a TV do ar instantâneamente. Mas, logo o governador chegou ao palácio, furioso, exigindo que encontrássemos uma saída para o escândalo. O castigo: religar o transmissor, voltar para o sofá, do estúdio, enfrentar de novo a câmera, saber que estávamos sendo vistos pelos que havíamos xingado.
Tivemos que dizer que era tudo brincadeira, desmentir tudo, pedir desculpas, explicar etc. Felizmente, havíamos falamos tantos absurdos que ninguém acreditou – nem mesmo quando dissemos verdades sobre algumas autoridades, políticos e assemelhados.
Claro que, de manhã, novas desculpas foram dadas pessoalmente, alguns olhares enviezados foram a nós dirigidos, muitas das moças que haviamos citado indiscretamente passaram dias sem falar conosco, mas, em pouco tempo, tudo foi completamente esquecido.
O fato de que enfim havia uma emissora de TV em Porto Velho, o fato de termos conseguido gerar um programa ao vivo aqui, embora absolutamente louco, causava uma alegria tão grande em todos que todos os que xingamos e falamos mal nos absolveram pela “travessura.”
Por via das dúvidas, para timbrar a seriedade da emissora, convidei, na qualidade de diretor de programação da TV, o arcebispo de Porto Velho na época, dom João Batista Costa, para celebrar uma missa no estúdio. Foi a primeira missa ao vivo da TV rondoniense.
E como prefixo musical oficial da abertura da programação, escolhi a mais grandiosa e cinematográfica música que pude encontrar na minha coleção de discos, a música tema do filme “Os Dez Mandamentos.”
Na hora anunciada para a TV entrar oficialmente no ar, - através dos jornais e da rádio Caiari - eu sabia que muita gente iria ficar arrepiada pela música grandiosa, com a orquestra iniciando com toques crescentes de metais e cordas até um climax de épico cinematográfico, sob o qual aparecia o logotipo da TV Educativa, Canal 11, de Porto Velho. O mar da comunicação se abria com a chegada da televisão.
A música tocava todas as vezes que a TV entrava no ar, no final da tarde. O bispo Dom João gostou tanto do canal 11 que aceitou outro convite que lhe fiz para participar de um programa com músicos locais. O bispo veio e tocou flauta, deu um show ao vivo.
Tudo era ao vivo. Não tínhamos equipamento de gravação. A máquina de vídeo-tape só reproduzia as hoje arqueológicas fitas U-Matic.
Tínhamos um tele-jornal, apresentado por Vinicius Danin; e um programa de variedades e sociedade, apresentado pelo Ciro Pinheiro, o primeiro colunista social de TV de Porto Velho.
Havia um popularíssimo programa de auditório nas noites de sábado. Era o “Osmar Vilhena Show”, que é hoje pastor evangélico e dono de uma livraria religiosa e que na época imitava Chacrinha, com buzina, relógio na barriga e comandando um time “osmaretes” selecionadas a dedo entre as mais sensuais garotas da cidade, todas com curtíssimos e deliciosos saiotes.
Era um programa tão democrático que entre os jurados que julgavam os melhores “calouros” que escapavam das buzinadas do Osmar Vilhena figurava o jornalista Inácio Mendes, arqui-inimigo político do governador Marques Henriques e que entrava no palácio tranquilamente a convite da TV.
E os calouros e a platéia? Como não havia espaço no salão nobre, os calouros ficavam concentrados diante do palácio, na praça Getúlio Vargas, olhando para a fonte luminosa no centro da pra;a, onde havíamos colocado um televisor público.
Através do televisor eles acompanhavam o programa, e quando um calouro era chamado, ele entrava no palácio pelo portão do Corpo da Guarda, no porão. E um soldado PM o acompanhava (escoltava) pelas escadarias até o estúdio no salão nobre. Subia, ou descia, um calouro de cada vez. Os soldados odiavam o programa, pois subiam e desciam as escadarias tantas vezes quantos calouros existissem. E eram dezenas.
Até na teledramaturgia fomos pioneiros. Batizei um programa de fim de noite com o nome de “O Contador de Histórias” – e um grupo teatral (com atores, direçáo e produção local) encenava todas as noites uma peça diferente – sempre ao vivo.
Depois havia sessão de cinema. Filmes de 16 milímetros (e desenhos animados de 8 milímetros) emprestados por companhias de mineração, unidades militares, moradores.
Muito mais existe para falar sobre a precaríssima e artesanal TV Educativa, canal 11, que teve tanto sucesso que o povo fez passeata diante do palácio do Governo quando soube que ela teria que sair do ar ao final da Copa do Mundo.
O governador Marques Henriques teve que viajar a Brasília para obter autorização especial do Ministério das Comunicações para que a TV improvisada continuasse funcionando em Porto Velho até a abertura, meses depois, de concorrência pública para concessão de canal comercial de TV.
Nossa permanência no ar foi a única exceção, que eu saiba, entre todas as emissoras temporárias de TV que haviam funcionado durante aquela Copa do Mundo. A TV do Acre, por exemplo, que só funcionava na hora dos jogos, saiu do ar quando a Copa acabou.
A concorrência pública para TV comercial em Porto Velho seria vencida pelo empresário Felipe Daou, de Manaus, que fundaria mais tarde, nesta Capita;, a TV Rondônia, canal 4, na época repetidora da Rede Bandeirantes de Televisão.
A TV comercial, profissional, entrava, enfim, em Porto Velho. Mas, tirou do ar a mais extensa programação local da TV rondoniense. E nós chegamos a fazer até 10 horas de programas.
Nossa sucessora, a TV Rondônia, como integrante da Rede Globo, destina atualmente apenas uma fração de seu horário para programação local jornalística.
Da aventura pioneira que, além de mim envolveu o Dílson Machado Fernandes, o Dimas Queiroz de Oliveira, a Jussara Gotlieb (nossa ilustradora, criadora de um indiozinho que era o símbolo da emissora, desenhista das charges dos políticos, das cenas de algumas notícias, dos títulos dos programas, dos cenários de estúdio e tele-teatro), a Nelze Guimarães (secretária administrativa, nossa fazedora de tudo para que as coisas desssem certo, organizadora das agendas, convites, contatos etc.), o Argemiro dos Santos, o Jorge Sarrafe dos Santos, o melhor locutor de rádio e TV que já tivemos em Rondônia - e tantos outros, aos quais peço perdão por minha falha de memória, nasceu, portanto, a televisão em Porto Velho.
Foi ainda no caminho aberto por esse pessoal que apareceram, na década de 80, a TV Nacional (hoje extinta), a TV Educativa da Secretaria da Cultura, Esportes e Turismo (iniciada pelo célebre e saudoso Padre Vítor Hugo) e chegaram as filiadas às redes SBT, Record, Bandeirantes, Redevida, Rede Norte - sem esquecer a da extinta rede Manchete.
Portanto, é uma pena que se esqueçam do Canal 11 quando se comemora o surgimento da TV aqui. Continuamos sendo um povo com muita história para contar, mas sem memória.
Aliás, muito antes de nossa aventura, houve uma experiência com televisão aqui feita pelo então padre Vitor Hugo. Foi algo mais restrito, mas importante e que oportunamente contaremos.

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