UMA ESCOLA DE JORNALISMO - O Alto Madeira não apenas registrou em 93 anos os fatos mais relevantes do atual Estado de Rondônia como abrigou (e formou) grandes jornalistas e intelectuais.
O Alto Madeira é um exemplo de bravura e de resistência ao tempo. São poucos os jornais brasileiros, e da Amazônia em especial, que podem chegar aos 94 anos com sua importância e pujança inclusive continuando a ser, para a elite política e econômica, o jornal mais influente e que, mesmo com uma circulação pequena, é leitura indispensável on-line pelo endereço eletrônico
www.altomadeira.com.br. O Alto Madeira registra a história, mas, também tem sua história. E tudo começou quando o jornal foi fundado pelo médico Joaquim Augusto Tanajura, em 1917. Ele foi o primeiro prefeito de Porto Velho, que era, na época, intendente. Tanajura foi a Manaus e comprou as primeiras máquinas e primeiras caixas de tipo. A imprensa era complicada. Para se ter uma idéia as páginas do jornal eram montadas no componedor. Cada página do jornal era feita linha por linha, letra a letra, vírgula a vírgula. Tudo era colocado sistemática e manualmente. Quando o Médico Tanajura morreu, a mulher não quis tocar o jornal e o vendeu para Inácio Castro que era um funcionário de alto escalão da Ferrovia Madeira Mamoré. Ele era ferroviário e pertencia na época a uma casta importante na cidade. Depois quando foi criado o Território ficaram duas castas, a dos ferroviários e dos funcionários do Ex-território. Porto Velho nesta época não tinha mais que 10 mil habitantes e o jornal circulava com 300 exemplares. Quem supervisionava o jornal na área era um cidadão chamado Epaminondas Correia Baraúna. Depois ainda com Inácio Castro este recebeu então a Caravana Beirões do Mato Grosso criada por Assis Chateaubriand. Composta com 18 empresários do sul, com criadores e industriais. Nesta viagem Chatô ficou entusiasmado com a região. E ele tinha a idéia de ter uma cadeia nacional, um jornal em cada capital do país. Apesar, de Porto Velho ainda não ser o que é hoje, era uma cidade pólo naquela época.
Como uma fênix rumo aos 100 anos
Foi ainda com a direção de Inácio que surgiu na redação do jornal quem seria o seu grande timoneiro e delineador da independência e da isenção que o jornal sempre demonstrou noticiando os fatos doa em que doer ao ponto de muitas pessoas afirmarem que só crêem na noticia quando “sai no Alto Madeira”. Euro era dono de um salão de sinuca e bilhar, na Rua Barão do Rio Branco. Quando tinha folga do salão ia para a redação do jornal onde se reunia com vários intelectuais da nossa região. Depois acabou sendo convidado a escrever como colaborador. Mesmo sem achar que tinha veia de jornalista cedeu. E depois, não conseguiu parar tomando gosto pela redação. Porém, jamais pensou que sua vida seria a vida num jornal. Neste ponto interveio Aluízio Ferreira, que era o manda chuva da região, e pleiteou com Getúlio Vargas para que se criasse o Território do Guaporé. Ele também teve a idéia de tomar conta do Alto Madeira. Euro não simpatizava com ele e não gostava da ideia de que estendesse seus tentáculos para dominar o Jornal, principalmente, negociando nas costas do superintendente do jornal Alto Madeira, o Baraúna com escritório em Manaus. Quando soube do esquema, denunciou ao superintendente, porque se preocupava com a perda de identidade do jornal que tinha perfil completamente independente. Era ainda somente um colaborador, mas achava que era parte do jornal como, de fato, viria a ser. Disse que estavam negociando pelas costas dele. Contou para o Baraúna que estavam negociando o jornal para um grupo político. Disse que o jornal Alto Madeira se tornaria um órgão político, não independente como era a linha editorial do jornal.. Se deixasse iriam transformar o jornal numa arma política, contra a finalidade da linha editorial do matutino, que era, exclusivamente, independente. Quando o Baraúna soube disse; “Mas como se sou eu o superintendente. Vamos resolver, isso quando for ai”. E foi o que aconteceu. Baraúna chegou: Por que fez essa denuncia? Euro explicou suas razões entre elas não foi nem comunicado, já que vivo aqui dentro e colaboro sempre com o jornal, das mudanças que queriam patrocinar, além, de não achar que não era justo. Depois Baraúna perguntou se ele poderia ser diretor do jornal, e, Euro disse que topava, contanto que o diário não passasse para as mãos dos aluisistas, assumiu a direção do jornal. Depois, com o passar do tempo, ele e o irmão, Luiz Tourinho, começaram a se preparar para comprar o jornal. Isto se deu, logo após a morte de Chateaubriand, quando o Grupo resolveu se desfazer de alguns bens, sobretudo os jornais e algumas rádios. Luiz, que sempre foi um homem de negócios, um empresário atilado, viajou ao Rio de Janeiro, e falou com os representantes donos do jornal Alto Madeira, e disse que queria caso eles, aceitassem a preferência na hora de vender, para obter o meio de comunicação. Foi uma forma de provocar a venda do matutino, muito acertada. Euro e Luiz provocaram a venda do jornal para eles na medida em que, dada a distância e o desconhecimento, os novos dirigentes não tinham como continuar a gerir um negócio que tinha muitos outros problemas mais urgentes. E dinheiro para comprar não faltou, pois, o grande negócio do Luiz Tourinho era a venda de seguros. Era representante exclusivo dos seguros da Atlântida no Norte e potencia do setor na região. Logo o jornal foi comprado juntamente com o Rio Branco, também um jornal tradicional do Acre. Os Tourinhos, com momentos de glória e de problemas, de uma forma ou de outra, tem conseguido manter o jornal com a independência e a consistência que fazem dele uma referência em termos de imprensa na Amazônia. Hoje, com seus 93 anos de continuidade, sem dúvida, o jornal Alto Madeira possui um dos maiores acervos sobre a vida e a história de Rondônia e da região amazônica. São incontáveis os jornalistas que se criaram na redação do jornal Alto Madeira, mas, entre os notáveis que já se foram basta destacar nomes como os de Petrônio Gonçalves, Ary de Macedo, Vinicius Danin, Ivan Marrocos, Roberto Vieira, Sérgio Valente, Simeão Tavernard, Pedro Gondim, Kleon Maryan, Edmar Coelho, o capitão Esrom Menezes, o Bahia e Paulo Correia para evidenciar a razão pela qual o jornal Alto Madeira é o que é: uma fonte de ideias e de história construída e a se construir, pois, o jornal caminha para fazer 100 anos sempre se modernizando e, como uma fênix, deve logo, logo, melhorar seus equipamentos, aumentar a tiragem e modificar sua forma sem, jamais, perder o conteúdo e a autenticidade.
Linha do tempo das noticias do Alto Madeira
1917 - O jornal Alto Madeira, foi fundado pelo médico Joaquim Augusto Tanajura, em 15 de abril de 1917, que foi o primeiro prefeito de Porto Velho, era o intendente, na verdade.
1931. Em 10 de julho de 1931 o governo brasileiro faz sua intervenção na Ferrovia Madeira-Mamoré que, em 1937, com o contrato rescindido é estatizada.
1943- O Território Federal do Guaporé foi criado em 13 de setembro de 1943, pelo presidente Getúlio Dornelles Vargas, durante o Segundo Ciclo da Borracha. Em 1944, houve a instalação do Território.
1945. Em 1945, o município de Santo Antônio do Alto Madeira foi anexado ao de Porto Velho com muitos habitantes saindo vila para a capital. Só passavam a existir, então, dois municípios, Porto Velho e Guajará-Mirim.
1956. Em 17 de fevereiro de 1956, o Território Federal do Guaporé mudou de nome para o de Rondônia, sancionado pelo presidente Juscelino Kubitscheck de Oliveira. Este nome foi dado em homenagem ao marechal Cândido Mariano da Silva Rondon. O primeiro governador nomeado após a criação do Território Federal de Rondônia foi Jaime Araújo dos Santos.
1959. A atual BR 364, na época BR-29, começou a ser aberta por ordem de JK ligando Rondônia ao Centro-Oeste, Sul e Sudeste do Brasil.
1964. No dia 31 de março é instalada a “Revolução de 1964”.
1967. Notícia publicada no "Alto Madeira", em edição de 6 de Outubro de 1967 informando sobre a prisão em Jaru de José Rodrigues Sobrinho por estar preparando o Vegetal, que chamam pelo nome de uasca que tem como grande líder o Mestre da União Vegetal, José Gabriel. Artigo publicado no Jornal "Alto Madeira", em edição de 6 de Outubro de 1967. Quando foi preso em Jarú, José Rodrigues Sobrinho, por estar preparando o Vegetal, que chamam pelo nome de HOASCA, o Mestre da UNIÃO DO VEGETAL, JOSÉ GABRIEL DA COSTA, foi chamado pelo Senhor Delegado de Polícia da Capital, para fornecer alguma explicação sobre aquele líquido, Chá Misterioso. O Senhor Delegado, não encontrando nenhuma infração legal, deu cobertura à ...
1970. Em 1970, no governo Médici - do regime militar -, o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) criou o primeiro PIC (Projeto Integrado de Colonização): o PIC Ouro Preto. A sua implantação gerou a fase da colonização dirigida que originou a base econômica agropecuária do futuro Estado.
1972. Em 1972 houve a desativação da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré estrada que havia sido indutora da criação de Porto Velho e de Guajará-Mirim como pontos inicial e final da ferrovia.
1975. É nomeado governador o coronel Humberto da Silva Guedes que implantou o planejamento e a estrutura do futuro Estado de Rondônia.
1978. No ano de 1965, foi conhecido o potencial hídrico do rio Jamari e, no ano de 1978 foram iniciadas as obras de construção da Usina Hidrelétrica de Samuel.
1979. É nomeado governador Jorge Teixeira de Oliveira que foi designado pelo presidente João Baptista de Figueiredo com a missão de criar o Estado de Rondônia.
1977. Em 11 de outubro de 1977, foram criados os novos municípios, no governo do coronel Humberto da Silva Guedes. Foram eles: Ariquemes, Ji-Paraná, Cacoal, Pimenta Bueno e Vilhena.
1981. Em 22 de dezembro de 1981, Rondônia passou a ser Estado (23ª Unidade de Federação), sancionada pelo presidente militar João Batista Figueireido, pela Lei Complementar 41.
1982. Em 4 de janeiro de 1982, houve o processo de instalação do Estado. Jorge Teixeira de Oliveira foi nomeado o primeiro governador do Estado que governou entre 1979 a 1985.
1983. A primeira Assembléia Constituinte do Estado de Rondônia foi instalada no dia 31 de janeiro de 1983, e a primeira Constituição do Estado foi promulgada em 06 de agosto de 1983.
1984. A pavimentação da BR-364 é inaugurada com a presença do ocorreu do presidente general João Baptista Figueiredo.
1985. O deputado estadual Ângelo Angelim tornou o governador substituto ( 1985 a 1987).
1986. É eleito primeiro governador do Estado de forma direta Jerônimo Garcia de Santana, que tomou posse em 1987 e encerrou seu mandato em 1991.
1988. Em 1988 foi elaborada e promulgada a nova Constituição da República Federativa do Brasil na qual foi estabelecido que, nos estados, as assembléias legislativas elaborariam novas constituições.
1989. A atual Constituição do Estado de Rondônia foi promulgada em 28 de setembro de 1989.
1990- Eleito governador do Estado o médico e ex-deputado estadual Osvaldo Piana Filho.
1994- Eleito governador do Estado o atual senador Valdir Raupp de Matos.
1995. No mês de agosto de 1995 na fazenda Santa Elina, município de Corumbiara ocorreu o “Massacre de Corumbiara” um dos mais tristes episódios que marcam a história da luta pela terra em Rondônia.
1998- Eleito governador do Estado o atual prefeito de Ji-Paraná, José de Abreu Bianco.
2002.- Eleito governador do Estado o ex-prefeito de Rolim de Moura, Ivo Narcisso Cassol.
2006 – Reeleito governador do Estado Ivo Narcisso Cassol.
2008- Início da construção da Usina Hidroelétrica de Santo Antônio pelo Consórcio Santo Antônio capitaneado pela Construtora Norberto Odebrecht.
Fonte: Jornal Alto Madeira do dia 14 de abril de 2010