Segunda-feira, 4 de maio de 2015 - 05h20
No início de 1907, o então major Rondon saiu de Cuiabá (MT) na chefia de uma comissão composta por mais de 300 homens e 15 cachorros (animais de estimação e paixão do sertanista), a fim de levar a comunicação por fio telegráfico até Rio Branco (AC), a pé e mata adentro. No dia 25 de dezembro de 1909, com apenas 15 homens e nenhum cachorro, chegou a Santo Antônio do Madeira (6 quilômetros do centro de Porto Velho). A jornada de quase três anos colocou seu nome na história mundial e nominou um Estado (Rondônia) e o Meridiano 52 (Rondon) do planeta Terra.
O marechal de campo Cândido Mariano da Silva Rondon nasceu na cidade Santo Antônio de Leverger (MT) em 5 de maio de 1865, em uma família indígena (avós Bororo, Terena e Guará) e logo no início da vida, órfão, foi levado para o Rio de Janeiro (RJ), à época capital federal, onde ingressou na carreira militar.
Inteligente e com formação em engenharia militar se qualificou para realizar diversas missões de construção, especialmente de cabeamento telegráfico, vital para a comunicação e ocupação do Centro-oeste e do Oeste do Brasil. Sua origem indígena facilitou o contato com muitas tribos, entre elas o Bororo, Nhambiquara, Urupá, Jaru, Karipuna, Ariquemes, Boca Negra, Pacaás Novos, Macuporé, Guaraya e Macurape.
“Foram muitos os desafios e contratempos, mas sua determinação e patriotismo verdadeiro o mantiveram resoluto. No início de 1909 entrou em território que hoje é Vilhena, também chamada de ‘região desconhecida’ por não ter sido ainda mapeada e seguiu até Santo Antônio do Madeira”, relata o museólogo, escritor e pesquisador, Antônio Ocampo Fernandes.
Os postos telegráficos permitiram a comunicação entre Santo Antônio do Madeira e o ramal instalado pelos construtores da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM), que ligava a Bolívia e Guajará-Mirim. Estava concluído o cabeamento (inaugurada em 1915) ligando a região Norte a Cuiabá, Rio de Janeiro e o restante do Brasil.
Ocampo conta que “Rondon, em uma carta escrita para o povo brasileiro, relata a descoberta de uma jazida de ouro e diamantes indescritível, que chamou de Urucumacuã, que imagino ser a ‘Reserva Roosevelt’, da qual desviou mais de 100 quilômetros, seguindo a sua jornada perto do que hoje é o leito da BR-364, a fim de preservar o que ele imaginou ser ‘a reserva financeira que pagará uma possível dívida externa brasileira’ no futuro”.
Durante o trajeto, a Comissão Rondon encontrou diversas etnias indígenas com as quais manteve sempre relações amistosas e aprendeu inúmeros dialetos. “Pelo trabalho realizado junto aos índios, Rondon recebeu o título de ‘indigenista’ e pelo de integrar a Amazônia ao restante do Brasil, recebeu a patente de marechal de campo (somente concedida a generais em tempo de guerra)”, conta Fernandes.
“Naquele tempo o Brasil era um país subdesenvolvido e pouco notado pela comunidade internacional, mas, daquele momento em diante, Rondon nos trouxe visibilidade e reconhecimento, pois sua obra de quase 1.500 quilômetros rivalizava com as construções do canal do Panamá e da EFMM. Ele foi considerado, por este trabalho, como um dos cinco maiores andarilhos desbravadores do mundo”, diz Gabriel Novis Neves, médico e primeiro reitor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
Foram muitas as realizações de Cândido Mariano. Algumas marcaram a história; como a criação do Parque Nacional do Xingu; primeiro mapa com todas as referências do estado de Mato Grosso; proposição e criação dos primeiros açudes na região Nordeste (seca de 1919); demarcação de todas as 10 fronteiras do Brasil (1930) e o acervo de Rondon deu origem ao Museu Nacional do Índio no Rio de Janeiro.
No dia 29 de abril passado, a Câmara Federal aprova o Projeto de Lei 1834/07, do Senado, que inscreve o nome de Cândido Mariano da Silva Rondon no Livro dos Heróis da Pátria.
Rondon foi uma das personalidades brasileiras mais importantes e recebeu inúmeras honrarias tanto no Brasil quanto no exterior. “O prestígio de Rondon transpunha fronteiras. O meridiano 52 tem o nome de Rondon. Rondônia também é o único estado brasileiro que tem nome de ser humano. Em 1957 foi indicado, por Nova York, para o prêmio Nobel da Paz, mas não pôde concorrer, pois morreu em 19 de janeiro de 1958”, relata Gabriel.
Fonte
Texto: Marco Aurélio Anconi
Fotos: Divulgação
Decom - Governo de Rondônia
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