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História

Chico Mendes recorreu até ao Papa para salvar a floresta e os seringueiros



Na sua luta contra a ditadura, a Polícia e os fazendeiros, o seringueiro e sindicalista Chico Mendes apelou até ao Papa, para quem enviou em 1980 um abaixo-assinado dos trabalhadores acreanos denunciando a derrubada da floresta e os assassinatos e as perseguições que eles estavam sofrendo no estado.

Cópia deste abaixo-assinado foi enviado por Chico Mendes em uma das muitas cartas que escreveu para o colega sindicalista aposentado João Rocha, então diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas (SP), a quem o sindicalista acreano conheceu quando esteve no município paulista em 1980 proferindo palestra sobre a sua luta em favor da floresta, a convite das Comunidades Eclesiais de Base, da Igreja Católica. 
Dando sequência à série Cartas de Chico, o jornal Página 20 publica mais duas cartas enviadas por Chico Mendes ao colega paulista, hoje com 68 anos, e atual presidente do PT de Caraguatatuba (SP), que enviou recentemente cópias das sete cartas que recebeu do xapuriense, entre 1980 e 1983, para o senador Tião Viana (PT-AC), pedindo que elas fossem publicadas. 
Na carta datada de oito de agosto de 1980, Chico Mendes relata o assassinato de Wilson Pinheiro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia, que rendeu ao sindicalista e ao então metalúrgico e hoje presidente Lula - que esteve naquela época naquele município - processos baseados na Lei de Segurança Nacional, que foram arquivados apenas há poucos anos. 
Chico informa que após a morte de um capataz, os fazendeiros preparavam-se para “mandar matar vários líderes sindicais”, entre os quais ele próprio, além de alguns padres e o bispo Dom Moacyr Grechi. Na outra carta, de quatro dias depois (12/08/1980), assinala que o clima no Acre continua de guerra civil, com quatro trabalhadores sendo torturados pela Polícia, que matou um seringueiro por este ter matado o seu patrão. Chico Mendes também informava sobre sua grande satisfação da criação do PT em todo o Acre. Veja, nesta página, a íntegra de mais duas cartas jamais publicadas de Chico Mendes, cujo assassinato completou ontem 21 anos.
Xapuri, em 08-08-80

Companheiro João, recebi o jornal ontem. 

João, as coisas aqui esquentaram muito com a morte do Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia (Wilson Pinheiro). 

Todos os trabalhadores do Acre estão dispostos a dar continuidade na luta pela defesa da terra. Um fazendeiro foi morto. Após a morte do líder sindical, vários trabalhadores foram presos e 4 deles torturados pela Polícia, demonstrando assim de que lado estão e até agora não se sabe quem foi o autor da morte do Wilson Pinheiro.

Segundo informações, os empresários preparam-se para mandar matar vários líderes sindicais, inclusive o bispo Dom Moacyr, alguns padres e o vereador Chico Mendes. João, isso não nos intimida. Nossa luta continua. Segue alguns recortes de jornais.

Um forte abraço do amigo de sempre, Francisco Mendes Filho.       

Fonte: Página 20/ Romerito Aquino

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