Segunda-feira, 2 de novembro de 2009 - 09h31
Neste sábado, 31/out/09, com a presença de familiares e amigos, realizou-se cerimônia religiosa em memória de D. Lígia Medeiros, falecida no dia 25 por volta de 13:15h, aos 91 anos de idade. A tristeza de seus filhos, netos, bisnetos e trinetos é também nossa, seus sobrinhos por adoção.
A tristeza é proporcional ao muitíssimo que D. Lígia construiu ao longo de toda a sua vida. Maior ainda, quando esse simples fato do nosso cotidiano, cuja universalidade e inevitabilidade apenas supõem o curso normal da vida, traz em si um significado muito mais amplo. A morte de D. Lígia tem o significado de fim de uma era, pelo menos para o que foi Rondônia até cerca de 50 anos atrás, e o que poderia ter sido. Naquela época, pouco mais de setenta mil pioneiros e desbravadores, de fato, viviam aqui. Eram herdeiros de uma terra conquistada, mas ainda não domada e, muita vez, inóspita. Lutadores quase ignorados e isolados na mata, mesmo os urbanos, que, quase sem ajuda, construíram a primeira identidade dos rondonienses.
Quando ainda Território Federal do Guaporé, ela foi o esteio para seu companheiro, Dr. Renato Medeiros, há muito longe de nós, nas lutas para a construção da democracia na recém criada unidade da nação brasileira, ainda no final da difícil fase da ditadura Vargas. Como ocorria em todo o país, a luta política naquele período era travada com o coração, muita garra e determinação. E como quase sempre, aqui formaram-se duas facções políticas antagônicas.
O dr. Renato Medeiros tornou-se o líder daquela que, jocosamente, era chamada de pele-curta pelos adversários (os cutubas). Eleito deputado federal (o Território tinha apenas um representante na Câmara Federal) nas eleições de 1962, em uma nova fase conturbada e difícil para a democracia em nosso país, teve seus direitos políticos cassados após o golpe de estado de 1964 que implantou a ditadura militar. Mas, nenhuma ditadura se satisfaz com pouco. Médico, por algum tempo foi impedido de regularizar seu registro profissional. Impedido de exercer sua profissão, imagine-se as dificuldades enfrentadas pela família, que manteve sua dignidade graças às virtudes do casal. Que conseguiu assegurar a subsistência e a união de uma família numerosa, em meio a dificuldades tantas e tamanha que, a nós que a acompanhamos de perto desde então, ainda impressionam. Certamente, a força moral de D. Lígia foi fundamental para tornar isso possível. A injustiça foi superada pela ajuda de alguns próceres do novo governo inconformados com a injustiça, e eles puderam dar seqüência a suas vidas com dignidade, companheirismo e solidariedade.
O rompimento da normalidade democrática da nação, em 1964, custou desassossego às famílias, muitas vidas e, muitos anos de luta para retomar o caminho da democracia que vimos construindo. A ruptura fez com que os rumos tomados em Rondônia fossem decididos fora daqui, quase sem consulta à população local, relegando toda uma geração a mera seguidora de rumos traçados por outros. Uma violência, ainda que os resultados tenham sido positivos (fins, não justificam os meios). Com o passar dos tempos, os novos rondonienses vêm, novamente, assumindo o controle sobre os rumos de nosso rincão, nos limites da democracia.
È por tudo isso que vemos no passamento de D. Lígia, o encerramento definitivo de uma etapa heróica e muito humana de nossa história.
Fonte: A.Marrocos
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