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História

FALECEU ESRON PENHA DE MENEZES




Faleceu hoje, às 1h30, o jornalista, historiador, professor, capitão do Corpo de Bombeiros do território, Esron Penha de Menezes. O capitão Esron, como era chamado, estava com  94 anos de idade, era nascido no município amazonense de Humaitá e resida há 80 anos em Porto Velho.


ESRON - EM OUTRO ASTRAL

A idéia da coluna de hoje era bem diferente. Pretendia responder a alguns leitores que me criticaram por causa da coluna anterior, em que me coloquei contra o politicamente correto, mas, quando eu estava ligando o computador, a voz do Dimarcy nem precisou continuar a mensagem.

Lúcio, o vovô se foi. Dimarcy é neto do Esron Menezes, que, na madrugada deste sábado, 17 de janeiro, contra a vontade de todos que o conheceram, embarcou no expresso da meia noite, chamado por Deus.

Desde o dia 31 de dezembro que perdi três amigos, o Pablo, amigo da família, vítima do que, pelo que me contaram, suponho ter sido um erro médico, aos 30 anos de idade, deixando a saudade com os muitos amigos que fez nas vezes que esteve em Porto Velho. Na terça-feira passada foi a bisavó do meu neto Yan, dona Lili que, aos 94 anos, embarcou para outra dimensão.

Neste sábado, foi o Esron. Aliás: Esron Penha de Menezes, fundador da Guarda Territorial (atual Polícia Militar), professor, jornalista, colunista, historiador, escritor, maçom graduado (desculpem se erro na indicação) há 65 anos da Loja União e Perseverança. Natural de Humaitá (AM), 94 anos completados dia 27 de dezembro passado, desde 1927 morando em Porto Velho, Esron foi absorvendo informações sobre a construção de Porto Velho, do Território Federal, do Estado durante mais de meio século ativamente ligado na política e na administração.

Apenas para lembrar a importância de Esron para a organização de Rondônia, coube-lhe, quando da abertura da BR-29, atual BR-364, a responsabilidade de fazer a ponte entre o Governo do Território e as empresas construtoras que atuaram em Rondônia; aliás, Esron estava em Vilhena, quando o presidente JK chegou para derrubar a última árvore entre as duas turmas de trabalhadores da construção da estrada.

Há alguns anos ele sofreu um duro golpe, quando sua esposa, Dona Vitória, partiu e, há dois anos, se não estou enganado no tempo, foi a vez de um filho. Mas o velho capitão, como os amigos o chamavam, continuou sentado na área de sua casa, ouvindo o rádio ou, então, na enorme mesa da sala de estar, lendo, ouvindo rádio e fazendo palavra-cruzada.

E, mais: sendo interrompido seguidamente por pesquisadores da História regional, estudantes, jornalistas e outras pessoas que, como disse o historiador Francisco Matias, iam ali beber na principal fonte histórica de Rondônia.

A todos o ex-jogador do Ypiranga recebia com o mesmo sorriso, a mesma atenção e uma mente privilegiada, buscando no imenso arquivo bibliográfico, ou no de memória, o detalhe para a conversa, a informação que faltava para completar um fato histórico.

Humilde, Esron não gostava de títulos, apesar de portar, e com toda a justiça, todos os que uma comunidade poderia dedicar a um cidadão. Lúcio, sou apenas um velho xereta, ouvi dele várias vezes.

Dizer que a História e a sociedade rondoniense estão com uma perda irreparável é o óbvio ululante. Não sei se o prefeito de Porto Velho e o governador de Rondônia decretaram Luto Oficial. Mas, se não o fizeram, cometeram um enorme erro.

Quando Esron fez 90 anos, sua família realizou um evento no Ferroviário. Àquela altura, amigos lembraram como conheceram o Esron. Eu disse à dona Fátima, minha mulher, que, ao contrário dos outros, eu conheci o velho capitão através dos filhos que jogavam voleibol.

A última vez que conversei com o CEM, eu estava em Aracaju, e ele me convidava para sua festa dos 94 anos. Lamentavelmente não pude ir, como também não estou agora em Porto Velho.

Mas, tenho a certeza, Deus há de ter um espaço especial para meu amigo, junto com Dona Vitória e outros que já passaram deste para o outro lado do balcão.

À família, os meus, e de minha família, sinceros sentimentos. Mas, tenho certeza, do exemplo, da capacidade e do amor que o CEM dedicava a Rondônia, vão frutificar muitos outros para seguir a sua trilha.

Inté outro dia, se Deus quiser!

P.S. Dos que vão para o outro lado, gosto sempre de lembrar das coisas boas. Do Pablo, aquele jeitão moleque e risonho sobre 120 quilos, falando numna mistura de espanhol e português. 

Da Dona Lili, as conversas quando falava de seu Piauí, deitada numa rede no restaurante Bambu.

Do Esron, o sorriso amigo, os conselhos, as conversas longas, as tantas vezes que sentei naquela varanda da sua casa e ele falava de coisas várias.

E o meu arrependimento de não ter podido concluir a revisão do seu livro a tempo dele o ver publicado.

Fonte: Lúcio Albuquerque


FALECEU ESRON PENHA DE MENEZES - Gente de Opinião
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Esron Penha de Menezes foi homenageado pelo Bloco Rio Kaiary no carnaval de 2005



Acompanhe abaixo a coluna Conta-Gotas, do jornalista Lúcio Albuquerque, publicada dia 12 de outubro de 2007, sobre o capitão Esron.

CONTA GOTAS - Homenagem a um amigo (12/10/07)

A coluna de hoje, dia de Nossa Senhora Aparecida, vai ser diferente de todas as outras porque irá apenas reproduzir o discurso do jornalista, historiador, fonte histórica, capitão bombeiro, professor Esron Penha de Menezes, amazonense de Humaitá e rondoniense há 80 dos 93 anos de sua vida. O discurso foi durante a sessão solene na loja maçônica União e Perseverança quando Esron recebeu a comenda D. Pedro I, cujos detentores são raros e no caso local foi a primeira vez, em 90 anos de funcionamento, que isso aconteceu na União e Perseverança.

Segundo amigos meus que são maçons eu sou um goteira. Mas em homenagem ao mestre Esron e à própria instituição onde ele ingressou há 64 anos, em 1943, a coluna de hoje é apenas o discurso:



Eminente Ir:. Dr. Jacob Atallah
Ven.: Mestre

Meus irmãos.

Eu mesmo pedi aos IIr.: Dante e Jorge que fizessem esta sessão de apresentação dessa Venera, que é a maior comenda que os IIr.: do G.O.B podem aspirar se tiverem a ventura de alcançar 50 anos de maçonaria. Eu recebi depois de completar 92 anos.

Eu pedi esta apresentação, não pela vaidade de uma recepção com todas as honras a que são devidas na faixa 5ª do Regulamento Geral da Ordem, também para não ver os IIr.: da minha Loja mãe sofrerem o vexame de ignorar esse ritual.

Foi principalmente para pagar uma dívida de gratidão a um Ir.: que foi paradigma dos IIr.: desta Loja que goza até hoje desse mesmo padrão de comportamento.

Meu pai, meu irmão Alberto, meus cunhados como eu agradecemos ao G.:A.:D.:U por pertencer a esta Veneranda Loja.

Não é só a mim que ao visitar uma Loja deva ser tratado de Sapientíssimo Comendador da Ordem do Mérito D. Pedro I. Atualmente temos também o Grão Mestre Euclides Sampaio Fróes, que ao visitar uma Loja pode optar pelas regras da faixa 5.

Nos festejos do 25º aniversário do G.O.E.R, eu havia dois dias antes recebido a medalha e ainda não tinha conhecimento dessas honrarias e estava atarantado sem saber o lugar que me era destinado quando o Adjunto do Grão Mestre Geral que viera naquele evento representar o Soberano, na entrada do Oriente pegou-me pelo braço e levou-me e antes de sentar disse é a minha direita que o Ir.: deve sentar-se porque eu estou, mais o irmão é, completou eu só sento aqui porque estou Grão Mestre, mas a você é permanente.

Sempre desejei que me aparecesse uma oportunidade de pagar a promessa de que fiz a mim mesmo ao mui prezado Ir.: Abdon Jacob Atallah a quem eu desejo imitar por considerá-lo um verdadeiro Mestre Maçom, não aquele que cola o 3º grau, mas do sábio e ético, um nome que deve ser venerado.

No dia 8 de junho de 1943 que me concederam a graça de ver a luz ao meu lado estava aquele Venerável Ir.: e foi por esse motivo que pedi que dessem esse cargo ao seu filho, o eminente Ir.: Jacob Atallah, mesmo porque eu desejo relatar um fato que julgo inédito até agora.

Eu era Delegado do Grão Mestre Moacyr Dinamarco, o 1º nesse cargo a visitar Porto Velho e junto com Maicy Guarany Vanderley e a pedido deste fossemos visitar Abdon que já estava meio adoentado. O Grão Mestre atendeu o pedido e fomos muito bem recebidos no comércio do Ir.: O Grão Mestre ficou muito admirado do nosso relato sobre o Abdon.

Quando vínhamos, Maicy pediu-me para falar com o Grão Mestre para ver se podia dar o grau 33 ao Abdon. Eu disse ao Maicy que não era com o Grão Mestre que se faria o pedido. Mesmo assim, falei com o Dr. Dinamarco e ele me respondeu que iria falar com o Vulcano.

Tempos depois, Maicy me telefonou que o Soberano Grande Comendador foi procurá-lo para obter meu endereço. Marcamos para as 10 horas na Loja União e Perseverança.

Dr. Ariovaldo Vulcano falou sobre o pedido de Dinamarco e que ele estava aqui e que iríamos a casa de Abdon, onde o encontramos sentado numa cadeira de balanço. Uma senhora morena, forte serviu-nos um gostoso cafezinho. Vulcano ficou muito entusiasmado com Abdon. Ele pediu que eu e o Maicy saíssemos que ele queria falar a sós com o Ir.:, alguns minutos depois chamou-nos e disse, o pedido de vocês se concretizou. Nós o cumprimentamos e viemos embora com Vulcano que me disse que havia feito por comunicação, o Ir.: Grau 33.

Assim creio que Abdon foi o primeiro grau 33 depois da era Vargas.

Depois desse encontro só vi Abdon no seu leito mortuário, quando lhe fiz uma saudação.

Essa promessa estou jubiloso de cumpri-la agora, tanto tempo depois.

Meus IIr.: Senhores e Senhoras.

Depois que tomei conhecimento das homenagens que esta medalha me outorga fiquei assombrado porque não era o que eu queria. Ícone, símbolo não era o meu desejo.

São tão grandes os encargos desta Venera que raciocinando calmamente e quando eu vejo se estreitar o meu horizonte e o passar dos anos, não me alentam para o que eu mais desejei ser considerado pelos meus irmãos como Abdon o foi, um verdadeiro Mestre Maçom.

Inté outro dia, se Deus quiser!      

Lúcio Albuquerque
jlucioalbuquerque@gmail.com


 



Leia abaixo uma a última entrevista concedida ZEKATRACA em 13/05/08:


História Antiga - CEM
Capitão Esron Penha de Menezes 

No governo do Marques Herinques vieram pra cá, dois oficiais do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro e com pouco tempo, eles foram chamados de volta para o Rio. Foi então que o Rodolfo disse ao Marques Henrique que eu havia sido formado no Corpo de Bombeiros do Rio, mas, disse também, ao governador que não tinha certeza se eu aceitaria ser o comandante de novo. Na época eu trabalhava no Jornal "O Guaporé". Estava no Comando dos Bombeiros o Antônio Araújo Lima que não estava agradando o governador. O Marques Herinques mandou me chamar como jornalista, alegando que gostaria que eu o entrevistasse para O Guaporé. A entrevista exclusiva seria em seu gabinete. Quando cheguei lá, ele não tocou em Bombeiro. Começou me perguntando, "você sabe de que cor são as letras da bandeira brasileira"? Respondi, são verdes! Pouca gente sabe disso. Depois ele chamou a dona Conceição Teixeira e disse. Traga aquele Decreto que assinei hoje de manhã e então me disse: Capitão, lamento, mas, eu já lhe nomeei Comandante do Corpo de Bombeiros de Rondônia. Argumentei, Coronel fazem 17 anos que deixei de atuar como bombeiro e aquilo muda todo tempo, eu não estou em condições de assumir o comando do Corpo de Bombeiros. Ele disse, vamos fazer o seguinte, você vai passar 15 dias no Rio fazendo uma reciclagem, fui fiz uma reciclagem meia boca, já que 15 dias, era muito pouco tempo, voltei pra cá e assumir o Comando, primeiro no prédio onde funcionou a Câmara de Vereadores e depois no quartel da Olaria. Ele mesmo me demitiu e eu fiquei muito chateado. Acontece que ele nomeou o Dr. Carbone que era delegado da Federal como secretário de segurança de Rondônia. Aí o Cezar Zoghbi, Odacir Soares e outros, foram falar com o Carbone que ele não podia me demitir porque não tinha ninguém aqui, qualificado para o cargo. Ele garantiu que não iria me demitir. Foi só eles saírem da sala e ele me demitiu e o governador acatou. Ele me demitiu porque queria dar uma gratificação ao Coronel Ferro. Essa história começou quando ele prendeu um jeep e um dia chegou comigo e perguntou se eu queria comprar aquele carro para o Corpo de Bombeiros, depois dos trâmites legais o governador Marques Henriques mandou ele me entregar o jeep, aí ele disse que queria que o jeep ficasse pra ele, por isso ele ficou danado comigo e me demitiu. Gente de Opinião

Essa e outras histórias que você vai conhecer nessa entrevista, fazem parte de parte da história vivida e presenciada pelo Capitão Esron Penha de Menezes que aos 93 anos de idade passa o dia jogando paciência e "matando" palavras cruzadas em sua residência do bairro Caiari. "Fico muito feliz quando alguém vem conversar comigo aqui em casa". Com vocês o Capitão Esron Menezes – CEM.

E N T R E V I S T A

Zk – Eu entrevistei o professor Abnael Machado de Lima e ele declarou que seu pai, juntamente com o pai dele, cansou de tomar café na choupana do Velho Pimentel. É verdade?
Capitão Esron – Eu acredito, pelas pesquisas que nós fizemos quando começou a Guarda Territorial ali na Arigolândia e justamente onde hoje está o barracão da escola de samba Pobres do Caiari, existia um curre (abatedouro de gado) e tinha muita cabeça de boi jogada no barranco. Descendo por ali, achamos um bananal e restos de uma palhoça. Ali, diziam, morou esse Velho Pimentel.

Zk - E seu pai?
Capitão Esron – Meu pai nunca se deu com essa gente, ele apesar de ser seringalista, viveu todo tempo em Porto Velho, ele foi comerciante em Santo Antônio, depois foi delegado de polícia e vice prefeito aqui em Porto Velho.

Zk – Vice prefeito?
Capitão Esron – O negócio é o seguinte, é preciso que lhe conte. O primeiro prefeito de Porto Velho foi o major Guapindáia de Souza Brejense que foi nomeado pelo governador do Amazonas Jonathas Pedrosa. O segundo, foi o Dr. Tanajura que foi eleito, naquele tempo o período de governo era de três anos; Depois do Tanajura, o terceiro prefeito de Porto Velho foi o padre Raimundo Oliveira. Meu pai foi eleito Intendente (vereador), na mesma eleição que elegeu o padre Raimundo e como ele era o mais velho, foi nomeado presidente do Conselho (Câmara de Vereadores), como presidente do Conselho aconteceu o seguinte, o padre andou em desavença com a direção Madeira Mamoré por causa de religião, o padre era católico e os americanos protestantes. A Empresa Madeira Mamoré fornecia água, luz, casa e gelo as autoridades do município e luz e água também para o comercio. A cidade ia até onde hoje fica a Praça Jonathas Pedrosa dali pra frente não tinha mais nada. Quando aconteceu a encrenca, o povo se reuniu, chamou meu pai e pediu que ele intercedesse junto à diretoria da Madeira Mamoré no sentido de resolver o problema. Acontece que um genro do meu pai era funcionário da Madeira Mamoré Guilherme Acelino de Almeida, que foi marido de Amália minha irmã e através dele, meu pai se dava muito bem com os americanos. Bom, os americanos só aceitavam voltar a fornecer luz, água e gelo, caso meu pai assumisse a prefeitura. Foi então que o papai convenceu o padre Raimundo Oliveira a se licenciar por dois meses e assumiu a prefeitura. Quando o padre voltou, eles cortaram tudo de novo. Esses benefícios só voltaram, quando o Tanajura assumiu o seu segundo mandato.

Zk – O senhor tem uma explicação para a falta de consideração do povo de Rondônia para com os seus pioneiros ou com os governantes que fizeram alguma coisa pela nossa terra. Aluízio Ferreira criou o Território e foi embora desgostoso, tanto que morreu e não voltou aqui; Jorge Teixeira de Oliveira foi a mesma coisa; Jerônimo Santana está no ostracismo, Paulo Leal nem se fala. Tem explicação para isso?
Capitão Esron – O negócio é essa política. Se você não sabe, sou amigo do Jerônimo apesar de nunca ter voltado nele e ele sabe disso. Soube agora e fiquei intrigado, que ele está numa cadeira de rodas, aquela mulher que ele arranjou já não está mais com ele.

Zk – Como o senhor conheceu o Jerônimo Santana?
Capitão Esron – No tempo da construção da BR-29 (hoje 364), fui chefe do escritório da construtora CIB em Porto Velho e tinha um acampamento em Riozinho. Certa vez eu estava no Riozinho fazendo o pagamento do pessoal e chegou um caminhão que vinha do Rio de Janeiro com peças e gêneros alimentícios para Porto Velho e quebrou justamente a caixa de marcha no nosso acampamento. Na hora do almoço o chefe da oficina chegou comigo e disse: "Capitão tem aí um advogado que não tem onde ficar". - Arranja um lugar pra ele dormir, leva pra almoçar no restaurante da empresa, enfim, providenciamos toda a assistência aquele advogado que depois fiquei sabendo seu nome, Jerônimo Garcia de Santana. Dois dias depois, o Doutor Julio engenheiro chefe da empresa CIB chegou e meu deu a maior esculhambação. Ele não queria ninguém de fora dormindo no acampamento.

Zk – O senhor chegou a perguntar ao Jerônimo o que ele vinha fazer em Porto Velho?
Capitão Esron – Ele trazia uma porção de revolveres pra vender no garimpo. O tempo passou e quando vi, ele já era candidato a deputado federal.

Zk – O filho do seu Dionísio Xavier o Zola, há alguns meses está entrevistando as vítimas e algumas pessoas que conhecem pormenores sobre o que ficou conhecido como "Crime da Caçamba", que ocorreu durante a campanha política que elegeu o Dr. Renato Medeiros deputado federal. O que o senhor sabe a respeito desse assunto?
Capitão Esron – Ele já esteve comigo! Eu não vi, mas, me contaram a coisa como foi.

Zk – Como foi?
Capitão Esron – O Renato Medeiros fez um comício ali naquela rua que passa ao lado do quartel da Brigada a Gonçalves Dias que na Olaria, recebe o nome de Lauro Sodré. No mesmo dia a facção dos cutubas tinha feito um comício pro lado do Areal. Bom! Quando terminou o comício do Enio Pinheiro que era o candidato do Aluízio Ferreira, uma caçamba que era da prefeitura, foi deixar os correligionários cutubas que moravam lá para o bairro da Olaria e quando chegou nas proximidades do comício dos Peles Curtas a turba renatista que vinha em passeata, passou a apedrejar a caçamba, foi então que o motorista que também era da prefeitura, avançou com o carro pelo meio do povo e atropelou um bocado de gente. Assim me contaram e assim eu contei pro menino Zola.

Zk – Capitão, este ano vamos ter eleições para prefeito. Entre os candidatos que apontam por aí, encontramos o Garçom; Dr. Mauro e o Roberto Sobrinho. Qual deles o senhor aponta como vencedor?
Capitão Esron – Se eu ainda votasse, votaria no Roberto Sobrinho. Vou lhe dizer por quê. Quando ele se candidatou a prefeito, não sei por que, mandou me chamar para ir até o comitê de campanha e lá me convidou para ajudá-lo a organizar o corpo técnico da campanha. Eu respondi a ele que a única técnica que tenho conhecimento, é de Bombeiro. O certo foi que ficamos amigos. Ele foi eleito, eu fui demitido pelo Carlinhos Camurça. A primeira pessoa que ele mandou convidar para o seu governo fui eu. Ele queria que eu fosse trabalhar com ele e eu respondi: Professor Sobrinho, não tenho mais condições de trabalhar, já não me agüento em pé. Ele não desistiu, quando a Tocha do Pan passou por aqui, ele mandou me convidar para ser um dos condutores da tocha. Além do mais, ele tem trabalhado muito. Se eu votasse votaria no Roberto Sobrinho.

Zk – 93 anos de idade. Como está a saúde?
Capitão Esron – Acontece o seguinte: A gente vai ficando em casa e vai morrendo lentamente. Eu fico aqui o dia inteiro jogando paciência, fazendo palavra cruzada. Quando aparece uma pessoa pra conversar comigo, fico agradecido.

Zk – E os livros! Parou de escrever! Como está a produção literária?
Capitão Esron – Vou te dizer, tive muito desgosto com meus livros. Agora o Alceu esse que é da secretaria de transporte do governo mandou imprimir os dois. "Retalhos para a história de Rondônia"

Zk – Quando o senhor lançou a primeira edição do livro?
Capitão Esron – O primeiro foi editado pela prefeitura quando o Luiz Gonzaga era prefeito, quando os livros impressos chegaram aqui de Manaus o prefeito já era o Dr. Paiva. Aí passaram a me aperrear pra escrever outro livro. O interessante é que, de um livro para o outro se passaram exatamente dez anos. Da primeira edição só fiquei com uns três ou quatro exemplares porque a edição era da prefeitura e eu só fazia assinar as dedicações. Resultado, fui um dia ao Rio de Janeiro pesquisar material para escrever o segundo livro. Cheguei lá fui à biblioteca militar porque soube que lá, existiam mapas dos rios que o Rondon localizou por aqui e eu queria botar aqueles mapas no meu livro. Me levaram pra falar com um Coronel e expliquei pra ele porque eu queria os mapas e ele perguntou, "Como é o seu nome?" - Esron Penha de Menezes, foi então que ele chamou um sargento e disse, traz aquele papel com a relação de livros lá da Rondônia e então disse: "O senhor já escreveu um livro e porque o senhor não mandou um exemplar desse livro pra cá. Por isso, não vou lhe dar os mapas". A sorte foi que eu tinha dois livros comigo e dei a ele. Hoje esses livros podem ser encontrados na estante 16 da biblioteca do exército no Rio de Janeiro. Na época, quem comandava a Brigada em Porto Velho era o General Oliva pai do senador Mercadante e eu havia deixado com ele cinco exemplares do livro para que ele enviasse pelo menos um para a biblioteca e ele ficou com todos.

Zk – O senhor tem uma previsão para o lançamento das novas edições dos livros?
Capitão Esron – Deve sair até o final deste ano.

Zk – E a primeira edição do segundo livro quem patrocinou?
Capitão Esron – Foi o Jerônimo Santana. Os irmãos da maçonaria queriam arranjar um dinheiro pra construir uma loja na Rua Amazonas e sabendo que eu me dava muito com a dona Maria irmã do Jerônimo, me procuraram para intermediar o contato. Na época, eu havia publicado uns artigos criticando a administração do governo e expliquei aos irmão da maçonaria, que não seria boa a minha participação na negociação, mesmo assim, eles insistiram e eu fui. Quando chegamos ao gabinete, o governador começou a falar no meu livro, aí eu disse, Jerônimo, por quê você não patrocina a segunda edição do meu livro? Aí ele chamou o Dr. Zorando e perguntou como podia fazer para patrocinar a edição do livro. O Zorando disse que o governo poderia fazer um convênio com a Academia de Letras de Rondônia para editar o livro. Mandaram eu procurar a gráfica para fazer a cotação de preço e eu fui com esse safado chamado de Erci dono da gráfica Gênese Top. Era ele e o Zé Paca, o Erci fez o orçamento para cinco mil livros e cobrou 15 Mil Cruzeiros. Ele passou dois anos para imprimir o livro. Depois de uma série de enrolação me entregou apenas 1.400 livros. Eu tinha prometido ao Jerônimo Mil Livros. Dos 400 eu vendi 200 pra secretaria de administração e só fui receber muito depois, quando o Anizinho era de lá.

Zk – Tem mais historias de decepção sobre seus livros?
Capitão Esron – Um dia apareceu o meu neto e disse, vovô, o Anderley Mariano que tem uma editora, ta imprimindo seu livro. Como imprimindo meu livro sem minha anuência? Pois é, ele ta fazendo 2 mil livros. Isso foi no governo Bianco e a secretária de educação era a Sandra Marques e foi ela quem encomendou os livros. Depois de tudo me procuraram e eu cobrei pelo meu trabalho 50 mil cruzeiros. Ela comprou todos e me trouxe apenas Doze exemplares "roubados". Depois vim saber que quem havia dado a autorização para a impresão foi o Aparício Carvalho que era presidente da Academia. Fui lá com ele e questionei, Aparício, como é que você faz um troço desses! Sabe que poderia te processar e coisa e tal e ele, pelo amor de Deus não faz isso não!.

Zk – Para encerrar o que devemos fazer pra chegar pelo menos perto dos 93 anos de idade igual o senhor?
Capitão Esron – Olha! Acredito em duas coisas. Eu deixei de beber em 1972 e deixei de fumar em 1974, tudo assim de estalo. Acho que são os dois fatores responsáveis pela minha saúde. Não fumar é fundamental para se preservar a saúde e até conseguir uma longa vida saudável.

Fonte: Sílvio Santos




FALECEU ESRON PENHA DE MENEZES - Gente de Opinião
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Fonte: www.gentedeopiniao.com 

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