Sábado, 19 de setembro de 2015 - 20h05
As cidades são para algumas pessoas como algumas pessoas e lugarzinhos são para a cidade e isso se revela quando não se fala de uma cidade sem citar determinada pessoa ou lugarzinho.
Se mencionar que um bar bem frequentado na Pinheiro Machado ou na Tenreiro Aranha é parte da história de Porto Velho, talvez meu leitor não se recorde, mas se disser que chamava Bangalô, o Banga, do Macalé, quem não conheceu saberá por outro.
A casa funcionou como reduto cultural e ponto de encontro das mais picantes canfabulâncias políticas, palco de memoráveis encontros etílicos e paqueras.
Na década de 80 não tinha pra outro, o Banga reinava absoluto na preferência dos notívagos, fosse no início ou fim da noite, fosse pelo sandubão da casa ou o caldinho de feijão, fosse pelo som do Marão.
Espiem, até rimou! Tudo naquele refúgio rimava, fosse em verso ou prosa, poesia exalava.
Naquela rua tá faltando o Bangalô e a saudade dele chega a doer em muita gente.
Nasceu num novembro de 1981 pelas mãos do Macalé, da Lene e da Heloísa e fechou as portas em 1998. Como a saudade não morre nas pessoas, o Bangalô estará sempre vivo na história de Porto Velho.
Como o Bar ficou pra cidade, algumas figuras emblemáticas ficaram para o Bar. É impossível lembrar do Bangalô sem mencionar os saudosos Paulo Queiróz, Odair Cordeiro e o boêmio mais amigo de todos chamado Juvenal. Sentar numa mesa com essas figuras era garantia de muito riso e informação.
O que motiva esse surto de nostalgia é a passagem do aniversário de 70 anos do Macalé (Assista AQUI a entrevista de Macalé com o saudoso Sérgio Mello), o único vascaíno que carinhosamente me chama de musa como um amigo querido que gosta do que escrevo e da forma como escrevo. Ele foi merecidamente homenageado pelos familiares e amigos com uma festa surpresa no Mercado Cultural, onde por incontrolável emoção chorou e fez chorar.
Parafraseando o amigo Sérgio Souto, “Naquele bar ele juntava gente e todo mundo contava contente o que fez de manhã.”
Macalé fechou o Bangalô, mas estampa num sorriso da largura do Madeira, um compêndio de memórias valioso e indispensável sobre o bar que entrou pra história da cidade.
Não resta uma mesa, mas todo mundo ainda fala das noites quentes e animadas do eterno Bangalô.
Luciana Oliveira – empresária e jornalista
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