Sábado, 11 de julho de 2009 - 06h33
Cantado em prosa e verso – até mereceu canção dos Beatles –, sir Walter Raleigh foi certamente o maior herói inglês. Mas, para os amazônidas, não passaria de um biopirata a mais – o mais famoso deles, certamente, mas nem por isso menos pirata.
Como tantos outros aventureiros e corsários, Raleigh também se sentiu atraído pela ampla divulgação da lenda do Eldorado, que se tornou objeto do desejo em uma Europa ávida pela conquista de novas fontes de riqueza. Portugal e Espanha haviam apontado o Novo Mundo como a nova cornucópia de maravilhas a explorar.
Inevitavelmente não poderiam passar em brancas nuvens as notícias de que Eldorado era uma cidade com prédios de ouro maciço, ruas cravejadas de pedras preciosas e tesouros à flor da terra, bastando descer a mão e pegar. Desde 1524, quando os espanhóis começaram a dominar os Andes, a lenda se espalhou e muitos ávidos exploradores vieram para levar todas as riquezas que pudessem. A cidade de ouro ficaria nos arredores da nascente do rio Caroni, na Venezuela de hoje, mas toda a exploração ali realizada foi infrutífera.
Por isso mesmo, os novos aventureiros, como sir Walter Raleigh, procuraram bater uma área mais ampla e não dar ponto sem nó: enquanto não encontravam Eldorado, iam recolhendo amostras de plantas e espécimes animais para investigar seu potencial econômico. Estava inaugurada oficialmente a biopirataria, a serviço de Sua Majestade.
História aterrorizante – A história do célebre biopirata da Amazônia começa na localidade inglesa de East Budleigh, por volta de 1552 ou 1554, nascido em data incerta. Seria uma existência pontilhada de ousadia, pioneirismo e tragédia. Pois foi sir Walter quem fundou, na trágica ilha de Roanoke, entre 1584 e 1585, o primeiro núcleo de colonização inglesa na América. Esse núcleo de povoamento, entretanto, desapareceu misteriosamente. E motivou o intrigante filme Espíritos da Floresta (Matt Codd, 2007).
A família Raleigh, protestante, foi severamente perseguida pelos áulicos da rainha católica Maria I de Inglaterra. Em uma de suas fugas desesperadas, o pai de Raleigh teve que se esconder numa torre para evitar ser morto. Por isso mesmo Walter se sentiu feliz quando a rainha protestante, Elizabeth I, subiu ao trono em 1558. E mais feliz ainda ficaria ao conquistar o coração – e os favores – da rainha.
Mas não é a felicidade, e sim a tragédia, a marca principal daquele que foi um dos maiores biopiratas da Amazônia.
Fonte: Carlos Sperança
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