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História

OS BAIRROS DE PORTO VELHO


Como surgiu o Bairro da Liberdade

 

O bairro da Liberdade, hoje incrustado no quadrilátero formado pelas ruas Guanabara, Jorge Teixeira e Herbert de Azevedo e Costa e Silva, nasceu da necessidade de se acabar com a falta de saneamento e risco de vida, vividos pelos moradores da Baixa da União, Rua do Coqueiro, Alto do Bode e Morro do Querosene que ficavam, onde hoje estão o Camelódromo, o Mercado do Agricultor, Posto São Paulo, prédios do TER e TJ e principalmente, para facilitar o acesso ao quartel do 5° Batalhão de Engenharia e Construção – BEC. Ao chegar em Porto Velho o 5° BEC se instalou na área de terra que era conhecida como "Campo do Mário Monteiro", local onde está até hoje. Bom! Naquele tempo, a única via que dava acesso ao quartel do Batalhão era a rua Prudente de Moraes num desvio que passava pela frente da Usina São Domingos chamada pela população de "Fábrica de Borracha".

O processo de transferência da população dos locais citados começou em 1968, quando aconteceu uma grande enchente do Rio Madeira e a área conhecida como Baixa da União ficou totalmente alegada. Foi então, que, o comandando o Batalhão viu que, desbastando os morros chamados de "Alto do Bode" e "Morro do Querosene" e tirando aquele aglomerado de casas da Baixa da União, poderia abrir uma rua do portão do quartel até a Sete de Setembro (rua Norte Sul) o que facilitaria e muito o trabalho.

Junto à prefeitura, conseguiu a liberação da área que no inicio, ia da Herbert de Azevedo até a rua Abunã (a rua Calama foi aberta muito depois) e da Guanabara até a hoje Jorge Teixeira e implantou o bairro da Liberdade.

A transferência foi feita ordenadamente e cada família, recebia um lote de terra, em sua maioria, medindo 10 de frente por 50 metros de fundo e mais, com a frente da casa levantada em alvenaria pelo BEC.

O Coronel Oliveira Sub-Comandante do 5° BEC encarregou o Cabo Possidônio Mandu da Silva para comandar a equipe de soldados que trabalhou na mudança dos moradores da Baixa da União para o Bairro da Liberdade.

 

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O Cabo Possidônio era chamado de prefeito da Liberdade

 


Dona Marluce Barbosa Silva do Nascimento esposa do Cabo Possidônio conta como aconteceu o processo de mudança.

 

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Depoimento de dona Marluce

 

Dona Marluce Barbosa do Nascimento e Silva esposa do Cabo Possidônio conta que o casal nasceu no Rio Grande do Norte e que Possidônio foi servir o exército em Recife (PE) e de lá, veio transferido para o 5° BEC em Porto Velho, isso em agosto de 1966.

Quando o BEC resolveu tirar o povo da Baixa da União o Coronel Oliveira então Sub-Comandante designou o Possidônio para comandar os soldados que trabalhariam na mudança para o novo bairro. "O que me foi informado foi que a retirada do povo da Baixa da União tinha como principal objetivo, a abertura da avenida Norte Sul (hoje Rogério Weber), isso aconteceu no ano de 1968 pra 1969". Segundo dona Marluce. Ao conseguir a quadra onde seriam construídas as casas, os soldados comandados pelo seu marido, procederam ao desmatamento e depois construíram a frente das casas de alvenaria (a área construída podia ser considera sala, quarto e cozinha tudo pequeno), daí, quem tivesse condições, ampliava, inclusive, o BEC fornecia a mão de obra e transporte de material tipo areia, tijolo e madeira de graça. Nesse mesmo tempo, Possidônio conseguiu uma área que hoje fica na rua João Goulart entre a Abunã e a Calama e construiu sua casa. "Naquele tempo, essa rua João Goulart não existia, era um igarapé, a frente da nossa casa foi feita para o outro lado". Pro lado, da hoje, rua Calama, existia muita olaria e o Liberdade era da Guanabara pra lá. Dona Marluce conta, que por ser o encarregado da mudança, Possidônio era chamado de "Prefeito" da Liberdade. Desportista criou o time de futebol "Liberdade" cujo campo era onde hoje está o Colégio 21 de Abril e a Escola de Música Jorge Andrade.

A primeira escola do bairro teve como diretora, a professora Lídia Jonshon e funcionava ao lado onde hoje está o prédio do CREA na Elias Gorayeb.

Hoje a casa da dona Marluce fica de frente para a rua João Goulart no bairro São João Bosco. 

 

 

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Elita Gomes da Cunha

 

A riograndense do norte Elita Gomes da Cunha conta que morava na rua do "Coqueiro" (hoje Euclides da Cunha), quando o 5° BEC resolveu acabar com a Baixa da União. Os moradores da rua do Coqueiro no perímetro entre a Sete de Setembro e a hoje, rua João Alfredo, ao lado do Ferroviário, em sua maioria, eram comerciantes.

"Cheguei em Porto Velho com 12 anos de idade juntamente com meus pais. Primeiramente meu pai foi trabalhar na Estrada de Ferro Madeira Mamoré, depois teve um corte e então fomos pra beira do rio pra "Maloquinha" que é uma localidade acima de Santo Antônio onde passamos dois anos. Ali peguei uma malária que na época era impaludismo. Meu pai conseguiu novamente emprego na Estrada de Ferro. Casei vim pra cidade e fui morar na Baixa da União e depois fui pra rua do Coqueiro. Na época vinha umas roupinhas pra mim do Ceará e então coloquei uma lojinha pequena e o meu marido Francisco Silva dos Anjos , colocou um barbearia e foi cortar cabelo. Só sei que quando o Batalhão chegou a gente tava lá na rua do Coqueiro.

A mudança pro bairro da Liberdade foi porque lá (na Baixa), tinha muita lama e queriam melhorar a situação daquele povo e também porque eles queriam fazer aquela rua que foi chamada de Norte Sul e hoje é Rogério Weber. Aí viemos pra cá pra debaixo da lona, eles faziam só a frente da casa e pra trás, a gente fez uma casinha de palha enquanto construía a outra.

A nossa mudança se deu no inicio de 1969. Uma coisa é certa, pra gente construir a casa, eles davam o transporte pra carregara areia, pedra, cimento, madeira enfim todo o material eles transportavam pra gente de graça e às vezes, os soldados ajudavam na construção.

Na época a água vinha num carro pipa. Quando era o dia da água era todo mundo na fila com sua latinha. A população foi quem construiu a escolinha de madeira, ali na Elias Goraryeb que depois passou a ser o Centro de Ensino dos Surdos Mudos. O Primeiro Clube Botafogo era coberto de palha e o terreno era cercado de arame farpado. Depois foram abrindo as ruas, fazendo as esquinas, uma coisinha aqui, outra acolá. A Rua Calama não existia. Era a Herbert de Azevedo, Álvaro Maia, Abunã; Depois foi que veio a Calama, Ariquemes e as outras que não lembro o nome. Igreja era a de São Cristóvão que era de palha e mercado era na Feira lá embaixo. Depois construíram o "Mercadinho da Liberdade".

 

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Onde hoje é o Super Mercado Irmãos Gonçalves primeiro foi o Morita depois o Jumbo que era do grupo Pão de Açúcar.

 

Muita gente no inicio, desistiu dizendo que aqui não era lugar pra se morar, que tinha muita lama. Eu fui ficando e estou até hoje aqui na rua Senador Álvaro Maia.  O bairro da Liberdade hoje é considerado Centro" conta dona Elita que tem seu ateliê de costura na rua Álvaro Maia.

 

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Hoje o bairro Liberdade tem a até rede de TV, abrigou a maior empresa de ônibus de Rondônia a Eucatur e tem o hospital da Ameron.

 

 

 

Fonte: zekatraca@diariodaamazonia.com.br

 

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