Quinta-feira, 8 de agosto de 2019 - 13h16
Os deputados constituintes
de Rondônia eleitos em 1982 assumiram em 1983 diante de um clima tenso, e o
diálogo foi fundamental nesse contexto. A partir da disposição em dialogar foi
elaborada a primeira Constituição do Estado de Rondônia, que não teve um único
artigo declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Esta é a
opinião de jornalistas que acompanharam os acontecimentos relacionados à
instalação da Assembleia Legislativa.
A primeira eleição no
recém-criado Estado aconteceu em 15 de novembro de 1982, sendo que 15 dos 24
deputados eleitos eram do PDS, partido do Governo. Eram eles Amizael Silva,
Arnaldo Martins, Heitor Costa, Francisco Nogueira, Genivaldo Souza, Jacob
Atallah, José Bianco, José do Prado, Jô Sato, Manoel Messias, Marvel Falcão,
Oswaldo Piana, Silvernani Santos, Walderedo Paiva e Zuca Marcolino.
Pelo PMDB, partido da
oposição, se elegeram os outros nove. A bancada foi composta por Amir Lando,
Ângelo Angelim, Cloter Mota, Jerzy Badocha, João Dias, Ronaldo Aragão, Sadraque
Muniz, Sergio Carminatto e Tomas Correia. Todos assumiram no dia 1º de
fevereiro como deputados constituintes, sendo José Bianco eleito presidente da
Assembleia Legislativa.
De acordo com jornalista
políticos, a eleição de José Bianco para presidir o Poder Legislativo foi
lógica, já que o PDS tinha maioria. Os entraves começaram na hora de escolher o
relator da Constituição, porque Amir Lando queria o cargo. Amizael Silva, por
sua vez, não abria mão de ser o relator.
Seguiram-se diversas
reuniões, muitas delas marcadas pela tensão, porque a oposição alegava que o
Governo já tinha a cadeira de presidente da Assembleia. Diante disso havia a
argumentação de que a relatoria da Constituição deveria caber ao PDS, mas as
alegações não foram aceitas e Amizael foi escolhido relator. O debate saldável
sobressaiu ao desentendimento inicial e houve uma composição, resultando em uma
Constituição elogiada em âmbito nacional.
O jornalista Carlos
Sperança Neto, que à época era assessor de imprensa da Assembleia Legislativa,
disse que não havia como a oposição vencer a esmagadora ala governista, que
tinha quase dois terços dos votos. “Amizael se sobressaiu, mas Tomas Correia e
Ronaldo Aragão também merecem destaque, inclusive na promulgação da Carta, pois
eram grandes oradores”, afirmou.
Outro ponto é abordado
pelo jornalista Lúcio Albuquerque como uma das razões da insistência do Governo
de entregar a relatoria à oposição, apesar do advogado Amir Lando alegar que um
operador do Direito deveria ocupar o cargo. Haveria uma orientação ao
governador Jorge Teixeira de retirar a autonomia financeira do Ministério
Público, o que acabou não acontecendo.
Lúcio Albuquerque, que
também foi assessor de imprensa na Assembleia Legislativa, entrevistou o
advogado Edson Jorge Badra, que era procurador geral do Ministério Público na
ocasião da elaboração da Constituição. “Ele me disse que a conversa do Governo
era a de que para o MP bastava a mesa e o paletó”, lembrou. Um outro fato
importante citado pelo jornalista é que um dos grandes méritos da Carta foi
tratar do Meio Ambiente, uma inovação total no Brasil da época.
O jornal O Parceleiro,
sediado em Ariquemes, enviou um repórter para Porto Velho, para cobrir a
Assembleia Constituinte. O jornalista Osmar Silva, proprietário do periódico,
explicou que foram tempos difíceis, mas o então deputado constituinte Amir
Lando foi um peso moderador. Lando tinha reduto em Ariquemes, cidade onde o
PMDB era muito mais forte do que o PDS, e conseguiu articular entendimentos com
o partido governista.
“Não era possível esticar
muito a corda, porque ela poderia arrebentar. Estávamos em período de ditadura
militar e o governador era Jorge Teixeira. Era preciso ir devagar com o
coronel. Houve muito jogo de cintura, mas deu tudo certo”, explicou Osmar
Silva.
O jornalista explica que,
no entanto, Jorge Teixeira era ponderado e entendia quando uma crítica era
correta. “O Parceleiro publicou uma matéria sobre formigas em um hospital
público. Colocamos a foto de uma correição de formigas. O governador me chamou
e eu sabia que poderia sair de lá preso. Mas ele viu que o material que
publicamos estava correto e determinou que a administração da unidade
hospitalar tomasse as providências”, explicou.
Ainda conforme Osmar
Silva, mesmo com aquele cenário desenhado, os deputados constituintes
dialogaram e elaboraram uma Carta Magna que atendeu muito bem a população. Ele
afirmou que é muito bom relembrar a história, para que os fatos permaneçam
vivos na memória da população.
Os deputados constituintes
tiveram seis meses de trabalho, terminando a Carta Magna em 6 de agosto de
1983. Com a promulgação da Constituição Estadual, a Assembleia Constituinte foi
extinta e a reunião de instalação da Assembleia Legislativa aconteceu no dia 9
de agosto.
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