A história de Rondônia tem algumas datas importantes para serem lembradas. A curta trajetória do Estado, antes Território Federal, está completando 70 anos.
Até 13 de setembro de 1943, o que existia por aqui eram as localidades identificadas como Porto Velho, uma extensão do Amazonas e que se estendia até a região hoje identificada como cone Sul e Santo Antônio, um pequeno município pertencente ao Mato Grosso.
No dia 29 de janeiro de 1944, em uma sala de aula do então Grupo Escolar Barão do Solimões, aconteceu a instalação do Território Federal do Guaporé, quando o governador nomeado pelo presidente Getúlio Vargas, Aluísio Pinheiro Ferreira anunciou o nome dos primeiros secretários territoriais, entre eles Jesus Burlamaqui Hosannah, secretário geral , que mais tarde, em fevereiro de 1952, foi nomeado governador; Moacyr de Miranda, chefe de gabinete; Carlos Mendonça, oficial de gabinete e que posteriormente foi designado prefeito de Porto Velho; Rubens da Silveira Brito, diretor do Departamento de Saúde, que acumulou a função de diretor do Hospital São José; Átila Peixoto, diretor do Departamento de Educação; Caladrine Pinheiro, diretor do Departamento de Agricultura e Vilar Câmara, diretor do Departamento de Obras, além dos prefeitos de Guajará-Mirim, José Duarte e de Porto Velho, Mário Monteiro. “Aqui é válido um parêntesis para lembrar que Guajará-Mirim, até então pertencia ao Mato Grosso”, destaca a historiadora Yêdda Borzacov. Joaquim de Araújo Lima, que foi nomeado governador do Território em junho de 1948, também foi contemplado em 1944, com o cargo de diretor da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, em substituição a Aluísio Ferreira.
Mais tarde, em consequência dos postos telegráficos instalados pela comissão Rondon, liderada por Cândido Mariano Rondon, surgiriam as localidades de Ariquemes, Ji-Paraná, Pimenta Bueno e Vilhena, com formação de aglomerações e povoados ao redor dos postos. Só a partir de 1975, no governo do coronel Humberto Guedes, seriam criados os primeiros municípios ao longo do eixo da BR-364.
Mas a historiadora salienta que há uma outra história anterior ao dia 13 de setembro. E relata que ouviu muitas vezes do pai, Ary Tupinambá Penna Pinheiro, que a gestação do território teve início três anos antes, quando o presidente Getúlio Vargas esteve por três dias em Porto Velho. - Na verdade, o presidente fora a Manaus, mas o Aluísio o convidou para vir a Porto Velho. Chegou num hidroavião da Panair. Foi uma verdadeira festa, com desfiles de vários grupos na Avenida Sete de Setembro. Desfilaram os alunos das escolas Maria Auxiliadora e Dom Bosco; os militares da Terceira Companhia de Fronteira, que equivaleria hoje a 17ª Brigada de Infantaria e Selva, cuja tropa foi passada em revista; os trabalhadores da Companhia Rodoviária, e os ferroviários da Madeira Mamoré, que foram convocados a desfilar de branco carregando suas ferramentas de trabalho, pás, enxadas, picaretas, entre outras. E levavam faixas reivindicando direitos trabalhistas muitos dos quais ainda nem se sonhava, como jornada de oito horas de trabalho e férias remuneradas. Segundo Papai, após o desfile, Getúlio Vargas teria afirmado: “Isto aqui já é um território federal!”
A princípio, Getúlio Vargas deveria retornar ao Rio de Janeiro no dia seguinte, mas estendeu sua permanência por mais dois dias. Também inaugurou a usina de eletricidade da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, que tinha sido trazida da Alemanha para regularizar o fornecimento de energia para toda a cidade. Visitou o Grupo Escolar Barão do Solimões e as obras da Catedral Sagrado Coração de Jesus.
No período em que esteve em Porto Velho, o presidente Getúlio Vargas hospedou-se na casa do diretor da EFMM, Aluísio Ferreira. A ele, Getúlio teria confidenciado que estava pensando na criação de um programa denominado Marcha para o Oeste, visando ocupar os espaços vazios da região e em seus planos constavam os territórios do Amapá, Boa Vista, Guaporé, Ponta Porã e Nova Iguaçu. De fato, a mesma lei que criou o Território do Guaporé criou os demais, sendo que Ponta Porã e Nova Iguaçu acabaram sendo extintos.
Ainda segundo os relatos de Ary Pinheiro, decorrido três anos que Getúlio estivera em Porto Velho, existia uma grande expectativa quanto à criação do território e, no dia 13 de setembro de 1943, no Programa A Voz do Brasil foi anunciada a notícia mais esperada. “A Jacira Figueiredo, filha do ferroviário Luiz Antônio Figueiredo, chegou esbaforida na casa do papai e quase sem fôlego dizia que o Território do Guaporé tinha sido criado. Foi motivo de muita alegria. Os fogos e rojões já estavam guardados e aí a festa começou. A sede do governo foi instalada em um casarão de pinho Riga, que pertencia à EFMM, lá onde hoje é o Mercado Central, em 29 de janeiro do ano seguinte. Data que durante algum tempo foi lembrada com um feriado. Nesta data também foi inaugurado o Palácio Presidente Vargas, só que dez anos mais tarde, em 1954.
Treze anos depois, por meio do deputado federal Áureo de Melo, que nascera no Hospital da Candelária em Porto Velho, que propôs através de projeto de lei a mudança do nome do Território do Guaporé para Território Federal de Rondônia, a Câmara aprovou e o nome foi mudado, era então governador José Ribamar de Miranda. Até que em 22 de dezembro de 1981 foi criado o 23º Estado brasileiro, o de Rondônia. No dia 28 de dezembro o Congresso Nacional aprovou o nome do Coronel Jorge Teixeira para assumir o governo do Estado, o mesmo já era governador do território. No dia 29 foi nomeado e no dia seguinte empossado como o primeiro governador do Estado. No dia 31 de dezembro foram escolhidos os símbolos da mais jovem estrela da constelação brasileira, a Bandeira, o Brasão e o Hino. A instalação aconteceu no dia 4 de janeiro de 1982. Era então presidente da República Brasileira o general João Baptista de Figueiredo.
Texto: Alice Thomaz
Fotos: Ilustração Internet e Marcos Freire
Fonte: Decom
Domingo, 24 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)