Sexta-feira, 26 de janeiro de 2024 - 13h34
Há pouco
mais de três décadas quando boiou dos rebojos das ideias, venceu as ligeiras
correntezas nadando as fartas águas das imaginações culturais amazônicas, subiu
o barranco das vontades e das curiosidades beiradeiras para pisar as ruas da
Cidade Porto, o Bloco Pirarucu do Madeira ainda pequeno, porém se já insinuando
festivo e audaz, sinalizava um dia habitar e rebrilhar nas fileiras
carnavalescas da cidade.
Hoje na
materializada comprovação e lume da sua sempre ascendente trajetória, o cordão
foi buscar motivações e inspirações para o seu desfile de 2024 nas contas
graúdas do vistoso rosário histórico e cultural do Menestrel Bainha, como os
motes para enredar a sua procissão foliã em mais um carnaval. Manter-se
atraente e em ascensão, sempre sugere ao bloco empreender-se na criatividade e
associativismo rítmico e melódico, mesclando arranjos, instrumentais e cenários
livres, multicoloridos, fazendo fusões e experimentos inovadores, festivamente
tragando para os seus desfiles distintas levas foliãs.
Esmerar-se
e desdobrar-se em esforços, atos e iniciativas de produção para este tributo in
vida (e haja vida), credencia o Bloco Pirarucu do Madeira como persistente e
resistente, culturalmente alinhado com os motes da valorização, preservação,
registro e defesa do patrimônio cultural local. Por isso, compromissado e
sedento em fazer reluzir o que aqui temos de bom de belo, em se falando de riqueza
cultural e que urge por isso, a agremiação mira esses motes e personagens como
o Bainha e outros tantos de diversas linhagens, tendo neles os nutrientes das
suas anuais investidas e aparições públicas e carnavalizadas.
O
compositor, passista, instrumentista, intérprete e nacionalmente premiado Bamba
do Samba Nacional (em nov/2023) no Rio de Janeiro, Bainha, cujo capital e saldo
cultural é dos maiores em se tratando de criações, vivências e experimentos,
nos impõe romper as pautas gramaticais e tirá-lo do plano singular alçando-o a
um plural audacioso, porém lógico, para assim dizermos: ele não “é,” ele “são,”
posto, em si, aos 85 anos de existência habitar uma multifacetada coleção de
penduricalhos, facetas, domínios, destrezas e expertises artísticas entre
incursões sonoras, melódicas, rítmicas e poéticas, catalogadas ao largo da sua
trajetória irrequieta e ainda em curso.
Nesse
carnaval quando os clarins da folia local soarem alto, chamando os foliões para
ganharem as ruas e o frevo comer no centro, veremos de perto, em cores, mais
vivo e mais vivente do que nunca, o inarredável Menestrel Bainha com sua
empatia e simpatia, graça e malemolência a exibir pequenos recitais em recortes
de uma existência que se funde ao “ser e fazer cultura,” numa entrega sem
renúncias, como pouco visto num cidadão que carrega consigo, em si, um coração
que parece talhado, moldado e aformoseado nos sagrados tons, versos, rimas e
sons que habitam a pauta da vida e da passarela cultural.
Parabéns
Pirarucu do Madeira!
“Vai
Menestrel Bainha, se a vida é um papagaio, o carnaval é a tua linha.”
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