Quinta-feira, 29 de novembro de 2018 - 07h33
A pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR),
o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB), foi preso na manhã
de hoje (28) no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governo fluminense.
De acordo com a PGR, são nove os alvos da Operação Boca de Lobo, que, além de
Pezão, mira assessores e um sobrinho. As ações são execuradas pela Polícia
Federal.
Entre os nomes estão José Iran Peixoto Júnior,
secretário de Obras; Affonso Henriques Monnerat Alves da Cruz, secretário de
Governo; Luiz Carlos Vidal Barroso, servidor da secretaria da Casa Civil e
Desenvolvimento Econômico, e Marcelo Santos Amorim, sobrinho do governador.
Também estão entre os alvos Cláudio Fernandes
Vidal, sócio da J.R.O Pavimentação; Luiz Alberto Gomes Gonçalves, sócio da
J.R.O Pavimentação; Luis Fernando Craveiro de Amorim e César Augusto Craveiro
de Amorim, ambos sócios da High Control.
“Existe uma verdadeira vocação profissional ao
crime, com estrutura complexa, tracejando um estilo de vida criminoso dos
investigados, que merece resposta efetiva por parte do sistema de defesa
social”, disse a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, no pedido das
prisões.
Fato novo
A procuradora Raquel Dodge afirmou que ficou
“demonstrado ainda que, apesar de ter sido homem de confiança de Sérgio Cabral
e assumido papel fundamental naquela organização criminosa, inclusive
sucedendo-o na sua liderança, Luiz Fernando Pezão operou esquema de corrupção próprio,
com seus próprios operadores financeiros”. As conclusões se sustentam em
informações decorrentes de uma colaboração premiada homologada no Supremo
Tribunal Federal e documentos apreendidos na residência de um dos investigados
na Operação Calicute.
A partir daí foram realizadas diligências que
permitiram aos investigadores complementarem as provas. Foram analisadas provas
documentais como dados bancários, telefônicos e fiscais.
Na petição enviada ao STJ, a procuradora-geral
explicou que a análise do material revelou que o governador Pezão e assessores
integraram a operação da organização criminosa de Sérgio Cabral (preso há mais
de dois anos e já condenado judicialmente) e que o atual governador sucedeu
Cabral na liderança do esquema criminoso.
Segundo a procuradora, cabia a Pezão dar suporte
político aos demais membros da organização que estão abaixo dele na estrutura
do poder público. De acordo com Dodge, Pezão
recebeu “valores vultosos, desviados dos cofres públicos e que foram
objeto de posterior lavagem”.
Prisões
Além de apresentar a existência de provas, segundo
as quais o esquema criminoso estruturado pelo ex-governador Sérgio Cabral
continua ativo, o Ministério Público Federal sustentou na petição que, solto,
Luiz Fernando Pezão poderia dificultar ainda mais a recuperação dos valores,
além de dissipar o patrimônio adquirido em decorrência da prática criminosa.
Há registros documentais, nos autos, do pagamento
em espécie a Pezão de mais de R$ 25 milhões no período 2007 e 2015. Valor
absolutamente incompatível com o patrimônio declarado pelo emedebista à Receita
Federal. Em valores atualizados, o montante equivale a pouco mais de R$ 39
milhões (R$ 39.105.292,42) e corresponde ao total que é objeto de sequestro
determinado pelo ministro relator.
Em relação ao sequestro de bens, a
procuradora-geral destacou que “é dever do titular da ação penal postular pela
indisponibilidade de bens móveis e imóveis para resguardar o interesse público
de ressarcimento ao Erário e também aplacar os proventos dos crimes”.
Desdobramentos
De acordo com a PGR, a ação de hoje é mais uma uma
operação decorrente dos desdobramentos da Lava Jato. Resultados de petição
apresentada pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, ao relator do
caso do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Félix Fisher.
No total são 30 mandados cumpridos pela Polícia
Federal nas cidades do Rio de Janeiro, Piraí, Juiz de Fora, Volta Redonda e
Niterói. Além das prisões, o ministro Felix Fischer, autorizou buscas e
apreensões em endereços ligados a 11 pessoas físicas e jurídicas, bem como o
sequestro de bens dos envolvidos até o valor de R$ 39,1 milhões.
Investigações
De acordo com as investigações que embasaram as
medidas cautelares, o governador integra o núcleo político de uma organização
criminosa que, ao longo dos últimos anos, cometeu vários crimes contra a
Administração Pública, com destaque para a corrupção e lavagem de dinheiro.
Ao apresentar os pedidos, a procuradora Raquel
Dodge ressaltou que a organização criminosa desviou verbas federais e estaduais,
inclusive, com a remessa de vultosas quantias para o exterior –, vem sendo
desarticulada de forma progressiva, com o avanço das investigações.
A procuradora enfatizou ainda que Luiz Fernando
Pezão foi secretário de Obras e vice- governador de Sergio Cabral, entre 2007 e
2014, período em que já foram comprovadas práticas criminosas como a cobrança
de um percentual do valor dos contratos firmados pelo Executivo com grandes
construtoras, a título de propina.
Entrevista
Raquel Dodge e integrantes da equipe darão detalhes
do caso em entrevista coletiva às 9h na Procuradoria-Geral da República, em
Brasília.
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