Segunda-feira, 21 de janeiro de 2019 - 18h51
Atendendo o clamor de dezenas de
famílias de antigos seringueiros, que há anos esperavam uma reunião da
categoria, a diretoria do Sindicato dos Soldados da Borracha e Seringueiros dos
Estados do Amazonas, Pará, Acre e Rondônia
, realizou uma grande reunião na cidade de Boca do Acre, Sul do Amazonas. Entre os dias 12 e 17 de janeiro, um grande público se fez presente nas dependências da Associação dos
Idosos, localizada no Bairro Macaxeiral no município de Boca do Acre. Diversas famílias vinda de
regiões distantes dos vales úmidos de Pauini, São Paulo, Alto Purus e de áreas
adjacentes do município chegavam em busca de informações e atendimento.
Soldados da borracha, viúvas,
filhos, filhas, netos e outros familiares faziam o vai e vem das pessoas que
percorreram o grande salão da Associação de Idosos da cidade. Nesse ínterim,
uma grande reunião fora realizada, e entre outros pontos, foi discutido assuntos sobre a Ação de Indenização da categoria
que tramita na Justiça Federal, ação esta de autoria do Sindicato dos Soldados
da Borracha, que prevê reparos pelas graves Violações dos Direitos Humanos
cometidas aos seringueiros na época da 2ª Guerra Mundial.
Do mesmo modo, foi discutido o
amparo à categoria,no que tange ao
direito à pensões que vem sendo negado pelo INSS à viúvas de soldados da
borracha. Além de tudo, foi abordado
pelos representantes do sindicato o
ponto dos Projetos de Lei que estão no Congresso Nacional, que tratam sobre o
13º Salário(Projeto de Lei nº 646/2011)) e
à assistência médica e hospitalar aos soldados da borracha e viúvas nas
redes dos Hospitais Militares ( Projeto de Lei nº 1997/2011), pautas que ainda
precisam serem aprovadas em Brasília. Por 05(cinco) dias os representantes do
Sindicato dos Soldados da Borracha estiveram ouvindo a categoria, debruçados em
orientar e acolher as reivindicações de familiares, de tal forma, tirando
dúvidas quanto aos direitos dos familiares daqueles que no século passado
atuaram no “Esforço de Guerra” extraindo borracha para enviar aos Estados
Unidos.
Para muitos familiares de
soldados da borracha, além do reconhecimento econômico, a dificuldade maior
está em torno da negligência e negativa por parte do INSS da cidade de Boca do
Acre, que persistentemente vem negando o direito básico à informação, no que se
refere ao extrato de benefício e CNIS (Cadastro Nacional de Informação Social)
aos filhos de soldados da borracha.
Portanto, no atendimento
realizado pelo sindicato aos filiados, foi constatado uma série de problemas
que afligem a categoria, dentre eles, pessoas carentes financeiramente que
apresentam deficiências físicas , que há
anos buscam benefícios, também, a falta de peritos na agência do INSS, o descaso do órgão com
relação as pessoas mais humildes, concomitantemente, também, segundo
informações de alguns filiados da cidade de Boca do Acre, advogados vêm
cobrando por informações de extratos de
benefícios da agência do INSS ,fato que já está sendo levado ao Ministério Publico e a OAB do Amazonas para apuração dos fatos. As
últimas notícias, dão conta que o sindicato
dos soldados da borracha vem realizando um abaixo assinado em diversas localidades
da Região Norte, e sabendo da condição de abandono e esquecimento da classe por
parte do poder público, a entidade vem
assumindo o compromisso de levar as principais reivindicações da categoria ao
Planalto Central, que são: O 13º Salário, Aumento Salarial, Ação de Indenização
da categoria e atendimento médico nos Hospitais Militares .
No ano de 2015, no período do governo da ex-presidente Dilma
Rousseff (PT), em desacordo com as principais reivindicações da classe, foi
pago uma “ Indenização” de R$ 25 mil reais à categoria. Tal valor se dividido
pelos 73(setenta e três) anos em que os
soldados da borracha esperam serem reconhecidos, chega-se a uma quantia
irrisória de R$ 0,95 (noventa e cinco) centavos ao dia. Não obstante, esse
“valor Indenizatório” é assombrosamente menor, aviltante, pois, nem de longe se
compara a um dia de trabalho de um seringueiro que extraía borracha na década
de 40 do século passado, com a correção atual.
Os seringueiros que se tornaram escravos de seu
próprio trabalho à época, valiam muito mais para os “Coronéis da Borracha”, do
que, para o estado brasileiro.
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