Sábado, 10 de julho de 2010 - 22h02
Página 20 / Lyslane Mendes
O Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) previu que a seca este ano na região amazônica será mais intensa do que em 2009, como consequência do fenômeno El Niño. Na capital do Acre, a falta de chuvas ocasionou a baixa precoce do nível das águas do rio Acre e a população ribeirinha já começa a sentir os reflexos da estiagem.
De acordo com a última medição realizada pela Coordenação Municipal de Defesa Civil, o nível estava na marca de 2,51 metros, o que para o período do ano já é um quadro preocupante. Com o nível do manancial tão baixo, as embarcações ficam prejudicadas e a viagem para transportar mercadoria dos colonos até a cidade, mais demorada.
Segundo o trabalhador rural Manoel Ferreira de Souza, que vive no projeto Moreno Maia, os colonos sentirão os reflexos mais severos da forte seca. Ele acredita que se não houver um volume razoável de chuva até setembro, os ribeirinhos ficarão ilhados sem ter como levar mercadoria para a cidade ou menos sair de suas propriedades.
“Este ano está diferente, o tempo está mais seco e o rio baixou muito rápido para o início da estiagem. Se continuar dessa forma, até setembro os colonos estarão todos ilhados. Para chegar até aqui, saímos de casa às 5 horas e chegamos ao porto às 14. Geralmente quando o rio está com o volume normal a viagem dura apenas quatro horas”, relata.
O colono afirma ainda que, com a seca, as viagens ficam mais caras, por gastar o dobro do combustível. E lembra a baixa da safra, quando a banana que ele entrega no cais é vendida a 15 reais a caixa. Em tempos de boa safra a mesma quantidade pode ser vendida por até 30 reais.
Há ainda o risco da viagem com os bancos de areia no meio no manancial, que podem causar acidentes ou atrasar chegada dos produtos que também causam preocupação.
“Tem que tomar cuidado, o rio está baixo e tem muito banco de areia pelo caminho, por isso temos que respeitar o tempo. Para sair daqui vamos gastar mais de 12 horas até chegar em casa. Nesta época do ano não compensa vir mais de uma vez à cidade com mercadoria, a safra não anda boa e podemos correr o risco de ver banana estragando no casco no barco”, declara.
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