Sexta-feira, 6 de novembro de 2009 - 20h43
A estimativa é alarmante e tem relação direta com a sustentabilidade da pecuária: mais da metade das pastagens na Amazônia se encontra em algum estágio de degradação. É na tentativa de reverter esse quadro que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolve pesquisas voltadas à recuperação de pastagens. O tema será tratado no II Rondônia Leite, evento que vai reunir especialistas em pecuária leiteira de todo o país nos dias 16, 17 e 18 de novembro no município de Ji-Paraná, em Rondônia.
Doutor em Zootecnia, o pesquisador da Embrapa Acre Carlos Mauricio Soares de Andrade explica que o critério utilizado para determinar se uma pastagem é produtiva é a proporção de plantas daninhas. Se as invasoras representam mais de 10% da pastagem, é sinal de que a área está em processo de degradação. Se a concentração de ervas daninhas for superior a 60%, então o capim não tem mais capacidade para competir com as demais plantas e será necessário reformar a pastagem.
O primeiro passo para a recuperação é identificar a causa da degradação. De acordo com os especialistas, são quatro as principais ameaças ao bom desempenho das pastagens na região. A primeira delas é a combinação de encharcamento do solo com a presença de fungo que afeta a planta. Outra importante ameaça são as cigarrinhas, consideradas as principais pragas de gramíneas forrageiras em toda a América Latina. A falta de manutenção da fertilidade do solo e excesso de animais por área de pastagem completam a lista das principais causas de degradação.
"Muitas vezes o produtor busca uma receita pronta para recuperar sua pastagem, mas em certas ocasiões é preciso adotar diferentes medidas em uma mesma propriedade, em função das causas da degradação", alerta o pesquisador Carlos Mauricio, que fala sobre o assunto no último dia do II Rondônia Leite. "E também não adianta replantar o capim sem fazer o manejo adequado da área ou sem sanar a verdadeira causa da degradação, porque em pouco tempo a pastagem volta a ficar comprometida", completa.
Vantagem competitiva
A recuperação de pastagens é uma alternativa para aumentar a competitividade da pecuária na Amazônia sem a necessidade de abertura de novas áreas de floresta. Algumas características naturais já tornam a região favorável. A primeira delas é o clima. A combinação de altas temperaturas com regime bem distribuído de chuvas, em comparação com outras regiões do Brasil, favorece o crescimento do capim. "Como a estiagem é curta, são menores os períodos em que se torna necessário complementar a alimentação, o que reduz o custo de produção", mostra a pesquisadora Ana Karina Dias Salman, da Embrapa Rondônia.
Outro fator que torna o modo de produção a pasto favorável é o baixo preço da terra. "Em outras regiões o custo da terra é muito alto e os produtores são obrigados a adotar sistemas intensivos, com o confinamento dos animais". Como o maior componente do custo de produção é a alimentação dos animais, o modo de produção a pasto se torna o mais rentável.
Mas defender o modo de produção a pasto na Amazônia não significa necessariamente estimular o desmatamento, alerta a pesquisadora Ana Karina. "É possível fazer um manejo adequado em pequenas ou médias áreas de pastagem ou adotar sistemas silvipastoris de modo a respeitar a legislação e fazer da atividade uma alternativa sustentável para o produtor e para o meio ambiente", completa.
O II Rondônia Leite é um evento técnico voltado a estudantes e profissionais que trabalham na cadeia produtiva do leite. As inscrições são gratuitas, mas o participantes devem levar 2 kg de alimento não perecível no primeiro dia do evento. As atividades acontecem no auditório da Ulbra, em Ji-Paraná.
Além da Embrapa, empresa vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, fazem parte da organização do evento o Governo do Estado de Rondônia, a Associação de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia (Emater-RO), o Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-RO) e a Câmara Setorial do Leite. Confira a programação completa e preencha a ficha de inscrição em www.cpafro.embrapa.br/rondonialeite/
Fonte: Embrapa Rondônia
Daniel Medeiros (SC-02735-JP)
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