Quarta-feira, 8 de setembro de 2010 - 07h38
NÁFERSON CRUZ
Equipe do EM TEMPO
Enviado ao Sul do Amazonas
diadia@emtempo.com.br
A seca deste ano começa a afetar o abastecimento e o escoamento da produção dos ribeirinhos da região, que estão praticamente isolados. É o que está ocorrendo agora em 11 comunidades do município de Itamarati, no Sul do AmaAzonas, a 1.130 quilômetros de Manaus. Hoje, os ribeirinhos já gastam o dobro do tempo da viagem para chegar até o porto das cidades mais afetadas. A demora na viagem se deve à estiagem que atinge o rio Purus, cujo leito está 15 metros abaixo da média. As pedras e bancos de areia que se formam no leito do subafluente do rio Amazonas já ameaçam encalhar as embarcações dos produtores.
De acordo com o líder da comunidade Nova Morada, Antônio Amanso Limas, 43, a chegada da estiagem dificulta a vida dos produtores rurais. Além dos obstáculos provocados pela distância, os ribeirinhos acabam enfrentando outros problemas, como o barateamento das mercadorias. “A oferta nessa época é maior que a procura e a gente acaba sendo obrigado a vender mais barato”, disse.
O ribeirinho Raimundo Cruz, 36, acredita que a seca dos rios amazônicos, cada ano maior, é provocada pelos desmates, queimadas e poluição, causada pela população da região. “O rio está desaparecendo. Dói na gente vê tanta poluição na água e nas margens. Se não houver mais cuidado com o rio vai chegar o tempo em que a gente não vai ter mais nem esse ‘fiozinho’ de água que está aparece agora”, garante o morador da comunidade.
Outras dez comunidades, além da Nova Morada, estão parcialmente isoladas. É o caso das comunidades de São José, Xeruan, Canamã e Quiriru 1, 2 e 3, somadas a mais quatro aldeias indígenas.
Duas mil pessoas afetadas
De acordo com a prefeitura de Itamarati, aproximadamente duas mil pessoas já estão sendo afetadas pela seca. “Quando o nível do rio baixa muito, as comunidades ribeirinhas são as que mais sofrem com as dificuldades de acesso”, disse o prefeito João Campelo, que é presidente da Associação dos Municípios.
Segundo ele, na comunidade de Queriru 3, cerca de cinco toneladas de farinhas estão ‘presas’, deste a última semana por não ter como ser levada até a sede do município. "A seca no rio Juruá está elevada, principalmente neste mês de setembro em que as chuvas cessam e as queimadas estão constantes. A cidade de Itamarati está a apenas 60 centímetros da seca registrada em 2005", completou Campelo.
Durante a viagem de uma hora e meia até a comunidade Nova Morada, a equipe do EM TEMPO, registrou em um cenário desolador afetado provocado pela estiagem: diversos pontos com aglomeração de urubus se alimentando de peixes mortos. Em um desses pontos, aves devoravam uma grande arraia já em decomposição.
Distribuição de energia prejudicada
A estiagem que atinge os municípios do Sul do Amazonas há cerca de mês e meio, começa a afetar de alguma forma — pela falta de combustível — o sistema de distribuição de energia elétrica de Itamarati.
De acordo com o prefeito, João Campelo, quatro balsas da Petrobras que fazia o transporte de combustível para os municípios de Envira (a 1.208 quilômetros) e Ipixuna (a 1.367 quilômetros), encalharam a quatro horas da chegada em Itamarati. “O combustível para o gerador de energia e para os veículos na cidade está sendo transportado por canoas, o único meio de transporte alternativo que ainda consegue navegar pelo leito dos rios. Senão, estaríamos às escuras”, disse Campelo.
O gerente do posto flutuante de combustível, Carlos Augusto Martins, contou que no último mês (agosto), a balsa levou 28 dias para chagar na cidade, numa viagem que deveria ser feita em dez dias. Com o atraso, a cidade ficou perto de 20 dias sem combustível, o que resultou na venda de combustível ao preço de R$ 5 o litro.
Alerta foi feito há 15 dias
Há 15 dias, o subcomando de Ações de Defesa Civil (Subcomadec) emitiu alerta sobre a estiagem nas calhas dos rios do Amazonas. De acordo com o Centro de Monitoramento Ambiental da Defesa Civil do Estado, 27 municípios do interior podem ser atingidos.
No alerta, o Subcomadec solicitou um levantamento da quantidade de famílias e comunidades atingidas pela vazante. Segundo o Subcomadec, entre as ções programadas em caso de Situação de Emergência, está o envolvimento de órgãos estaduais, federais e instituições parceiras, que serão chamados a dar apoio aos moradores das localidades afetadas.
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