Sábado, 18 de julho de 2009 - 08h02
Antes mesmo do início das obras de pavimentação da BR 319, o norte de Rondônia já é palco de vários conflitos sociais e ambientais.
O "imbróglio dos bagres" do Madeira durante o processo de licenciamento das hidrelétricas foi motivo de sarcasmo em discurso presidencial. Apesar de ter sido mais um elemento de discórdia, ajudou a embasar o processo movido pelo MPF contra o presidente do Ibama, Roberto Messias, que assinou não só a licença prévia, mas também a de instalação de Jirau, sem que as 32 condicionantes estabelecidas pelo próprio IBAMA fossem atendidas. Messias responde agora a dois processos por improbidade administrativa.
Além desse enrosco burocrático, o Ibama penou essa semana com os moradores da Flona Bom Futuro, que fica ao sul de Porto Velho, que bloquearam o canteiro de obras da usina hidrelética de Jirau como resposta às multas do órgão aos invasores da reserva.
Criada em 1988 como medida de compensação pela construção de outra Hidrelétrica, a de Samuel, a Flona Bom Futuro foi abandonada pelo poder público e sofre há mais de 10 anos com a extração de madeira ilegal, grilagem e avanço da pecuária. Apenas em 2008 a Flona perdeu 11,9 km2 de área florestada e estimativas indicam que 25% (ca. 773 km2) da UC já foram destruídos.
Após 4 dias de manisfestação, as cerca de 900 pessoas deixaram o local assim que governo e a superintendência do Ibama no Estado anunciam um acordo sobre as reivindicações.
A Flona Bom Futuro funcionou como moeda de troca de Ivo Cassol, governador de Rondônia, pela licença de Jirau. O governador, para concordar com a licença, trocou a Reserva Estadual do Rio Vermelho, que será inundada com a construção do Complexo do Madeira, pela Flona Bom Sucesso, que interessa ao governo de Rondônia para manter no local as milhares de famílias que moram dentro da reserva.
Os custos do PAC estão recaindo sobre aqueles que, a frente de orgãos públicos como IBAMA, FUNAI e ICMBio, sofrem pressão e tentam conciliar o cumprimento da legislação e a defesa do interesse público na velocidade que as próximas eleições exigem.
Fonte: Greenpeace
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