Segunda-feira, 28 de dezembro de 2009 - 08h31
Amanda Mota
Agência Brasil
A produção e o consumo de alimentos orgânicos no Norte do país ainda está “engatinhando” em comparação com as demais regiões. De acordo com a Comissão da Produção Orgânica do Pará (CPOrg-PA), a Região Norte é responsável por apenas 2,6% da venda de orgânicos no Brasil e é a que menos consome esse tipo de produto.
Levantamento da prefeitura de Belém indica que a agricultura orgânica concentra-se nas regiões Sudeste (60% da produção e comercialização) e Sul (25%). Na Amazônia, a produção ainda é incipiente, afirma a coordenadora da comissão, Martha Parry.
Martha atribui a pequena produção a fatores como o alto custo para a certificação dos orgânicos e a falta de capacitação técnica na região, o que inviabiliza a participação de maior número de pessoas na atividade. A certificação de alimentos orgânicos no país é feita atualmente por 20 empresas autorizadas pelo Ministério da Agricultura.
“O problema é que essas empresas estão todas no Sudeste e no Sul do país, e trazê-las para o Norte implica altos custos que, se efetivados, vão encarecer o produto.”
Apesar de considerado pelo ministério um mercado em plena expansão (o país tem 800 mil hectares de terras destinadas à agropecuária orgânica), Martha ressalta que muitos itens são produzidos na Região Amazônica de forma extrativista sustentável, ou seja, sem o uso de agrotóxicos. Contudo, para serem considerados orgânicos, precisam usar apenas fontes de nutrientes naturais em todo o processo de plantio e desenvolvimento.
“São alimentos orgânicos de fato, mas não de direito. Não é só pela ausência de agrotóxico que um alimento é considerado orgânico. Tem outros elementos envolvidos, como a saúde e o respeito ao meio ambiente”, esclarece.
Ainda assim, o Pará e o Amazonas – maiores estados da Região Norte – exportam guaraná, castanha e cacau – todos orgânicos. Em Manaus e em Belém, as comissões da Produção Orgânica promovem feiras para ajudar pequenos produtores a vender o que cultivam. “Somente quando o produtor faz a venda direta ao consumidor é que o comércio pode ocorrer sem a certificação. É o caso das feiras de orgânicos de Manaus e de Belém, feitas com relativa periodicidade”, diz Martha.
O pesquisador de genética e melhoramento do guaraná André Atroch, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Unidade Embrapa Ocidental, destaca que a produção de alimentos orgânicos na região ainda é feita de forma fragmentada e em pequena escala. Atroch defende a rediscussão dos mecanismos de certificação para reduzir os custos e a burocracia no setor.
“A grande dificuldade na produção de alimentos orgânicos é que não existe um sistema de produção organizado em larga escala. Precisamos organizar isso desde o homem do campo até a indústria”, afirma o pesquisador.
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