Domingo, 1 de agosto de 2010 - 08h14
Daniel Panobianco - Os modelos mudaram o prognóstico em sua última rodada e ao invés de diminuírem a intensidade do frio projetado – como de costume – aumentaram e muito a potência da grande onda de frio que tomará conta de pelo menos 60% do território nacional na próxima semana.
Há previsão de até -7°C de temperatura mínima em cidades de serra de Santa Catarina e de -6°C no sudoeste do Paraná. Regiões de Palmas e Guarapuava poderão ser fortemente castigadas por geadas intensas entre quinta-feira e sábado (5 e 7 de agosto). Em parte dos três Estados sulinos, alguns modelos preveem acumulado de neve, até mesmo em regiões onde o fenômeno é raro de se presenciar.
Desta vez, a grande onda de frio promete tilintar os termômetros também, no interior paulista, onde em todo o Vale do Paranapanema, regiões desde Rosana (extremo oeste) até Ourinhos (sudoeste), a previsão de geada é grande e culturas em andamento poderão sofrer grandes perdas, com mínimas que podem ficar abaixo de 2°C em várias localidades, principalmente as áreas de baixada.
A previsão de frio extremo à severo preocupa mais em Mato Grosso do Sul, onde a última onda de frio matou quase 3 mil cabeças de gado e uma quantidade incalculável de peixes na região de Ponta Porã, no sul do Estado. Para esta cidade, a previsão para o próximo final de semana, segundo os modelos numéricos, é de que a temperatura mínima possa ser registrada em valores negativos. Até no Pantanal, região de Corumbá, o frio vai beirar 0°C.
Em parte de Mato Grosso, regiões de Rondonópolis, São Vicente, Cuiabá, Cáceres e Pontes e Lacerda, a temperatura já cai neste domingo, mas será na quinta-feira que um novo e intenso pulso polar derrubará ainda mais as temperaturas. Pode gear no centro-sul mato-grossense, entre Cáceres e Poxoréo.
Em Rondônia, Acre e sudoeste do Amazonas, o fenômeno da friagem está garantido. Cidades que normalmente registram frio intenso para os padrões amazônicos, como Vilhena em Rondônia, poderão se surpreender não com o registro de mínimas – cujo recorde de 2010 é de apenas 7,6°C em Vilhena – mas sim com a observação da sensação térmica, que é o frio sentido pelo corpo humano, em virtude da ação dos ventos. Vilhena, que na última friagem teve sensação térmica de -3°C pode registrar valores ainda mais inferiores, pois além de baixas temperaturas há previsão de ventos fortes no sul amazônico. Na cidade, quatro pessoas podem ter morrido de hipotermia na última invasão polar.
O número de pessoas que morreram por conta do frio extremo na segunda quinzena de julho já passa de 30 só no Brasil, mas em toda a América do Sul, mais de 400 perderam a vida, a maioria no Peru e na Bolívia.
A grande onda de frio, além de mexer com o cotidiano das pessoas irá alavancar um racionamento – já em andamento – brutal no consumo de gás e de energia elétrica na Argentina e no Uruguai.
Geralmente ondas de frio desta magnitude sempre deixam marcas na economia dos países e esta será mais outra que poderá ganhar a manchete dos jornais na próxima semana como "a onda de frio".
Dados: CPTEC/INPE – INMET – Wyoming – NCEP
(Fonte: De olho no tempo)
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