Terça-feira, 16 de fevereiro de 2010 - 15h37
Por Silvia Leão, do Museu Paraense Emílio Goeldi
Agência Museu Goeldi - “As crianças estão mais vulneráveis as mordidas por serem em maior quantidade e não por serem a preferência do morcego”, explica Wilson Uieda, biólogo do Departamento de Zoologia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, responsável pela pesquisa “Distribuição dos morcegos hematófagos na região Amazônica e o papel do morcego hematófago Desmodus rotundus na transmissão da raiva”. Em função da grande quantidade de crianças na Amazônia, esses pequenos são os mais agredidos por mordidas de morcegos.
Outro fator que leva as crianças a serem as mais agredidas por esses animais são as moradias. As populações ribeirinhas da Amazônia, em sua maioria, vivem em palafitas ou em casas de madeira e barro coberta de palhas, dormindo em redes e sem a proteção adequada contra esses animais. Além disso, sendo o barco o meio de transporte mais comum, crianças e adultos ficam suscetíveis a ataques noturnos.
“As crianças estão mais expostas pelas brincadeiras e por terem um sono mais pesado. Com isso, elas não são picadas somente uma vez, mas dezenas de vezes”, lembra Uieda. Os dados foram divulgados durante o Simpósio sobre a Raiva Humana na Amazônia, parte da programação do XXVIII Congresso Brasileiro de Zoologia, em Belém (PA), que também contou com a participação do médico veterinário Alberto Begot e Marcelo Wada, do Ministério da Saúde.
Os casos no Pará - Alberto Begot, médico veterinário da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) explica que as agressões de morcegos em crianças também são maioria no Pará. Dados parciais mostram que as agressões por morcegos em humanos teve uma diminuição a partir de 2005. “É importante lembrar que em 2003 não houve nenhum caso de raiva registrado no Pará”, afirma Begot. Em 2005 foram 8.601 casos registrados. Já em 2009 foram 830. Essa quantidade de casos se baseia no número de doses de vacinas aplicadas pelo Estado.
Outro dado importante, apontado por Begot, são os municípios do Pará com maior registro de agressões por quirópteros, espécie de morcegos hematófagos, presentes nas comunidades ribeirinhas. A maior incidência foi registrada em Portel, no Marajó, com 3.190 casos desde 2004, em seguida o município de Augusto Corrêa, no nordeste paraense, com 2.711 casos.
A raiva humana no Brasil – “De 1980 até 2009, 79% dos casos de raiva humana no Brasil foram ocasionados por morcegos”, lembra Marcelo Wada, responsável pelo Grupo técnico da raiva, vinculado a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, em Brasília (DF) ao apresentar “Agressões e surtos recentes de raiva humana transmitida por morcegos hematófagos”, no Congresso de Zoologia.
Nos anos 80 e 90 a raiva humana sempre esteve ligada aos cães. “Devido ao elevado número de casos humanos, onde o agressor era canino, o foco das campanhas era todo direcionado aos cães”. Porém, nos últimos dez anos, o número de agressões ocasionadas por cães se igualou ao número de agressões por morcegos. “Apesar de ter aumentado os casos de raiva humana por morcegos, a partir de 2007 registramos menos de dez casos por ano, mostrando um avanço muito grande do Programa Nacional de Combate a Raiva.” relata Marcelo Wada.
Wada lembra quais são os fatores de risco que levou o Brasil a ter surtos de raiva, transmitida por morcegos, em 2004 e 2005. “As mordidas por morcegos hematófagos tem como fatores determinantes os desmatamentos, as queimadas, as condições de moradias dessas comunidades ribeirinhas onde as casas fazem usos de jiraus e há falta de luz, além do uso de redes sem mosqueteiros”.
A raiva – De acordo com o Portal do Ministério da Saúde (MS), o vírus rábico pertence à ordem Mononegavirales, família Rhabdoviridae e gênero Lyssavirus. A transmissão da raiva se dá pela penetração do vírus contido na saliva do animal infectado, principalmente pela mordedura e, mais raramente, pela arranhadura e lambedura de mucosas. O vírus penetra no organismo, multiplica-se no ponto de inoculação, atinge o sistema nervoso periférico e, posteriormente, o sistema nervoso central. A partir daí, dissemina-se para vários órgãos e glândulas salivares, onde também se replica e é eliminado pela saliva das pessoas ou animais enfermos.
Todos os mamíferos são suscetíveis à infecção pelo vírus da raiva. A imunidade é conferida por meio de vacinação, acompanhada de soro. Dessa maneira, pessoas que se expuseram a animais suspeitos de raiva devem ser vacinados, assim como indivíduos que, em função de suas profissões, se mantêm constantemente expostos.
Serviço: XXVIII Congresso Brasileiro de Zoologia - Biodiversidade e Sustentabilidade, de 7 a 11 de fevereiro, no Hangar - Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, Belém, Pará. Realização: SBZ/MPEG/UFPA
(Envolverde/Museu Goeldi)
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