Quinta-feira, 8 de julho de 2010 - 16h47
São Paulo - A área plantada com soja nos estados do Mato Grosso, do Pará e de Rondônia – integrantes do bioma Amazônia - corresponde a 0,25% de toda a área desmatada nessa região. Segundo dados do Grupo de Trabalho Moratória da Soja 2009-2010, integrado pelos segmentos de indústrias processadoras, de exportadores e de organizações da sociedade civil, foram identificados o plantio do grão em 6.300 hectares dos 302.149 hectares monitorados. Os dados foram apresentados hoje (8), na capital paulista, durante a cerimônia de extensão da moratória.
A moratória da soja é um compromisso firmado em julho de 2006 entre as empresas que comercializam o grão e representantes da sociedade civil, e prevê que nenhuma soja plantada em áreas desflorestadas, após a data da assinatura, seja comercializada.
No monitoramento feito na safra de 2007-2008, a área avaliada foi de 49.809 hectares, com a conclusão de que não houve plantio de soja. No segundo monitoramento, na safra de 2008-2009, a superfície verificada passou para 157.896 hectares, com cultivo do grão em 1.384 hectares.
Segundo o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Carlo Lovatelli, o registro de aumento de áreas plantadas e monitoradas se deve à aplicação de uma nova ferramenta do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), desenvolvida especificamente para detectar a existência de culturas agrícolas em áreas florestadas.
“Com essa ferramenta nós fomos mais detalhistas, cobrimos áreas menores que antes não cobríamos, de 25 hectares ao invés de 100 hectares. Mas comparado com o total desmatado, esses 0,25% são irrisórios para a soja. A comparação melhor vai ser com a próxima safra, porque o critério será homogêneo, porque temos uma ferramenta que cobre a extensão toda dos estados produtores”, explicou Lovatelli.
De acordo com ele, o produtor que não aderir ao projeto terá dificuldades para vender seu produto, já que as entidades que participam da moratória são cerca de 90% do mercado comprador. “Não interprete isso como ameaça, mas nós estamos querendo fazer um processo de governança para ajudar o governo a implementar algumas coisas que estão faltando. A moratória não veio para ficar permanentemente. Nosso desejo é o de que acabe no próximo ano, porque isso seria ter atingido os objetivos”, afirmou.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que participou da cerimônia, lembrou que o ministério aderiu ao projeto em 2008 e tem um balanço positivo da evolução do monitoramento. “Ainda há desafios para aperfeiçoar porque há ainda alguns fazendeiros que desmatam e adicionam terras à sua produção. Mas o que se reconhece é que a maior parte da produção da soja no Brasil não está contribuindo para o desmatamento da Amazônia, e isso está certificado com metodologias tecnológicas”, disse.
Segundo a Izabella Teixeira, o ministério continuará acompanhando e avaliando os resultados, e trabalhando para implementar o cadastramento ambiental rural e da consolidação dos elementos econômico ecológicos da Amazônia que deve ser concluído até dezembro deste ano. A idéia, segundo disse, é estender projetos desse tipo para outros biomas.
“Desde o ano passado estendemos para o Cerrado, agora a Caatinga e o Pantanal e em breve para os Pampas. Nossa expectativa é a de que o aprendizado deste exercício possa nos levar a aprimoramentos, e meu foco seria dar prioridade ao Cerrado”, disse.
Flávia Albuquerque
Agência Brasil
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