Segunda-feira, 20 de agosto de 2018 - 07h12
Será um dos momentos mais emocionantes do Encontro Mundial das Famílias em Dublin: sábado, 25 de agosto, no Croke Park Stadium, em Dublin, Andrea Bocelli vai cantar para o Papa Francisco e para milhares de famílias de mais de 100 países. O tenor italiano já se apresentou no Encontro Mundial das Famílias, em setembro de 2015, em Filadélfia (EUA).
Nesta entrevista exclusiva ao Vatican News, Andrea Bocelli fala sobre a importância da fé em sua vida, sobre as expectativas pessoais para o Encontro de Dublin e em como a música pode ajudar as famílias a viver e testemunhar a alegria e o amor, como pede o Papa Francisco.
Maestro Andrea Bocelli, em poucos dias vai cantar em Dublin para o Papa, mas também para as famílias de todo o mundo. Quais são suas emoções para este momento?
R. - Creio que é antes de mais nada uma honra ter sido envolvido nesta nobre iniciativa; em segundo lugar, é um privilégio, porque cantar diante do Santo Padre é algo prazeroso, sobretudo por causa desse tipo de fragilidade humana que nos faz sentir felizes quando nos aproximamos de personalidades carismáticas como a sua. E então, também é uma responsabilidade, precisamente porque nesses contextos são passadas mensagens, que devem ser corretas. Por isso vou tentar me preparar, vou dar o melhor de mim e depois espero que tudo corra bem, que as famílias levem para casa uma bela lembrança deste momento musical.
Obviamente, quando a notícia de sua participação foi oficializada, criou muitas expectativas: muitos em Dublin estão esperando para ouvi-lo. Mas o que você espera receber pessoalmente deste evento?
R. - Em casos como esses, se o artista consegue dar o melhor de si mesmo, o público geralmente corresponde àquele tipo de afeto, de gratidão o que é extremamente gratificante. Espero receber isso. Também porque o povo da Irlanda é um povo que gosta muito de mim e a quem me apego: assim, deste ponto de vista, estou bastante calmo.
O Papa Francisco pede que as famílias, cristãs e não cristãs, sejam alegria para o mundo. O canto e a música podem ajudar as famílias neste desafio?
R. - Tudo o que é feito para um bom propósito pode ajudar e realmente ajuda; portanto, também o trabalho de alguém como eu, que canta com o objetivo de dar alegria, propiciar um momento de leveza no qual o espírito voa e você pode refletir, meditar no sentido da vida, nas coisas que realmente contam ... Santo Agostinho dizia que "quem canta reza duas vezes"! Eu realmente gosto de acreditar nisso, porque se for verdade, eu rezei muito em minha vida.
Você cita Santo Agostinho ... para aqueles que acreditam, uma voz como a sua é um presente de Deus. Que lugar tem a fé, portanto, em seu extraordinário talento musical que é um dom, sim, mas é um dom que deve ser nutrido?
R. - Deixe-me começar desde o início: a música, a voz, como todos os talentos deste mundo, é um dom de Deus, não há dúvida sobre isso. No homem não há mérito, porque tudo o que o homem pode alcançar na vida o faz através de dons, de talentos que recebe: então, há pouco para se orgulhar, nesse sentido. Nós apenas temos que agradecer.
“ A fé é um caminho que fazemos na tentativa de entender, compreender o sentido da vida. ”
R. - Eu acredito que todos já paramos para pensar sobre o significado da vida. Então, ou se acredita que somos filhos do acaso, (...) e quem não tem fé é um pouco assim... Para mim foi um caminho racional: achei que o mundo só poderia ser o resultado de uma vontade inteligente, muito maior que a nossa, e a partir daquele momento também esperei que fosse uma vontade de amor, uma vontade que Ele realmente nos amasse! Porque há também duas maneiras de ter fé: a do cristão que deposita em Deus toda esperança e confiança possíveis, e a de Iago, no ‘Otelo’ de Shakespeare, que disse: "Eu acredito em um Deus cruel que me criou semelhante a si". Você pode até acreditar desta maneira. Isso é mais lógico do que não crer!
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