Segunda-feira, 17 de janeiro de 2011 - 11h52
BBC Brasil
“Em deslizamentos de terra, as primeiras 24 horas são cruciais. É uma situação completamente diferente de terremotos, por exemplo, quando podem ser criados espaços com muito ar, onde é possível sobreviver por vários dias”, explica o diretor de operações da organização de resposta a desastres Rapid UK.
“Claro que deve haver pessoas isoladas, em cima de telhados, mas dificilmente haverá sobreviventes embaixo de escombros”, diz ele.
“Quando há muita lama, como nas imagens que vi do Brasil, as pessoas acabam ficando submersas, é como ser afogado numa banheira, não há ar.”
Segundo Holland, só seria possível sobreviver a uma tragédia como a da serra fluminense por vários dias se uma pessoa ficasse presa em um espaço similar a um porão, protegida por uma estrutura de concreto em um espaço com muito ar.
“Ainda assim, o resgate seria extremamente complicado, porque sempre há a possibilidade de novos desabamentos ou ainda de lama e água entrarem e afogarem a pessoa durante a própria operação”, diz Holland.
Tragédia de Aberfan
O especialista britânico relembrou o caso do vilarejo de Aberfan, no País de Gales, nos anos 1960, quando após vários dias de chuva uma montanha de dejetos de uma mina de carvão deslizou sobre várias casas e uma escola.
Algumas crianças foram resgatadas com vida na primeira hora após o desastre e as equipes conseguiram encontrar sobreviventes até 16 horas mais tarde. O desastre provocou a morte de 116 crianças e de 28 adultos.
Nas enchentes da região serrana do Rio, o trabalhador da indústria Marcelo Pinheiro Fonseca também foi resgatado com vida após ficar preso em escombros por 16 horas.
Segundo relatos de testemunhas, Marcelo ficou preso em um corredor, então tinha acesso a uma corrente de ar. Haveria quatro metros de terra em cima dele e ele já relatou que já tinha dificuldades para respirar nas horas anteriores ao resgate.
O especialista John Holland explicou que em casos como o de Marcelo, equipamentos de detecção de som e CO2 são extremamente úteis, por ajudar a localizar pessoas vivas sob escombros.
Holland disse que a organização Rapid UK está disposta a ceder especialistas e equipamento para os trabalhos de resgate no Brasil, mas afirma acreditar que as autoridades brasileiras estão “bem capacitadas para lidar com a situação”.
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