Quinta-feira, 9 de setembro de 2010 - 07h49
Agência Brasil
Brasília - A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse ontem (8) que as ações dos cartéis de drogas no México e em outros países da América Latina indicam que os traficantes promovem uma “insurgência” na região, desafiando os governos locais. Segundo ela, o combate aos cartéis deve associar os elementos: capacidade institucional, aplicação das leis e apoio militar para executá-las e por em prática a vontade política.
A estimativa é que mais de 28 mil pessoas tenham morrido vítimas da violência relacionada ao tráfico de drogas no México desde que o presidente Felipe Calderón assumiu o poder, no fim de 2006, e determinou o envio do Exército para combater crimes ligados ao narcotráfico. Em um dos últimos episódios, 72 imigrantes, entre eles pelo menos dois brasileiros, foram assassinados no estado de Tamaulipas, na fronteira com os Estados Unidos.
As informações são da agência BBC Brasil. “Esses cartéis de drogas estão mostrando mais e mais indícios de insurgência”, disse a secretária em um evento no Council on Foreign Relations, em Washington. “De uma hora para outra, aparecem carros-bomba, o que não havia antes.”
Hillary disse que enquanto o México tem capacidade para reagir ao problema, o mesmo não ocorre em outros países, como por exemplo os que estão na América Central.
“Pequenos países da América Central não têm essa capacidade”, afirmou. “Nós precisamos de uma presença muito mais vigorosa dos Estados Unidos”, acrescentou.
Hillary também comparou a situação do México com a da Colômbia há alguns anos, no auge da luta contra as Forças Armadas Revolucionárias (Farc). “Está parecendo mais e mais com o que a Colômbia era há 20 anos, quando os narcotraficantes controlavam certas partes do país”, afirmou.
O porta-voz do gabinete de Segurança Nacional, Alejandro Poiré, rejeitou a analogia feita por Hillary Clinton. "Não dividimos a mesma percepção, devido ao fato de que existe uma grande diferença entre o que a Colômbia enfrentou naquela época e o que estamos enfrentando agora".
Poiré afirmou ainda que o único aspecto parecido nas situações da Colômbia e do México é que a causa principal é a alta demanda por drogas nos Estados Unidos. “Todos os esforços do Estado mexicano são para lutar contra os criminosos”, disse ele. “A colaboração com os Estados Unidos é parte integral de nossa estratégia [para enfrentar os cartéis de drogas]”, acrescentou.
Nos Estados Unidos, há uma crescente preocupação de que a violência relacionada ao narcotráfico no México acabe atravessando a fronteira - rota de tráfico de drogas, armas e pessoas. No mês passado foi iniciado o envio de 1,2 mil homens da Guarda Nacional americana para a região, com o objetivo de reforçar a segurança.
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