Segunda-feira, 23 de maio de 2016 - 06h04
Papa celebra a missa com um grupo de fiéis - OSS_ROM
Cidade do Vaticano (RV) – Manifestar a verdade de Deus não deve se desassociar da compreensão das fraquezas humanas. É o que Jesus ensina no Evangelho e que o Papa ressaltou, comentando, na Missa na Casa Santa Marta, de sexta (20/05) o trecho evangélico em que Jesus fala com os fariseus sobre o adultério. Francisco afirmou que Cristo supera a visão humana que reduz a visão de Deus a uma ‘equação casuística’.
O Evangelho é repleto de ‘ciladas’, como quando os fariseus e os doutores da lei tentam enganar Jesus, fazendo-o cair em contradição, ameaçando a sua autoridade e a confiança de que goza entre o povo. Uma das ‘emboscadas’ contidas no Evangelho do dia fala dos fariseus que perguntam a Jesus se é lícito repudiar a própria esposa.
Verdade, e não casuística
O Papa Francisco a definiu ‘a cilada da casuística’, montada por um ‘pequeno grupo de teólogos iluminados’ convencidos de possuir toda a ciência e a sabedoria do povo de Deus. Um risco do qual Jesus escapa indo ‘além’, indo até ‘a plenitude do matrimônio’.
E já o havia feito no passado com os saduceus, em relação à mulher que tinha tido sete maridos, mas que na ressurreição não será esposa de nenhum, porque no céu não se tem ‘mulher nem marido’.
Naquele caso Cristo, observou o Papa, se referiu à ‘plenitude escatológica’ do matrimônio. Com os fariseus, ao contrário, ‘vai à plenitude da harmonia da criação’. ‘Deus os criou homem e mulher, os dois serão uma só carne’.
“Não são mais dois, mas uma só carne. Assim, ‘o homem não divida o que Deus uniu. Seja no caso do levirato, seja neste, Jesus responde da verdade esmagadora, da verdade contundente – esta é a verdade! – da plenitude sempre! E Jesus nunca negocia a verdade. E estes, este pequeno grupo de teólogos iluminados, negociavam sempre a verdade, reduzindo-a à casuística. Jesus não negocia a verdade e esta é a verdade sobre o matrimônio, não existe outra”.
Verdade e compreensão
“Mas Jesus – prossegue Francisco – é tão misericordioso, tão grande, que jamais, jamais, fecha a porta aos pecadores. Por isso, não se limita a expressar a verdade de Deus, mas pergunta também aos fariseus o que Moisés estabeleceu na lei. E quando os fariseus lhe repetem que contra o adultério é lícito escrever ‘um ato de repúdio’, Cristo replica que aquela norma foi escrita ‘para a dureza do seu coração’. Ou seja, explicou o Papa, Jesus distingue sempre entre a verdade e a fraqueza humana, sem rodeios”.
“Neste mundo em que vivemos, com esta cultura do provisório, a realidade do pecado é muito forte, mas Jesus, recordando Moisés, nos diz: ‘Se há dureza do coração, se há pecado, algo se pode fazer: o perdão, a compreensão, o acompanhamento, a integração, o discernimento destes casos... Mas a verdade não se pode vender nunca! E Jesus é capaz de dizer esta verdade tão grande e, ao mesmo tempo, ser tão compreensivo com os pecadores, com os fracos”.
Perdoar não é uma equação
Assim, sublinhou Francisco, estas são as duas coisas que Jesus nos ensina: a verdade e a compreensão, o que os ‘teólogos iluminados’ não conseguem fazer porque estão fechados na cilada da ‘equação matemática ‘pode?’ ou ‘não pode?’ e, portanto, são incapazes de horizontes maiores e de amar a fraqueza humana.
É suficiente ver – concluiu o Papa – a delicadeza com a qual Jesus trata a adultera quando está para ser lapidada. ‘Eu também não te condeno; vai e de agora em diante, não peque mais’.
“Que Jesus nos ensine a ter, com o coração, uma grande adesão à verdade e também com o coração, uma grande compreensão e acompanhamento a todos os nossos irmãos que estão com dificuldades. E este é um dom, isto o ensina o Espírito Santo, não estes doutores iluminados, que para nos ensinar, precisam reduzir a plenitude de Deus a uma equação casuística. Que o Senhor nos dê esta graça”.
Fonte: rádio Vaticano
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