Quinta-feira, 6 de outubro de 2011 - 15h58
* Marcelo Guilherme Moreira
Perdemos Steve Jobs. É com grande intimidade e com um sentimento de perda que escrevo isso. Afinal, Steve faz parte da minha vida desde que, no início dos anos 80, me apaixonei por computadores ao tocar um Apple II, mesmo ele estando desligado. Foi ali que decidi ser programador de computadores. Steve Jobs representa (no presente mesmo) o que há de mais genial em uma geração que nasceu no pós-guerra.
Steve tinha apenas uma grande vontade: mudar o mundo. Mas, o que dois nerds da Califórnia podem fazer para mudar o mundo com parafernálias eletrônicas? Lá na garagem da família Jobs nascia um sonho que mudaria a história dos computadores, a história da música e a história da comunicação. Tudo isso, por fim, criaria uma nova história ao colocar nas mãos das pessoas equipamentos com poder computacional que podem ser tocados com a ponta dos dedos, separando, finalmente, o que é dos técnicos e o que é das pessoas comuns.
O legado deixado por Jobs é um mundo completamente diferente do que era quando ele e Wozniak começaram a construir computadores na garagem da família de Steve. Os computadores chegaram às mãos das pessoas comuns, tornaram-se equipamentos necessários à educação, à saúde e a qualquer indústria, inclusive às artes.
Jobs era um apaixonado pelo que fazia e o que fazia na verdade era encantar as pessoas. Jobs chegou a passar uma noite acordado (foram várias), olhando para uma mesa de escritório e imaginando como deveria ser o MAC, para que não atrapalhasse o serviço dos usuários. Depois de 24 horas olhando a mesa, concluiu que o único espaço possível era o de uma lista telefônica. Aliás, era justamente o lugar da lista que o MAC deveria tomar.
Quando comunicou aos engenheiros que o MAC deveria ser do tamanho de uma lista telefônica, quase provocou uma guerra dentro da Apple. Houve brigas, choro, pedidos de demissão, xingamentos à mãe de Steve e, até mesmo Woz, seu eterno e bom parceiro, chegou a interceder para que Steve não insistisse nessa loucura, pois pensava ser impossível criar um computador nessas dimensões.
Steve apenas observou tudo com seu característico sorriso sarcástico de canto de boca. No final, sentenciou: “Só estou propondo isso porque vocês são os únicos no mundo capazes de fazê-lo”. Em 1984, Steve Jobs subiu ao palco e apresentou o Macintosh. Ele estava certo, os engenheiros traduziram seu sonho em uma máquina especial que ocupava apenas o espaço de uma lista telefônica.
No mesmo ano, Steve foi dispensado da Apple, pois a diretoria não concordava com seus métodos de trabalho e o colocou para fora da sua própria empresa. Muita coisa se falou sobre ele na época, inclusive que era um bêbado perdedor, que a única coisa que tinha feito na vida era o Apple II e que jamais se levantaria novamente.
Alguns anos depois, Steve Jobs revolucionaria a animação cinematográfica ao produzir Toy Story. Steve estava no topo novamente e era aclamado como gênio.
À beira da falência, a Apple o chama de volta e, desta vez, com entendimento de que o único jeito de a empresa permanecer vencedora eram justamente aqueles métodos antes criticados. E não é que Steve Jobs levou a Apple novamente à condição de primeira do mundo?
Muitas são as faces dos gênios. Steve Jobs se encaixa nas mil faces da genialidade, pois parte desse plano com seu sonho realizado. Mudou a história dos computadores, mudou a história do cinema, mudou a história da música, mudou a história da comunicação. Enfim, Steve Jobs mudou o mundo.
Afinal, trabalhar para mudar o mundo é melhor do que vender água com açúcar. “Vamos inventar o amanhã, em vez de nos preocuparmos com o que aconteceu ontem” (Steve Jobs).
* Marcelo Guilherme Moreira é Diretor de Tecnologia da Informação e Comunicação da Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br); tecnólogo em Processamento de Dados pela Universidade São Judas Tadeu
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