Terça-feira, 22 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Mundo - Internacional

WikiLeaks: Chávez incitou Bolívia a tomar Petrobrás


De acordo com diplomatas americanos, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, incitou o governo de Evo Morales, na Bolívia, a nacionalizar as instalações da Petrobrás no país em 2006, fato que provocou um atrito econômico e diplomático com o Brasil. A informação está em telegramas da Embaixada dos Estados Unidos em Brasília enviados ao Departamento de Estado americano e revelados pela ONG WikiLeaks.

Segundo os americanos, Marcelo Biato, o assistente direto do assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, relatara que Chávez interagia com Evo nos dias que antecederam a ocupação das instalações da Petrobrás por militares da Bolívia.

"Biato disse que em março (de 2006), Petrobrás e interlocutores bolivianos haviam começado o que pareciam ser discussões relativamente positivas. No entanto, Evo interrompeu abruptamente as conversas, insistiu que só discutiria o assunto diretamente com Lula", diz o documento, datado de maio de 2006. "No intervalo entre as conversas de março e a nacionalização, Biato observou que houve várias conversas entre Evo e Chávez", relata o telegrama.

Em 20 de abril, em encontro bilateral entre Lula e Chávez, o presidente brasileiro manifestou ao venezuelano sua preocupação com seu envolvimento no caso dos hidrocarburetos bolivianos. "Agora está claro para o governo do Brasil que Evo foi encorajado depois de ouvir que Chávez poderia prover ajuda técnica para obter o gás", afirma o despacho, referindo-se à possibilidade de a estatal de petróleo da Venezuela, a PDVSA, passar a auxiliar a boliviana, YPBF, em caso de rompimento entre Lula e Evo.

Em 5 de maio, um novo telegrama dá conta de um novo encontro entre representantes diplomáticos americanos com Biato. Na conversa, o assessor brasileiro é questionado sobre a proximidade entre Chávez e Evo, indagação à qual Biato responde de forma lacônica. "O que podemos fazer? Nós não escolhemos nossos vizinhos. Nós não gostamos do modus operandi de Chávez, nem das surpresas de Evo, mas nós temos de lidar com esses caras de alguma forma e manter a ideia da integração regional viva", diz.

Em outro despacho, datado de 26 de junho de 2006, o então embaixador americano, Clifford M. Sobel, relata que Marco Aurélio Garcia lhe confirmava a intervenção chavista no caso. "Ele sugeriu que o Brasil encorajou o presidente venezuelano Chávez a baixar o tom e se tornar "menos presente" no caso. Chávez entendeu que seu esforço fora invasivo e contraproducente", diz o relato. No mesmo encontro, Garcia teria afirmado que Evo também recebeu a sugestão de "baixar o tom".

A operação militar da Bolívia na refinaria da Petrobrás, em maio de 2006, fazia parte da política de nacionalização das reservas de hidrocarburetos pelo governo de Evo. Depois de uma reação hesitante (mais informações nesta página), o governo Lula e a Petrobrás aceitaram as novas regras impostas por La Paz para o setor petroquímico, reduzindo os dividendos das companhias que exploravam os recursos. Uma das questões centrais era o ressarcimento pelos investimentos da Petrobrás na Bolívia, avaliados em US$ 1,6 bilhão.

Fonte: jornal o Estado de São Paulo

Gente de OpiniãoTerça-feira, 22 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Entenda o conclave, ritual de escolha do novo papa no Vaticano

Entenda o conclave, ritual de escolha do novo papa no Vaticano

O conclave é o ritual secular que marca a eleição dos novos papas. A palavra vem do latim cum clave - fechado a chave – e remete à votação secreta q

Papa Francisco morre aos 88 anos; conheça a trajetória do pontífice

Papa Francisco morre aos 88 anos; conheça a trajetória do pontífice

O papa Francisco morreu às 7h35, horário de Roma, desta segunda-feira (21), no Vaticano, em Roma. O anúncio da morte foi feito pelo Camerlengo Kevin

Marcos Rocha faz discurso firme na COP29 e desafia o mundo a agir pela Amazônia: “Quem pagará para que a floresta fique em pé?”

Marcos Rocha faz discurso firme na COP29 e desafia o mundo a agir pela Amazônia: “Quem pagará para que a floresta fique em pé?”

O Governador de Rondônia, Marcos Rocha, protagonizou um dos momentos mais marcantes da COP29, realizada no Azerbaijão, ao unir palavras e imagens qu

Gente de Opinião Terça-feira, 22 de abril de 2025 | Porto Velho (RO)