Já em Ji-Paraná, a realidade é outra. As famílias até foram alojadas em um ginásio de esportes, mas a informação que chega ao Corpo de Bombeiros local ou é muito mal formulada ou o dinheiro corre solto para tapar o que é nítido por qualquer pessoa hoje em dia que tenha acesso à internet.
Em entrevista, o Capitão do Corpo de Bombeiros, Roberto Eloi de Souza, disse que as comportas das hidrelétricas não foram abertas para a água subir tanto em Pimenta Bueno, Cacoal e Ji-Paraná.
"Ao contrário do que foi divulgado nos meios de comunicações, nesta semana em todo o Estado de Rondônia, não houve a abertura das comportas pelas hidrelétricas de Rondon II e Primavera".
Talvez não seja do conhecimento do Capitão, mas hoje em dia é possível sim saber se o fluxo e vazão das águas aumenta ou se mantém no seu nível normal abaixo das hidrelétricas e desta vez o mesmo representante dos Bombeiros, a instituição mais séria do Brasil está equivocado, pois os dados aferidos pela ANA (Agência Nacional de Águas) mostram que houve uma brusca elevação no nível dos reservatórios e em menos de 3 horas a água baixou mais de 2 metros. (veja os dados das estações). (http://satelite.cptec.inpe.br/PCD/historico/pagina.jsp?ID=31984) Seria evaporação demais pra tanta água descer barragem abaixo?
Eloi ainda deslizou um pouco mais dizendo que a elevação em Pimenta Bueno foi de "alguns centímetros" e não metros como divulgado. "O comandante disse que as águas dos rios Barão de Melgaço e de Pimenta Bueno só subiram poucos centímetros por causa das chuvas e não dois metros conforme vem sendo divulgado."
Mais uma vez, o Capitão do Corpo de Bombeiros de Ji-Paraná desconhece a tecnologia disponível hoje em dia para acompanhar tudo, até mesmo cada centímetro de elevação de um nível de um rio. Os dados da estação da ANA mostram que não foram meros "centímetros" e sim metros de aumento, o que resultou na maior enchente em termos de proporção já vista em Pimenta Bueno. (veja os dados da estação) (http://satelite.cptec.inpe.br/PCD/historico/pagina.jsp?ID=32160)
Autoridades, pessoas influentes, conhecidas e a ladainha da política da boa vizinhança de sempre. "Fale pra ouvirem e acreditarem que estamos dispostos, cientes e atentos", já dizia Mário Covas, ex-governador de São Paulo referindo-se as entranhas que amargam a carreira pública.
Dados de instituições locais não passam de meras cartas jogadas ao chão, pois em Rondônia, principalmente, e sempre, como de costume, instituição local aparece depois do ocorrido. Ou será que alguém trabalhou nos dias de Carnaval acompanhando, alertando e fazendo a política da boa vontade para os municípios que tão logo seriam castigados pelas enchentes?
Fato consumado, xeque-mate; Nada há mais do que debater sobre os "elefantes brancos" impregnados em Rondônia. Mas agora, testificar dados, tidos como incorretos ou meras suposições, as autoridades locais devem se lembrar de que em Rondônia existe muito mais do que rio, mato e índio, existe gente; Gente que necessita de ajuda e principalmente, gente atenta a tudo ao que falam, escrevem...
Fotos: Fernando Faria
Fonte: De olho no tempo