Quarta-feira, 2 de outubro de 2013 - 11h11
Porto Velho está completando 99 anos de fundação. E não é uma data para festas nem para alegrias, infelizmente. Também não é implicação minha falar mal mais uma vez deste lugar onde resido há mais de 30 anos, pagando impostos e criando meus filhos. A realidade fala por si só. Com quase 500 mil habitantes e uma área superior à Bélgica, esta cidade apresenta, segundo o Instituto Trata Brasil, uma das piores qualidades de vida dentre as capitais brasileiras. Entre os municípios do país acima de 300 mil habitantes, ficamos em último lugar quando o assunto é água tratada e saneamento básico. E o problema não é a pouca idade como muitos afirmam. Maringá, no interior do Paraná, tem pouco mais de 50 anos e desponta como uma das melhores cidades do Brasil. Caxias do Sul na Serra Gaúcha e Uberlândia em Minas Gerais, idem.
Viver em Porto Velho sempre foi um desafio para quem aqui nasceu e também para quem decidiu aqui morar. No inverno (chuva), é lama em todas as ruas e recantos da cidade. No verão, a poeira, associada à fumaça das queimadas, é a nossa companheira inseparável. A situação é tão ruim que um dos atuais vereadores chegou a dizer que “em Porto Velho, que está abandonada pela atual administração, é um pé na lama e poeira no olho”. Na verdade, esta capital sempre esteve abandonada pelo Poder Público desde a sua fundação. E já começou de forma errada: quando se perceberam as dificuldades para atracar as embarcações na cachoeira de Santo Antônio, onde está o marco zero da cidade, decidiu-se imediatamente mudar de local. Porto Velho ironicamente era para ter-se desenvolvido onde hoje é um cemitério, o “Tonhão”.
Suja, fedida, sem saneamento básico, sem água tratada, sem planejamento urbano, sem arborização, sem praças, sem recantos de lazer, violenta e pontilhada de lixo nas ruas perde feio até para Porto Príncipe, capital do Haiti, que foi devastada por um terremoto. Ficamos atrás também de muitas cidades da África subsaariana quando o tema é IDH e qualidade de vida. E não é difícil perceber o que há por trás deste caos. Nós habitantes temos muito pouco zelo pela nossa cidade. Não reciclamos o nosso lixo nem colaboramos com nada. Isso associado a uma penca histórica de políticos ruins, ladrões e incompetentes que sempre estiveram à frente de tudo. O atual Prefeito, está há nove meses no Poder e até agora praticamente não deu o ar da graça e não fala nada. “É como se não tivéssemos ninguém nos administrando”, é o que se ouve com frequência.
Lamento que muitos moradores se enfureçam com estas declarações, mas se trata da mais pura verdade. A revista Época quando denunciou o fato foi infantilmente criticada. E geralmente quando alguém levanta a voz para denunciar as mazelas, o falatório é geral. Sentimento telúrico, bobo e infantil não resolve problemas. Parece até que muitas pessoas aceitam viver no lixo e na imundície característicos da cidade. A minha saída daqui, como muitos querem, não vai mudar em nada esta triste situação. É preciso identificar o problema na sua origem e cobrar providências dos responsáveis, mas parece que nos faltam coragem e visão política. A Câmara de Vereadores, por exemplo, poderia ser mais cobrada pelos eleitores. Concluir obras inacabadas como os viadutos, a ponte sobre o Madeira, a rodoviária nova ou a construção de um hospital de pronto-socorro decente, dentre outras benfeitorias, são mais urgentes do que sentimentos toscos que não levam a nada. Nosso comodismo não permite que se deem os parabéns a Porto Velho. Só os pêsames mesmo. Eu já não aguento mais as alagações, os buracos nas ruas, a poeira, a escuridão e o trânsito infernal. Será que nada disso vai mudar um dia? Como posso me orgulhar de morar numa das antessalas do inferno?
*É Professor em Porto Velho.
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