Terça-feira, 29 de novembro de 2016 - 14h07
Quando anunciaram no domingo o “ajuste institucional” para barrar a aprovação de qualquer anistia a caixa dois e delitos conexos, Temer, Rodrigo Maia e Renan Calheiros ofereceram à opinião pública uma dose de moralismo de ocasião para tentar conter o desmanche ético do governo depois do caso Geddel. O Planalto constatara, com espantoso atraso, a extensão do desgaste e da perda de apoio, que alcançou a mídia aliada, setores empresariais e até os movimentos de direita que proporcionaram ao golpe um elo com as ruas. O problema é que não combinaram previamente o enterro da anistia com seus “russos”, a base aliada que busca desesperadamente por um bote salva-vidas para escapar da Lava Jato. Sem anistia ou salvo-conduto, por que esta base que embarcou no golpe buscando proteção se manterá fiel a Temer, votando medidas impopulares? Sem anistia a taxa de lealdade da base pode cair perigosamente. A “ponte para o futuro” virou uma “pinguela” balançante.
Para sair da crise, o governo vai despejar no Congresso mais medidas de cunho neo-liberal, além da reforma previdenciária. Para nada, para dar sinal de vida, para agradar o mercado e os que cobram respostas fiscais e medidas contra o desmanche econômico, pois nada do que for enviado agora será votado este ano. Só depois da votação das dez medidas contra a corrupção saberemos se anistia foi abortada mesmo e só depois poderá ser aferida a reação da base e sua provável perda de coesão. Hoje, o Senado deve aprovar a PEC 55, a do teto dos gastos, e o governo quer dar demonstração de força e pode conseguir. Os compromissos ali estão amarrados e já foi criada em torno da PEC a mística de medida redentora. Mas o ano e a crise não acabam com esta votação e Temer precisará, mais do que nunca, de externar sinais vitais na política, já que na economia o governo não sai das cordas. Terá que enfrentar as decorrências do caso Geddel, como um pedido de impeachment, as gravações de Calero, que podem exigir a cabeça do ministro Padilha e os processos da procuradoria-geral da República. Se o governo resistir até fevereiro, o Centrão vai dar um empurrão no PSDB e no PMDB e tomar a presidência da Câmara. E colocar canga em Temer. Como Cunha fez com Dilma.
Se no Congresso a situação se complica sem a anistia, nas ruas a temperatura seguirá alta, acompanhando o verão. Lula estará à frente do movimento por diretas-já, ao lado dos movimentos sociais, das duas frentes de esquerda que vão intensificar os atos Fora Temer. Os movimentos de direita também prometem se manter mobilizados. Estão desiludidos com o governo que ajudaram a entronizar mas não defendem uma saída para o fracasso do golpe. A mídia desembarca a olhos vistos, restando poucos articulistas e colunistas dispostos a oferecer qualquer indulgência a Temer e seu governo. Vai se esgotando o apoio do empresariado diante do aprofundamento da recessão e de anúncios como o de domingo, de que recuperação só no segundo semestre do ano que vem. Temer e seu governo estão entrando na espiral do caos, tal como Dilma em seus tempos finais.
No PSDB, Aécio Neves saiu em defesa de Geddel e tem estado ao lado de Temer. Participou do jantar de domingo, depois da entrevista coletiva. Mas Fernando Henrique segue elevando o tom depreciativo de suas declarações sobre o governo. Nelas, “a ponte para o futuro” virou “pinguela” e o governo “é o que temos”. Até que possamos ter outro, quem sabe eleito indiretamente, quem sabe chefiado por ele ou por outro nome negociado. A não ser que venha rapidamente das ruas um forte movimento pelas diretas-já. Mas o tempo encurtou. Virado o ano, só indiretas.
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