Sábado, 6 de julho de 2013 - 10h11
Abdoral Cardoso
Inspiração– A Polícia Civil inspirou-se no título do livro “Apocalipse” (Revelação), escrito pelo apóstolo João, para batizar a operação que começou a desarticular uma organização criminosa interestadual especializada em estelionato e lavagem de dinheiro que teria movimentado cerca de R$ 80 milhões em todo o país, e cooptava deputados, vereadores, empresários e servidores públicos em Rondônia e outros oito Estados. Faltou apenas o sussurro dos anjos que iluminaram o Apóstolo, para a Polícia re-escrever o roteiro do filme com maior número de atores principais e coadjuvantes. Sobraram, no entanto, as escutas telefônicas, o uso de micro câmeras e gravadores escondidos em canetas, chaveiros e tensores inteligentes que passam por baixo de portas para bisbilhotar tudo dentro de qualquer sala ou banheiro.
Elenco qualificado – Ainda bem que agora a trincheira é o combate à corrupção. Mas,se a polícia quiser, o elenco poderá ser mais qualificado com o ingresso de novos atores que atravessam a ponte do município desmembrado de Porto Velho, Candeias do Jamari, e de dirigentes de uma entidade de influentes profissionais autônomos. O Grupo de Combate ao Crime Organizado (GCCO), da Polícia Civil, monitorou durante dois anos toda a vida dos acusados e isso no Estado Democrático de Direito não pode ser feitos ao arrepio da Lei, por mais que agora o deputado Hermínio Coelho, afastado temporariamente do mandato e da presidência da Assembléia Legislativa do Estado de Rondônia, faça acusações de direcionamento político à operação, como deixou transparecer em prantos na coletiva que mandou convocar na última sexta-feira (5/7), e sim no curso das investigações de uma rede de tráfico de drogas.
Coincidência- No rastreamento da origem do dinheiro movimentado pela organização criminosa, com ramificação em Rondônia e mais oito Estados, começaram a surgir evidências também contra assessores nomeados pela Mesa Diretora da ALE, envolvendo principalmente um grupo que atuava no Gabinete da Presidência: Antônio Carlos Pontes Silva, Bruno César Pinto, Elieudo Peixoto Gomes, José Maria Carneiro da Silva, Alessandro Márcio dos S. Domingues, Telismar Lobato, Marinilo Pereira Trindade, Sebastião Viana Silveira, Geisa Gomes da Silva, Geisibel da Silva Souza, Meire Andrea Gomes e Fernandes Dias Gomes. Mas também achou servidores comissionados na Câmara de Vereadores de Porto Velho e na ante-sala da Casa Civil do Governo do Estado. Tudo, no entanto, estará esclarecido da 12 de julho, com a conclusão do relatório policial.
Modus operandis- A partir daí, abriu-se um leque ainda maior e as coisas começaram a aparecer. Entre elas a de que integrantes da organiação usavam dinheiro do Legislativo, de forma indireta, para financiar crimes e cometer fraudes contra o sistema financeiro, compra de imóveis e tráfico de entorpecentes. O Ministério Público do Estado (MPE) e o Tribunal de Justiça (TJRO) não tiveram mais dúvidas e dia 4 de julho a Polícia Civil entrou em cena para cumprir medidas cautelares, em vários Estados, inclusive mandados de busca e apreensão em instituições como Assembléia Legislativa de Rondônia, Câmara Municipal de Porto Velho, escritórios de empresas, casas e apartamentos de envolvidos.
Numerologia - As investigações, que geraram 229 medidas cautelares, entre mandados de busca e apreensão, prisões preventivas e indisponibilidade de bens cumpridos e mais oito Estados, apontaram núcleos interdependentes da organização. No caso do financeiro, a ação se dava com a abordagem a lideranças com interesse político para financiamento da campanha, captação de recursos e lavagem de dinheiro, enquanto o núcleo político ao ter a campanha financiada dava como retorno a nomeação de funcionários “fantasmas”. A deputada Ana da “8”, por exemplo, ter-se-ia comprometido em repassar cerca de 30% de todo o dinheiro apurado com o mandato para à organização.
Marajás– Já foram identificadas pelo menos 20 pessoas que recebiam salários sem trabalhar, sendo a maioria da ALE Rondônia e cerca de cinco da Câmara de Vereadores de Porto Velho, cujas margens de consignações alcançadas com os cargos comissionadas eram utilizadas pela organização para empréstimos na rede bancária e lesar administradoras de cartões de crédito. Segundo Marcelo Bessa, embora os políticos envolvidos tentem desviar o foco, alegando que a operação foi deflagrada para retaliar opositores ao governo, o combate à corrupção demonstra que: “Rondônia não é o Estado que tem mais corrupção no País, mas, o que mais combate”.
Elenco – Estão afastados por 15 dias - prorrogável por mais 15 - cinco deputados estaduais (Hermínio Coelho, presidente da Assembleia Legislativa; Cláudio Carvalho, Adriano Boiadeiro, Jean Oliveira e Ana da 8). Foram decretadas a prisão preventiva do vereador de Porto Velho, Jair Monte, e a temporária de dois vereadores também da Capital, Marcelo Reis e Eduardo Rodrigues, de um total de cinco que integram a lista de 98 pessoas investigadas e 27 empresas de Rondônia, Acre, Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Distrito Federal, São Paulo, Amazonas e Paraná. A polícia cumpriu ainda mandado de busca e apreensão nas residências e gabinetes dos vereadores da Capital Cabo Anjos, Pastor Delso.
Choro– O deputado Hermínio Coelho, afastado de suas funções na presidência da Assembléia Legislativa por 15 dias, renováveis por mais 15 dias, concedeu em entrevista coletiva à imprensa em Porto Velho, onde chorou ao fazer um juramento público, assumindo o compromisso de renunciar ao mandato caso a Justiça comprove o seu (dele) envolvimento ou de quaisquer dos seus familiares com a organização criminosa. O parlamentar aproveitou a oportunidade para atacar, mais uma vez, o governador Confúcio Moura e suas duas irmãs.
Ramificações- No Rio Grande do Norte, a polícia prendeu quatro suspeitos de integrarem a organização que teria movimentado cerca de R$ 80 milhões em todo o país. Um deles é Fernando Braga Serrão, de 35 anos, e foi preso junto com sua esposa Andrea Agemiro de Macedo Braga, 36, em apartamento de luxo em Natal, condomínio Areia Preta, bairro nobre da capital potiguar. Fernando é natural de Rondônia e é apontado pela polícia como o chefe da organização.
Documento falso - A potiguar Sheyla Kelle Vieira Corcino, de 29 anos, foi detida no bairro Planalto, em Natal, também suspeita de fazer parte da quadrilha. No momento da prisão de Sheila, seu marido, identificado como Carlos Alberto Saldanha de Lima, 28 anos, também foi preso. Apesar de não haver mandado contra ele, Carlos Alberto possuía em sua residência uma identidade falsa. Foi autuado por uso de documento falso e responderá em liberdade. A coluna apurou, também, que em Rondônia a organização exigia a assinatura de procurações em branco dos proprietários dos carros locados para apóio às campanhas dos candidatos cooptados, a fim de entregar como comprovante de doação partidária à Justiça Eleitoral.
Patrimônio- Com a presença do diretor-geral da Polícia Civil, Pedro Mancebo, e dos delegados que coordenam as investigações, o secretário da Segurança, Defesa e Cidadania, Marcelo Bessa explicou que com as ações criminosas relacionadas ao tráfico de drogas e financiamento para o tráfico, seguindo com vários desdobramentos criminosos e pessoas articuladas para a prática de delitos, como falsificação de documentos, estelionato, peculato, corrupção ativa e passiva, tráfico de influência, prevaricação, quebra de sigilo funcional, golpes com cartões de crédito e formação de quadrilha, inclusive armada, a organização acumulou um patrimônio de R$ 33,5 milhões, entre 200 veículos (R$ 7,5 milhões), 25 imóveis (R$ 22,5 milhões) e cotas de empresas no valor de R$ 3,5 milhões somente em Rondônia.
Reflexão – O apóstolo João Batista, filho de Zebedeu, chamado por Cristo para ser seu discípulo de todos os doze apóstolos, tornou-se o mais destacado teólogo e seus escritos provam isto. Ele morreu de morte natural, em Éfeso, no ano 103 d.C., quando tinha 94 anos. Segundo bispo Polícrates de Éfeso em 190 d.C (atestada por Eusébio de Cesareia na sua História Eclesiástica, 5, 24), o apóstolo "dormiu" (faleceu) em Éfeso. Contudo, a sepultura estava vazia quando foi aberta por Constantino para edificar no local uma igreja. Atualmente na cidade de Efeso encontram-se as ruínas de uma antiga Igreja construída no Império de Constantino. João era o apóstolo que Jesus mais amava. Existem muitas controvérsias baseadas nos próprios textos bíblicos que afirmam que este discípulo não passou pela morte natural, aceita por um grupo de estudiosos. O texto bíblico assim se apresenta: “Em verdade vos digo, alguns dos que aqui estão de modo nenhum provarão a morte até que vejam vir o Filho do homem no seu reino.” (Mateus 16,28). Os Evangelhos registram a seguinte passagem: “Então, Pedro, voltando-se, viu que também o ia seguindo o discípulo a quem Jesus amava, o qual na ceia se reclinara sobre o peito de Jesus e perguntara: "Senhor, quem é o traidor?" Vendo-o, pois, Pedro perguntou a Jesus: "E quanto a este?" Respondeu-lhe Jesus: "Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa? Quanto a ti, segue-me." Então, se tornou corrente entre os irmãos o dito de que aquele discípulo não morreria. Ora, "Jesus não dissera que tal discípulo não morreria", mas: "Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa?" (João 21,18-25). Assim João deveria permanecer vivo até a Revelação final do cânon bíblico, o Apocalipse. A partir daí, sua morte ocorreria naturalmente, no tempo devido, como aconteceu com todos os outros apóstolos.
Abdoral Cardoso é jornalista(SRTE/RO Nº. 13)
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