Quarta-feira, 10 de março de 2021 - 15h03
Por meio
do Processo nº 7010222-81.2021.8.22.0001, o Ministério Público do Estado de
Rondônia entrou contra a Prefeitura de Porto Velho e o Governo de Rondônia com
uma Ação Civil requerendo, com urgência, que seja suspenso o Decreto Estadual nº
28.859/2021, com a retomada do Decreto n. 25.853/2021, que estabelece, em razão
do Covid-19, a adoção de medidas mais
rígidas. Os argumentos do MP são os mesmos de sempre, Houve uma evolução da
pandemia, no Município de Porto Velho e no Estado de Rondônia, com o colapso no
sistema de saúde e que a edição de novo flexibiliza as medidas, o que, segundo
o órgão, contraria toda a orientação do corpo técnico e os dados existentes.
Também afirma os meses de fevereiro e março/2021 estão sendo os piores, razão
pela qual entende que é urgente diminuir o contágio, ou seja, maior
distanciamento. Afirma também estratégia eficaz de limitação, fiscalização,
distanciamento, melhores condições de atendimento na rede estadual e municipal
a situação irá se agravar, considerando a fila de espera para leito de UTI
(quem chega lá, pelo que se sabe, não escapa). Cita que podemos nos ficar na mesma situação extrema do vizinho Amazonas, em que
pacientes morreram sem oxigênio em hospitais e foram amarrados nos leitos por
falta de sedativos e relaxantes musculares. E que o novo Decreto n. 25.859, de 6 de março de
2021, trouxe a abertura total de atividades, adotando um sistema de restrição
somente à noite e também aos finais de semana, desrespeitando, inclusive a sistemática
do Decreto 25.049, que institui o Sistema de distanciamento social controlado,
que exigia o prazo de permanência dos municípios nas fases por, no mínimo, 14
dias e reavaliação técnica. Ninguém tem dúvidas das boas intenções do
Ministério Público Estadual, mas, de fato, pelo que já se verificou até agora,
ao buscar representar a população vai contra seus anseios e contra a ciência e
a razão. Inclusive porque são os estados que mais fizeram restrições e
fechamentos, como São Paulo, Rio de Janeiro, Amazonas, Ceará e Bahia os que
mais se destacam em termos de letalidade do vírus.
ARGUMENTOS MUITO DISCUTÍVEIS
No Estado
de Rondônia, desde 20 de março de 2020, que se adotam medidas restritivas. Se
elas se justificam para adequar o número de doentes ao sistema hospitalar é
lamentável verificar que, passado um ano, parece que a questão piorou. Qual a
razão? De um lado, apesar dos recursos recebidos pelos governos estadual e
municipal, não se observou um aumento substancial de leitos. Mas, isto adianta?
Pelo que se observa em outros municípios e estados o que tem dado certo é a
prevenção. Há médicos que fizeram protocolos que funcionaram bem. O caso mais
conhecido é o de Porto Seguro. Já o caso mais conhecido de lockdown no Brasil
foi feito por Dória, em São Paulo, o recorde de empresas fechadas, de
desemprego, de pontos desocupados para alugar, do aumento das pessoas morando
nas ruas parece indicar que este caminho não tem um bom horizonte. Até mesmo a
Organização Mundial de Saúde-OMS é contra esta medida, exceto no começo da
pandemia. E, em Israel, só a utilizaram no período de vacinação, mas,
constataram que, se a vacina deu certo, em compensação o isolamento aumentou os
casos de transmissão! Assim como o ex-governador de Nova York, Andrew Cuomo,
que, a partir de um estudo feito em maio do ano passado, constatou que 2/3 dos
infectados estavam em casa! Eram, na sua maioria, desempregados e aposentados.
Não isto não é definitivo. Nada é definitivo numa pandemia de um vírus novo,
mas, definitivo é que medidas restritivas causam um impacto desastroso na
economia. Rondônia teve, em 2020, o pior ano dos últimos tempos em termos
econômicos, melhor do que o Brasil, porém, não menos terrível para as classes
de menor poder aquisitivo.
BASTA DE TENTAR CUIDAR DA SAÚDE ACABANDO COM A
ECONOMIA
A falta
de critérios que cerca as medidas restritivas são enormes. O comércio possui a
metade, no mínimo, da capacidade de transmissão do que ficar em casa, segundo
todos os levantamentos que foram feitos. Não foi o comércio que aglomerou
durante as eleições, nem nas vitórias recentes do Flamengo e do Palmeiras. Uma
realidade indiscutível é de que o isolamento é antinatural. O homem é um ser
social, um ser político. Grande parte de nossa população ainda é jovem, com a
testosterona alta. Pedir aos jovens que deixem de se divertir, de fazer
esportes, de se encontrar é inútil. Mas, mesmo os mais velhos, depois de muito
tempo confinados, estão cansados de terem que ficar isolados. Há ainda o
problema econômico: 83% das famílias perderam renda e 63% delas, em Rondônia,
afirmam que precisam trabalhar para sobreviver. Hoje, até no interior dos
supermercados, já estamos sendo assediados por pessoas que pedem para que
façamos alguma compra essencial para elas. Inúmeros pais de famílias batem nas
portas (claro que não nos condomínios de luxo) pedindo emprego ou qualquer
coisa para comer. Estima-se que algo como 28% das empresas fecharam suas
portas. Com os bares e restaurantes o estrago foi muito pior. Até o ministro da
Economia, Paulo Guedes, admitiu ser necessário ajudar o setor. A questão é que
saúde deve se tratar com hospitais e remédios. Não se pode melhorar a saúde
piorando a renda, aumentando o desemprego das pessoas. É preciso cuidar da
saúde. Não acabar com a economia.
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