Terça-feira, 14 de março de 2023 - 10h28
A Bíblia descreve São José
como “um homem justo” (Mt 1,19), que pode ser traduzido como “aquele que é
virtuoso em todas as coisas”. Se quisermos aprender com São José, devemos
começar por imitar as virtudes que ele praticava diariamente em sua vida. Para
isso, podemos nos servir de alguns trechos da encíclica do Papa Francisco sobre
São José: Patris Corde.
A grandeza de São José, um pai
amado, é que foi esposo de Maria e pai de Jesus. São Paulo VI disse que José
expressou concretamente a sua paternidade. “Transformou a sua vocação humana ao
amor doméstico numa oblação sobre-humana de si mesmo, do seu coração e de todas
as suas capacidades, um amor posto ao serviço do Messias que crescia na sua
casa”.
Em José, Jesus viu o terno
amor de Deus. Pai amoroso, ele nos ensina que a fé inclui acreditar que Ele
pode trabalhar mesmo nos nossos medos, fragilidades e fraquezas. Devemos
aprender a olhar para nossas fraquezas com terna misericórdia. O Espírito traz
à luz a nossa fragilidade com ternura e amor.
O Papa Francisco aponta na
encíclica Patris Corde que, como aconteceu com Maria, Deus revelou o Plano de
Salvação a José, um pai obediente, por meio de uma série de sonhos. Diante da
gravidez de Maria, José respondeu imediatamente como narra o Evangelho: “ele
fez como o anjo lhe ordenou” (Mt 1, 24).
Na Fuga para o Egito, em
sonho, o anjo diz a José: “Levanta-te, toma o menino e sua mãe, e foge para o
Egito, e fica lá até que eu te avise; porque Herodes vai procurar o menino para
o matar” (Mt 2,13). José não hesitou em obedecer, apesar das dificuldades
envolvidas.
Já no retorno para casa, num
terceiro sonho, o anjo disse a ele: “aqueles que tentaram matar a criança estão
mortos. Levanta-te, toma o menino e sua mãe e volta para a terra de Israel (Mt
2, 19-20).
Em todas essas situações, José
declarou seu próprio “fiat”, como os de Maria na Anunciação e de Jesus no Horto
do Getsêmani.
Em José também vemos um pai
que aceita: “Muitas vezes na vida acontecem coisas cujo significado não
entendemos… José deixou de lado suas próprias ideias para aceitar o curso dos
acontecimentos e, por mais misteriosos que parecessem, abraçá-los,
responsabilizá-los e torná-los parte de sua própria história. Se não nos
reconciliarmos com a nossa própria história, não poderemos dar um único passo em
frente, pois seremos sempre reféns das nossas expectativas e das desilusões que
se seguem… O acolhimento pode ser expressão do dom da fortaleza do Espírito
Santo. Só o Senhor pode dar-nos a força necessária para aceitar a vida como ela
é, com todas as suas contradições, frustrações e desilusões” (Patris Corde).
A coragem criativa é outra
virtude de São José que, diante da dificuldade, não desistiu: “José tomou uma
estrebaria e, como pôde, transformou-a numa casa acolhedora para o Filho de
Deus vindo ao mundo (cf. Lc 2, 6-7). “Deus sempre encontra uma maneira de nos
salvar, desde que tenhamos a mesma coragem criativa do carpinteiro de Nazaré,
que soube transformar um problema em uma possibilidade confiando sempre na
providência divina”.
José era um pai trabalhador.
Desde a primeira Encíclica social, Rerum Novarum, publicada pelo Papa Leão XIII
em 1891, a virtude de São José que se destacou foi a sua relação com o
trabalho. Todos nós conhecemos as histórias da habilidade de José como
carpinteiro e como ele trabalhava para sustentar sua família. Foi assim que
Jesus “aprendeu o valor, a dignidade e a alegria de comer o pão fruto do
próprio trabalho”.
“A crise do nosso tempo, que é
económica, social, cultural e espiritual, pode servir de convite a todos nós
para redescobrirmos o valor, a importância e a necessidade do trabalho para a
instauração de um novo “normal” do qual ninguém seja excluído.”
Por fim, ao escrever sobre as
virtudes de José, o Papa Francisco faz referência a um romance escrito pelo
autor polonês, Jan Dobraczyński (A Sombra do Pai), no qual José é descrito como
a “sombra terrena do Pai Celestial”.
* Kaique Duarte é seminarista
da Comunidade Canção Nova.
Instagram: @kaiquecancaonova
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