Quarta-feira, 23 de abril de 2025 - 16h13
Nas
últimas duas décadas, o Brasil construiu uma sólida confiança como celeiro de
inovação na América Latina. É um dos maiores ecossistemas de fintechs do mundo,
com mais de 1.500 startups no setor, e abriga nomes consagrados entre os
unicórnios da região, como Nubank, Gympass, QuintoAndar e VTEX. Além disso, tem
se destacado internacionalmente em áreas como tecnologia bancária, energia
limpa e soluções agrotech.
Mas
o cenário promissor convive com velhos obstáculos. O Brasil segue entre os
países mais burocráticos para empreender, exigindo, em média, 1.501 horas por
ano de uma empresa apenas para manter-se em conformidade com o sistema
tributário — número quatro vezes superior à média da OCDE. O país ocupa a 87ª
posição no ranking Doing Business 2020 do Banco Mundial, atrás de nações como
Kosovo e Guatemala. Em outras palavras, embora a criatividade e a inovação
floresçam, o ambiente institucional ainda sufoca o crescimento.
Uma
observação, longa de ser apenas retórica, reflete o sentimento de muitos
líderes empresariais no país. Entre eles, o empreendedor seriado Guy Peixoto
Neto, que vê essa oscilação entre avanço e retrocesso um dos grandes desafios
para a construção de um Brasil mais competitivo.
Fundador
de mais de 11 empresas e mentor de negócios de alto crescimento, Peixoto é
conhecido por seu trabalho junto a scale-ups e sua atuação como membro das
organizações EO (Entrepreneurs' Organization) e YPO (Young Presidents'
Organization). Ele alerta para o “custo oculto” de manutenção das estruturas do
século passado. "Essa crítica não é apenas ideológica, mas econômica.
Quando o Estado mantém ineficientes, o capital e o talento não vão para onde há
valor real. Isso impede o crescimento de novas empresas, faz com que as startups
não escalem e impeçam a criação de legados", escreve. A crítica de
Damodaran nesse ponto é direta: a proteção do passado impede a chegada das
novas joias.
O
reflexo dessa visão é visível no índice de sobrevivência das startups
brasileiras. Segundo a McKinsey, apenas 10% do que recebe uma rodada da Série A
conseguem chegar à Série C. Não é por falta de bons empreendedores, mas pela
ausência de um ambiente que favoreça risco e crescimento. Ainda assim, Peixoto
destaca que a força do país reside justamente nesses empreendedores que, mesmo
diante das dificuldades, continuam avançando.
Ele
cita exemplos inspiradores, como o de Roberta Sudbrack, que começou vendendo
cachorro-quente e se tornou uma das chefs mais respeitadas do mundo; Viviane
Senna, que transformou o legado do irmão em um dos maiores projetos
educacionais do Brasil; Eduardo Lyra, fundador da ONG Gerando Falcões, que atua
nas favelas com uma mentalidade de startup; e Mariana Vasconcelos, criadora da
Agrosmart, agtech que aplica inteligência artificial para promover uma
agricultura mais sustentável.
Segundo
Guy, ser empreendedor no Brasil é mais fazer que abrir um CNPJ — é assumir a
responsabilidade de protagonizar mudanças. E para isso, algumas transformações
são urgentes: "Precisamos de menos proteção ao passado e mais incentivo ao
futuro. O mundo não espera, e nossas melhores ideias precisam de espaço para
crescer. O futuro deve ser prioridade", destaca.
Ele
também defende um ambiente regulatório que favoreça o risco com
responsabilidade. "Errar não pode ser o fim. No ecossistema de inovação,
falha faz parte do processo de aprendizagem e de crescimento."
Por
fim, ressalta o papel do Estado: “O protagonismo precisa estar nas mãos de quem
cria, entrega e transforma. O Estado deve ser um facilitador, não o
protagonista. Quando ele tenta controlar tudo, impede a inovação.”
A
provocação final é direta. “Vamos continuar aceitando os dois passos para trás
ou vamos construir uma geração que não volta mais?”, questiona Peixoto. Na sua
visão, o empreendedorismo brasileiro é uma força capaz de redesenhar o futuro
do país. Mas, para isso, é preciso coragem — e um ambiente que jogou um favor.
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