Quarta-feira, 23 de abril de 2025 - 15h07
No dia 8 de março, celebramos mais
um Dia Internacional da Mulher. Uma data de reflexão, conquistas e,
principalmente, de questionamentos sobre o futuro.
Uma das perguntas que me vêm à
mente é: quando alcançarmos um número expressivo de mulheres nas posições mais
altas do mercado de trabalho, seja no setor público ou privado, seremos capazes
de promover mudanças reais, pautadas na sabedoria, no bom senso e em impactos
verdadeiramente positivos? Ou apenas repetiremos padrões já estabelecidos, que
historicamente têm perpetuado problemas e desigualdades?
Sabemos que, muitas vezes, para
ascender profissionalmente, mulheres adotam comportamentos considerados
"masculinos", reprimindo suas características inatas — como
acolhimento, sensibilidade, intuição, empatia e capacidade de conexão. Mas
essas qualidades são, na verdade, essenciais para a construção de ambientes de
trabalho mais equilibrados e produtivos.
Mais do que uma disputa entre
gêneros pelo topo, acredito que a verdadeira questão reside no desejo e na
capacidade de cada indivíduo — independentemente de gênero ou raça — de se
conhecer, se desenvolver e aplicar princípios, valores mais nobres e eficientes
em sua jornada profissional. Isso inclui compartilhar conhecimento ao invés de
fomentar uma competitividade tóxica, valorizar os outros ao invés de priorizar
a autopromoção, comunicar-se com respeito em vez de perpetuar assédio e
rivalidade, entre outros valores fundamentais.
Ao longo da carreira, muitas
mulheres atravessam diferentes fases. No início, podem sentir a necessidade de
"masculinizar" seus comportamentos para sobreviver. Depois, algumas
se tornam feministas fervorosas, engajadas em movimentos que, embora válidos,
nem sempre oferecem soluções efetivas para o alcance da equidade. É um processo
de amadurecimento até que, finalmente, compreendemos que a mudança não está
apenas no enfrentamento do mundo externo, mas também na capacidade de cada
pessoa de reconhecer seu próprio valor e contribuir genuinamente para o
coletivo.
A reflexão que proponho é esta: antes
de olharmos para fora e identificarmos “inimigos “externos, precisamos nos
reconhecer, nos empoderar e compreender a imensa força que já possuímos.
Precisamos deixar para trás síndromes como a da impostora e a crença de que
somos insuficientes ou que devemos carregar todas as dores do mundo.
Outro ponto crucial é a necessidade
de quem está no poder — majoritariamente homens brancos — reconhecer o valor da
diversidade e abrir espaço para mulheres e outros grupos. Mas, para que isso
aconteça, é essencial compreendermos o contexto histórico: durante séculos, os
homens foram para fora, para o mercado, enquanto as mulheres permaneceram no
doméstico. Essa divisão estruturou a sociedade e explica por que hoje muitos
homens ocupam posições tradicionalmente femininas, como chefs, estilistas e
profissionais da beleza, enquanto as mulheres ainda lutam para se firmar em
cargos de liderança empresarial.
A inserção feminina no mercado de
trabalho em grande escala ocorreu apenas no pós-guerra. O patriarcado ainda é
uma realidade profundamente enraizada e, muitas vezes, não precisamos nem dos
homens para reforçá-lo: nós mesmas, mulheres, objetificamos e competimos umas
com as outras.
Queremos acreditar que avançamos
significativamente, mas a realidade mostra o contrário: a violência contra a
mulher persiste, os estereótipos do passado ainda nos perseguem e, mesmo entre
as novas gerações, preconceitos continuam a ser perpetuados.
Embora pesquisas indiquem um avanço
— como o estudo da Bain & Company, que aponta que o número de mulheres CEO
dobrou nos últimos cinco anos (passando de 3% em 2019 para 6% em 2024) — ainda
estamos muito longe da equidade. Além disso, um estudo da McKinsey &
Company mostrou que empresas com mais mulheres em cargos de liderança têm maior
probabilidade de superar seus pares em termos de lucratividade, reforçando a
importância da diversidade nos negócios.
Outro aspecto relevante é que,
enquanto muitos homens são movidos por status, dinheiro e poder, nós, mulheres,
temos outros interesses além da carreira. Buscamos equilíbrio entre vida
pessoal e profissional, o que impacta nossas trajetórias no mercado de
trabalho. Para muitas de nós, a carreira é uma parte da vida, não sua
totalidade. E isso traz consequências.
Por fim, é essencial destacar que a
pressão social sobre a mulher não se restringe apenas ao mercado de trabalho.
Um estudo recente da Universidade de York, em Toronto, revelou que a constante
exposição a imagens de “corpos perfeitos” nas redes sociais pode estar
prejudicando a autoestima de jovens mulheres. A pesquisa, publicada no jornal
científico Science Direct, destaca como uma simples pausa no uso dessas
plataformas pode trazer benefícios significativos para a saúde mental.
O verdadeiro desafio é que aqueles
que chegam ao topo — sejam homens ou mulheres — tenham a responsabilidade de
liderar de maneira diferente, promovendo impactos positivos não apenas para si,
mas para o coletivo. A mudança só ocorrerá se houver uma liderança baseada na
construção e uma cocriação à diferentes mãos, e não apenas na perpetuação de
estruturas ultrapassadas.
As diferenças entre nós devem ser
vistas como um trunfo para alcançar melhores resultados. Torço para que, cada
vez mais, possamos enxergar e valorizar isso.
Como disse Clarice Lispector: “Cada
pessoa é um mundo” e que possamos aproveitar essa diversidade para construir um
futuro mais justo e equilibrado.
*por Viviane Gago, advogada
e consteladora pelo Instituto de Psiquiatria da USP (IPQ/USP) com parceria do
Instituto Evoluir e ProSer e facilitadora pela Viviane Gago Desenvolvimento
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