Terça-feira, 18 de março de 2025 - 07h53
A recente Ação Civil
Pública (ACP) proposta pelo Ministério Público Federal (MPF), que busca a
erradicação total dos búfalos selvagens da Reserva Biológica do Guaporé, em
Rondônia, fronteira com a Bolívia, tem gerado intensos questionamentos sobre
sua base científica e as implicações éticas da medida proposta. A ACP
sustenta-se quase exclusivamente no estudo realizado por Lidiane França da
Silva, em 2021, na Universidade Federal de Rondônia (UNIR), levantando dúvidas
sobre a abrangência e a solidez da análise apresentada.
Os búfalos chegaram à
região na década de 1950, introduzidos na antiga Fazenda Pau D’Óleo, e hoje
somam cerca de 5 mil indivíduos, chamados “Gigantes Gentis” devido à docilidade
e à forma harmoniosa com que convivem com a natureza. A ACP propõe medidas drásticas,
fala 28 vezes em “erradicação” – que é uma expressão leve para na verdade a
matança – especula-se há anos que seria por vários meios, inclusive abate aéreo
a tiros, alegando danos ambientais significativos, como compactação do solo,
erosão e ameaça às espécies nativas.
Contudo, outros
estudos, como os realizados por Eduardo Lage Bisaggio e técnicos do ICMBio,
trazem abordagens mais moderadas. Esses trabalhos reconhecem que, após décadas,
os búfalos se adaptaram ao ecossistema amazônico, recomendando estratégias de
manejo sustentável e controle populacional, em vez da erradicação total
sugerida pela ACP.
Outro ponto
questionável na ACP é a estimativa, considerada exagerada por especialistas, de
que a população de búfalos poderia alcançar rapidamente 50 mil indivíduos,
(pulando de 5 mil em seis anos) caso medidas extremas não sejam tomadas
imediatamente. Tal previsão não encontra respaldo sólido nos dados e em
metodologias pertinentes, ampliando ainda mais as dúvidas sobre a urgência e
necessidade das medidas extremas pedidas pelo MPF.
Em recente despacho
judicial, o juiz responsável pela ACP destacou que o caso é “complexo” e
determinou que o Instituto Chico Mendes (ICMBio) e o Estado de Rondônia se
manifestem oficialmente antes de qualquer decisão judicial. Essa determinação
abre um importante espaço para que diferentes perspectivas sejam apresentadas,
enriquecendo o debate técnico-científico e ético sobre o tema.
Essas manifestações,
tanto do ICMBio quanto do Estado de Rondônia, podem trazer novas informações,
especialmente sobre alternativas sustentáveis já aplicadas em outras regiões
amazônicas, que optaram pelo manejo populacional ao invés do extermínio total.
Assim, torna-se evidente que uma visão ampliada do problema, baseada em
múltiplas vozes científicas e éticas, será fundamental para evitar uma decisão
apressada e potencialmente prejudicial.
Exemplo disso é o
recente acordo firmado no Amapá, onde um pecuarista comprometeu-se a retirar 2
mil búfalos do leito assoreado do rio Araguari, sem que houvesse a necessidade
de erradicação dos animais. Essa solução negociada demonstra que é possível
conciliar a preservação ambiental com o manejo responsável dos búfalos,
evitando medidas extremas e garantindo a sustentabilidade do ecossistema.
Nesse contexto, fica
evidente a complexidade apontada pelo juiz responsável pela ação, que
corretamente decidiu ouvir as partes diretamente envolvidas antes de avançar em
qualquer decisão. A ampliação desse diálogo será crucial para uma solução
ética, científica e equilibrada, que respeite tanto a vida dos “Gigantes
Gentis” quanto a integridade ambiental da Amazônia.
Júlio Olivar,
jornalista / Reg. MTb 0001873
Vilhena – Rondônia
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