Terça-feira, 18 de abril de 2023 - 16h08
A
Comissão Pastoral da Terra lançou no último dia 17 de abril sua 38º edição do CADERNO DE
CONFLITO NO CAMPO BRASIL, apresentando os dados reais
relacionados aos conflitos no espaço agrário a partir de três categorias:
terra, água e trabalho.
A região
do estado de RONDÔNIA apresentou registro em todas as três categorias de
conflitos, seja por terra, água e trabalho análogo a escravidão.
Mais uma
vez o Estado fica na primeira colocação nos dados proporcionais e gerais em
número de assassinatos, com 07 registros no ano de 2022. Mesmo número de
ocorrências do Estado do Maranhão, ambos pertencentes a Amazônia brasileira.
No total
foram 47 assassinatos por conflito agrário no Brasil em 2022, sendo que 33
deles ocorreram na Amazônia. Portanto, 70,21% de todos os registros de mortes
no campo foram na região da Amazônia brasileira, e mais de 40% estão nos
Estados de Rondônia e no Maranhão. O aumento do número de assassinatos em
relação ao ano de 2021 aumentou em 30,56%.
Em
relação ao número de ameaças de morte e tentativas de assassinatos no campo, o
Brasil registou um aumento respectivamente de 43,06% e 272,73% em relação ao
ano de 2021. Os sujeitos mais impactos continuam sendo os indígenas (28,07%),
posseiros (19,67%), quilombolas (16,07%) e Sem-Terra com 11,33%. Os principais
sujeitos que causam essas ações de conflitos são fazendeiros (23,06%), Governo
federal (16,00%) e empresários (13,80%).
Tais
violências são reflexo das políticas que pautam o discurso de ódio da extrema
direita contra as lutas sociais dos movimentos e organizações de luta pela
terra, que nega os direitos humanos, sociais, culturais e territoriais de
camponeses, camponesas, indígenas, quilombolas e seringueiros em Rondônia.
Ressalta-se que esse cenário propiciou um aumento de mais de 270% no número de
ameaças. Tais ameaças, infelizmente, algumas resultaram nas mortes registradas.
Salienta-se
que a maior parte dos assassinatos em RO ocorreu na região agora denominada
ZONA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ABUNÃ-MADEIRA, que anteriormente foi
denominada de AMACRO, região em que o noroeste de RO, Sul do Amazonas e leste
acreano fazem parte, um projeto pautado pelo agronegócio que mais uma vez
manipulou a máquina pública, o Estado, para favorecer seus interesses.
Mascarado pelo discurso de valorização da bioeconomia, mas que na verdade se
caracterizava em aumento de mortes, desmatamento e queimadas a partir da
valorização da economia da morte.
Diante de
todo esse cenário, as milhares de famílias impactadas seguem se organizando em
defesa de seus territórios e na busca de construção e efetivação de direitos.
Fonte: CPT-RO/CPT-NACIONAL
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