Sexta-feira, 22 de dezembro de 2023 - 13h55
Olhos verdes, cabelo comprido e uma barba
mediana aparada. Esse é o estereótipo social criado pelos pintores
renascentistas do Verbo, que se fez carne e habitou entre nós. Yeshua,
que para os estudiosos, estaria fazendo no próximo dia 25 de dezembro, 2013 anos. Milhares de pessoas, em todo o
mundo, se preparam para comemorar essa data tão importante, não só para os
cristãos, mas também aqueles que não o são, os considerados pagãos, que tinham
em suas culturas a chegada do Solstício de Verão, uma festa para comemorar a
fartura das boas colheitas.
Não! Não estou enganado e nem aqui para
complicar. Espero, sim, trazer a luz um debate importante para que sejamos
levados a uma reflexão ainda maior sobre o assunto. 2013 anos sim. Essa deveria
ser a data do nascimento de Cristo, como fez a Igreja.
A base de dados, eram os
evangelhos de Mateus e Lucas que se referiam sobre o nascimento do Menino
Jesus, mas as contradições entre elas eram muito grandes. Não há um consenso
preciso sobre as datas exatas em que os Evangelhos de Mateus e Lucas foram
escritos, mas os estudiosos geralmente concordam que ambos foram compostos
algumas décadas após a morte de Jesus Cristo. Geralmente datam o Evangelho de
Mateus entre os anos 70 e 90 d.C., enquanto o Evangelho de Lucas é
frequentemente datado entre os anos 80 e 100 d.C. Essas datas são estimativas,
e as opiniões podem variar entre os especialistas. Esses Evangelhos foram
escritos em grego e baseiam-se em tradições orais, bem como em outras fontes
escritas, para relatar a vida, os ensinamentos, a morte e a ressurreição de
Jesus Cristo.
Porém, depois de tanta discussão, falta de
dados e contradições, simplesmente mudaram tudo. A transição do calendário
juliano para o gregoriano pela Igreja Católica em 1582, complicou ainda mais a
fixação da data, já que os registros antigos muitas vezes estão em calendários
diferentes, então resolveram avançar 10 anos apenas com um risco no papel.
Naquela época, as pessoas dormiram e acordaram dez anos mais velhas, apenas
porque a igreja decidiu.
Assim, embora a vida de Jesus e o início do
movimento cristão remontem ao século I, a consolidação e organização da
religião cristã como uma tradição distinta continuaram a se desenvolver nos
séculos seguintes. O Primeiro Concílio de Niceia em 325 d.C. e outros concílios
posteriores desempenharam papéis significativos na formulação de doutrinas e na
estruturação da igreja.
Em suma, a confusão sobre a
data de nascimento de Cristo é resultado de uma combinação de fatores
históricos, textuais e culturais, gerando uma variedade de opiniões e
interpretações, mas que de alguma forma, se consolidou em todo o mundo e acabou
por despertar outros interesses, além do espiritual, da salvação da alma e da
remissão dos “pecados.
Excluída todas as
controvérsias históricas e religiosas, à medida que celebramos esta temporada
festiva, é uma oportunidade para nos unirmos em espírito de alegria,
solidariedade e reflexão. O Natal vai além das fronteiras de uma única tradição
religiosa; é um momento em que podemos, coletivamente, buscar o divino na
compaixão, na generosidade e no respeito à humanidade. Neste Natal, que nossos
corações se abram para a verdadeira essência da mensagem de amor e compaixão.
Independentemente de nossas crenças individuais, este é um momento de lembrar
que todos compartilhamos este planeta, que somos todos parte da Criação Divina.
Que possamos estender nossas
mãos uns aos outros em solidariedade, reconhecendo que cada pessoa é única e
especial. A diversidade é uma dádiva, e a riqueza de nossa humanidade reside na
aceitação e no respeito por nossas diferenças. Vamos nos comprometer com a
justiça social e com a construção de um mundo onde todos tenham a oportunidade
de viver com dignidade. Vamos trabalhar juntos para erradicar a injustiça,
aliviar o sofrimento daqueles em necessidade e construir um futuro onde a paz e
a compreensão prevaleçam.
Que esta temporada de
festividades nos inspire a olhar para dentro de nós mesmos e encontrar a luz
que nos conecta ao Divino. Que possamos ser fontes de esperança, amor e alegria
para os outros, construindo pontes que unam comunidades e culturas.
Celebremos não apenas o
nascimento de Cristo, mas a capacidade de cada ser humano de manifestar a
compaixão divina através de atos de bondade e empatia. Que o espírito natalino
nos guie ao longo do ano, inspirando-nos a sermos agentes de mudança positiva
no mundo.
Feliz Natal a todos, cheio de
amor, paz e esperança.
Rubens Nascimento, é
jornalista, Bel. em Direito e Mestre-Maçom
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