Quarta-feira, 18 de novembro de 2020 - 13h13
No Brasil corre um ditado maldoso
de que pobre não vota em pobre, preto não vota em preto e mulher não vota em
mulher, esqueceram de acrescentar que índio não vota em índio, talvez devido à
pequena quantidade de indígenas preocupados com o destino das reservas brasileiras,
salvo o saudoso deputado federal Juruna que marcou época, manuseando como
tacape, pelos corredores da Câmara, um velho e surrado gravador de fita
cassete. Juruna, primeiro e único.
Mulheres, negros e indígenas
sempre estiveram à margem das decisões políticas, no território brasileiro, talvez
por isso o TSE criou as chamadas cotas de gênero, a partir da década de 1990. E,
mais recentemente, as cotas raciais e as de distribuição das verbas de campanha
e de propaganda eleitoral para mulheres, negros, pardos, caboclos e indígenas. Não
temam votar em mulheres, um raio não cai duas vezes no mesmo lugar: Mim
sê Dilma, sou fenomenal e já fiz muito programa na vida. Cadê o saco pra
estocar vento, Valdeci?
Os índices de participação
política, das chamadas minorias, nestas eleições de 2020, aumentaram
razoavelmente, mas ainda é pouco. O ideal seria que todos os cidadãos e cidadãs
se sentissem representados, nas casas legislativas brasileiras, nas prefeituras,
nas governadorias e até mesmo na presidência. Sem esquecer que uma boa gestão
pública não tem gênero nem cor, o que está se discutindo aqui é a participação
democrática insignificante da mulher, do negro e do indígena, no cenário da
paridade das eleições representativas. A
honestidade e a capacidade não têm sexo nem cor.
Num universo de 21 vagas para a
Câmara Municipal de Porto Velho, foram eleitas apenas duas mulheres: uma já
possui cadeira cativa, como representante sindical e a outra desponta como
defensora dos animais. É irritante um índice tão baixo, quando se sabe que, em
Rondônia, existem mais eleitoras do que eleitores. A paridade não pariu.
Mulher não vota em mulher? Em
Ariquemes foi diferente! Uma mulher soube sensibilizar a mulherada, com uma
campanha denominada Onda Rosa e, contrariando tudo e todos, foi eleita prefeita
da cidade. Entre os candidatos de 51 municípios de Rondônia, apenas seis
mulheres se saíram vitoriosas. A capital vai ao 2º turno, com uma mulher na
disputa, e já se fala numa revoada de guarás e flamingos, enfeitando os céus da
cidade. Jacaré vai nadar de costas.
Os eleitores de uma cidade
histórica da minha querida Bahia, Palmas de Monte Alto, preencheram com seis
mulheres, as onze vagas da Câmara Municipal, para o próximo mandato. Um feito
inédito na região! O que se lamenta é que muitas candidatas ainda se
identificam com o nome do marido ou do pai. O coronelismo machista e o
patriarcado deixaram marcas demoradas nas estruturas do poder. No referido
município da região serrana do sudoeste baiano, Selma de Leotério (PSD),
foi uma das eleitas, com a ajuda do nome do marido. Vote em Maria do
sargento Nicolau, senão o pau vai comer. Quando será que vão eleger
seu José de D. Raimunda? Ninguém é de ninguém, na vida tudo passa!
Nestas últimas eleições, em todo o Brasil, menos de 0,05% das
Câmaras de Vereadores tiveram mais mulheres do que homens eleitos. No Congresso
Nacional, a participação das mulheres também é baixa. Estão em exercício apenas
54 deputadas, de um total de 513 parlamentares. Já no Senado Federal, são 13
senadoras, de um total de 81 parlamentares. Apenas 7 mulheres disputaram a
presidência e uma venceu. Os números colocaram o Brasil na 154ª posição no
ranking mundial da participação de mulheres no Legislativo, feito pela ONU
Mulheres, que analisou 174 países. A 7ª não conta, não é mulher, é anta.
A ampliação da presença feminina e
negra nos espaços do poder representa a correção de uma grave distorção da
democracia representativa brasileira. No entanto, é apenas um passo, dentre
muitos outros, que ainda precisam ser dados na mesma direção. O sucesso
eleitoral das mulheres, negros e indígenas, nos municípios do Norte, certamente
permitirá vislumbrar alguns dos próximos desafios para o aprimoramento da
representação política no Brasil. A
sociedade não precisa ter medo de mulheres que voam: anjos e bruxas pertencem a
séculos passados. Nem de negros, eles são maioria e se identificam como pardos.
A batalha dos sexos, na política, excluindo-se
o machismo e o feminismo, com pitadas de educação e instrução, deverá terminar,
como uma simples queda de braços. A nossa torcida é por uma boa administração.
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